Lollapalooza 2013
Pois é galera, finalmente um festival me fez levantar dessa cadeira e ir conferir a parada ao vivo, sem o filtro das já famigeradas transmissões do Multishow. E te falar, apesar desse ser o primeiro festival de grande porte que eu fui, acho que dá pra dizer que o Lollapalooza se saiu melhor que os seus equivalentes no Brasil. Ou vão dizer que cês preferem o line up vergonha alheia do Rock in Rio e toda aquela sustentabilidade panfletária do SWU?
Bom, o mínimo que dá pra dizer é que o Lolla é um evento honesto. Porque mesmo sem toda aquela vibe bacana anos 90 (Que bem, ficaram lá nos anos 90), os organizadores mantiveram a cara meio alternativa da coisa. E o melhor, sem se prender nesse rótulo, algo que facilmente poderia arruinar tudo nos dias de hoje. Assim, tanto artistas que dificilmente viriam pro Brasil (Ou tocariam pra uma plateia tão grande) puderam coexistir com as bandas principais em harmonia, olha que limdo. Então bora falar dos shows, que é o que interessa.
Porém, antes, é necessário avisar o leitor desavisado que eu perdi meu celular logo chegando em SP. Ou seja, a minha visão das coisas pode ter ficado meio distorcida, já que eu precisei depender do sol e de toda a bondade do ser humano pra saber as horas, e de telefones públicos e toda a bondade do ser humano de novo pra me comunicar/encontrar outras pessoas. Experiencia muito interessante, aliás, cês deviam tentar. E deixar seus respectivos telefones moveis comigo, pra o desapego ser maior. Enquanto isso, se trombarem com um Motorola Razr por aí, não hesitem em me avisar, viu?
Mas enfim, os shows, os shows. Ignorarei o primeiro dia porque eu não fui não tinha nada que prestasse, falo memo. A coisa começou no sábado. E de novo, falarei da única apresentação que importa. Logicamente, a do Queens of the Stone Age, que bizarramente não foi a atração principal. Fato que garantiu um show um tanto quanto curto, mas ainda foda bagarai. Claro que faltou muita coisa, tipo tocar alguma coisa do 1° CD (Tem que ver disso aí, Josh).
Mas o fundamental estava ali. Eu vivo numa eterna dúvida pra decidir qual o melhor álbum dos caras, mas depois da performance de First It Giveth, Hangin’ Tree, Do It Again e, principalmente, Go With the Flow, além do encerramento sublime com Song for the Dead, é difícil negar que, no conjunto, o Songs For the Deaf é a obra prima absoluta da banda. Mas claro, ainda sobrou espaço pra as especialíssimas Burn the Witch, Make It Wit Chu, Little Sister e a sempre ESPETACULAR Better Living Through Chemistry. Eu só não consigo gostar da versão ao vivo de Monsters in the Parasol mesmo. Ah, e de brinde ainda rolou música nova, My God Is the Sun, que inicialmente eu achei apenas bacana, mas tá ficando cada vez melhor:
Outro destaque é a qualidade do som da banda. Que já dá pra ter uma ideia nos vídeos, mas ao vivo é inacreditável. Ainda mais comparando com outros shows do dia que eu vi meio de longe, tipo Black Keys e Franz Ferdinand. Não que o som deles estivesse exatamente ruim, mas né. Agora, só resta aguardar o lançamento do novo álbum e que a próxima turnê do grupo passe por aqui, de preferência com Dave Grohl, Mark Lanegan e Nick Oliveri na bagagem.
E vamos para o domingo. Ah, o domingo. O único arrependimento foi não ter conseguido ver o retorno do Planet Hemp, pra garantir um lugar valiosíssimo no show do Pearl Jam, que ia se apresentar logo a seguir em outro palco. Graças a isso, deu pra ver o show da Puscifer, exemplar perfeito dessa nova leva de bandas que misturam hard rock com música eletrônica e mais alguma bizarrice no meio, que logo logo vão dominar tudo, ouçam o que eu tou dizendo. Porém, mais importante que isso foi o Hives, que voltou pro Brasil após depois de cinco anos, quase o tempo que desde que eu tinha ouvido algo deles. Por isso, foi genial descobrir ainda saber cantar Main Offender, Walk Idiot Walk, Die, All Right! e Hate to Say I Told You So. Pra colaborar, a banda tava empolgadíssima, sendo que no final o vocalista até exagerou, querendo que toda a plateia sentasse e depois pulasse em Tick Tick Boom (Algo claramente impossível naquele espaço reduzido) e levou umas vaias de brinks.
Então, era chegada a hora. A massa humana comum às primeiras fileiras de shows internacionais se comprimiu ainda mais e parecia que a qualquer momento, quando tudo começasse, aquela velha história de empurrões, pessoas caindo, desmaiando e tudo o mais entraria em cena. No entanto, o Pearl Jam, o inacreditável Pearl Jam, como se estivesse ciente da situação, começou com a belíssima Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town, que ditou o tom do resto da apresentação. Assim, quando tudo veio abaixo já em Why Go, tudo veio abaixo em uníssono, sem a iminência de ninguém morrer pisoteado. E se alguém morresse pisoteado também, morria de boa, aposto.
Não, na verdade ainda não. Porque a seguir, em alguns segundos surrealmente mágicos, a banda emendou a FUCKIN INTERSTELLAR OVERDRIVE, lá do 1 disco do Pink Floyd, na introdução de Corduroy. A partir de agora, tudo o que eu falar vai ser repetitivo. O que eu escrevi aqui continua extremamente válido. Quando o show parece que não tem como melhorar, o Pearl Jam dá um jeito. Mais de 2 horas de show e quase 30 músicas tocadas. E um aparte especial pra o destaque dado ao 2° CD da banda, VS., muitas vezes esquecido, apesar de sensacional. Com a execução de Go e a palhinha de W.M.A. durante Daughter, além de Rearviewmirror e a própria Elderly Woman.
Já a polêmica da vez veio por conta de a banda não ter permitido a transmissão do show na TV, o que eu ainda não decidi se concordo ou não. Mas, com base no histórico da banda, soa ao menos coerente. Além de que, na duvida, o Eddie Vedder sempre tem razão. Mesmo que o português dele tenha se deteriorado de um ano pra cá. E continua gente boníssima, já que depois do apelo da galera, ele deixou o show passar no próximo sábado (06), às 21h30, no Multishow, fiquem ligadinhos.
No mais, a estrutura se comportou o melhor que pôde, quando se juntam 60 mil pessoas num lugar destinado a corrida de cavalos. Ou seja, filas e lama ocasional, mas tudo funcionando direitinho. E preços abusivos, sim, mas tudo fica aceitável a base de Heineken. E não, eu não tou sendo pago pra falar isso (Mas poderia ser, hein dona Charlene?). Pra finalizar, fica o apelo: Essa ideia de trocar dinheiro por tickets (Ou pillas, no caso), não ajuda ninguém, cara. É uma filha da putisse na cara dura. Organizadores de qualquer evento que venha a existir no mundo a partir de agora, vamo parar com isso de obrigar o público a trocar dinheiro por coisas que não são dinheiro pra comprar outras coisas, onde já se viu.
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