Looper – Assassinos do Futuro (Looper)
Num futuro não muito distante, os Loopers [Assassinos agrupados por algum motivo desconhecido] trabalham pra um dos vários sindicatos do crime que por ae afloram. Até ai beleza. Até que eles começam a ser enviados pro passado, pra matar criminosos antes que esses cometam seus crimes. Ai a gente já viu que vai dar merda. E a água começa a entrar quando um deles é enviado pra matar a si mesmo.
Apesar do comentário desdenhoso do Pizurk à respeito do filme (E talvez justamente por isso), eu resolvi ir vê-lo no cinema e confesso que não me arrependi. Definitivamente. É sempre maravilhoso sair do cinema e escutar os comentários imbecis de algumas pessoas detonando o filme por não ter compreendido qual era a sua proposta. Tá certo, alguns dirão que filmes com viagens no tempo tem que ser confusos (Quase sempre o são), que não existe um filme sequer com esse tema que sobreviva a ladainha científica de suas impossibilidades. Mas é muito bom ver um filme que mostra tantas possibilidades, linhas temporais e universos paralelos sem se perder (E nem deixar o expectador perdido). Matar a si mesmo? Putz…
Imagina se fizessem um mashup entre De Volta Para o Futuro, Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças e Akira? Pois é por aí que o filme está. De cara, durante a apresentação do filme, somos surpreendidos com um Joseph Gordon-Levitt com o rosto desfigurado por próteses e maquiagem para ficar mais parecido com o veterano Bruce Willis (Sua versão do futuro). E o mote do filme assusta muito, mesmo com a apresentação em off do personagem principal, que mesmo sendo simples e direta, deixa qualquer um meio perdido. A ideia deve ter partido dos produtores de Hollywood, que tem essa necessidade de entregar tudo bem explicadinho e mastigado para que o público entenda qual é a parada do filme e a premissa de suas história. Neste caso, uma decisão acertada. Mas não é aí que o filme consegue seu intuito.
Muita gente acusa o filme de ser extremamente confuso (Disseram até que nem o diretor e roteirista, Rian Johnson, saiba ao certo o que estava fazendo), mas no final, percebemos o real sentido de tudo aquilo, o que o filme realmente queria nos passar. Eu sei que resumir tudo a uma moral da história seria redundante demais, mas é bem isso: Os fins justificam ou não os meios? Até onde você iria para conseguir o seu objetivo? Fora isso, de cara foi muito difícil engolir o real motivo de mandarem os condenados a morte para o passado. Só pra desovar os corpos melhor? Sei. Mas essa não é a única falha do roteiro (Que se garante mesmo é nos dialogos). Um exemplo simples é que o Joe jovem é destro, enquanto o Joe do futuro é canhoto. Mas tudo bem, se neste filmes temos que engolir que o tal Joe é um “looper”, um matador da máfia especializado em dar cabo de vítimas que são despachadas diretamente do futuro, inclusive amordaçadas. E a ideia de ver um protagonista que se depara com o maior problema possível para um looper como ele, que é permitir que a sua vítima fuja. E o pior, saber que a tal vítima é ele mesmo, de 30 anos a frente no futuro.
O embate entre Levitt e Willis acontece na medida certa, o roteiro arruma tempo até pra rolar um romance entre o Joe jovem e uma garota que me lembrou a jovem mãe Rosemary cuidando de seu lindo bebê (Interpretada pela bela Emily Blunt) e ainda temos Willis usando toda sua já característica canastrice (Copiada com perfeição por Levitt). Todos os personagens são desenvolvidos muito bem. O final do filme conseguiu me surpreender, pois nem foi totalmente feliz nem foi um final Nolaniano (Ele morreu? Estava dormindo?). O quase novato Rian Johnson conseguiu equilibrar tudo que tinha em suas mãos, dando uma personalidade inesperada a um filme que ninguém realmente esperava que pudesse ser tão bom. É reconfortante perceber que os clássicos do cinema continuam surgindo, mesmo com tantas tentativas esquecíveis de ficção cientifica contemporâneas. E tudo isso sem ser nem remake, nem continuação ou muito menos uma adaptação. O roteiro do filme é 100% original. E Looper conseguiu entrar na galeria dos clássicos como Alien, Blade Runner e A Origem. Agora vamos esperar pelo próximo clássico.
Looper – Assassinos do Futuro
Looper (118 minutos – Ficção Científica)
Lançamento: China, EUA, 2012
Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Bruce Willis, Emily Blunt, Jeff Daniels, Paul Dano, Piper Perabo, Garret Dillahunt, Tracie Thoms, Anh Huu, Pierce Gagnon
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