Luzes da Cidade (City Lights)

Bogart é TANGA! terça-feira, 19 de março de 2013

 Na minha opinião, talvez Chaplin tenha sido o maior cineasta que já existiu. Seus filmes ultrapassaram tantas barreiras e alcançaram tantas pessoas de tantas formas, que não conheço ninguém mais com tanto sucesso no que diz respeito a cinema. E quando digo sucesso quero dizer no sentido de cumprir o fim a que se destina, e não a quantidade de prêmios que faturou. Charlie Chaplin tornou seu Carlitos cômico, leve, impressionante e muitíssimo acessível (Meu sobrinho de 4 anos assistiu O Garoto com mais interesse do que Ben 10). Este filme foi mais um dos brilhantes projetos de Chaplin, já neste ponto bastante famoso, indo em direção oposta aos primeiros filmes falados que surgiam na época. Escrito, dirigido e protagonizado pelo próprio cineasta, o longa é mudo e em preto e branco, mas deixa na chinela as “comédias” atuais. Sem dúvidas, atemporal e imortal!

A história gira em torno de Carlitos (Ou O Vagabundo, como ficou conhecido) e uma vendedora de flores cega. O protagonista a conhece na rua e a moça o acaba confundindo com um ricaço. Todo esfarrapado, mas muito educado, o vagabundo resolve sustentar a mentira e ajudar a pobre moça. Paralelamente, Carlitos conhece um bêbado suicida e o salva da morte. Agradecido, o bêbado acolhe o vagabundo em sua casa e revela ser na verdade um homem abastado. Porém, a amizade dos dois só tem a duração do efeito da cachaça. A cada manhã o homem rico não se recorda das noitadas ao lado de Carlitos e o expulsa de sua mansão. Sem dinheiro para ajudar a florista cega, por quem nutre um profundo carinho, o vagabundo sai, então, em busca de emprego, mas como sempre, os maus entendidos o perseguem.

Acho de verdade que este filme não possui nenhum defeito. Não há como fazer comparações técnicas com as produções de hoje, muito menos exigir efeitos que não poderiam ser reproduzidos na época. Porém, isso não quer dizer que seja um filme mal feito, longe disso. Chaplin tinha a fama de ser perfeccionista, de filmar tomadas exaustivamente e exigir muito dos atores sob sua direção. Além disso, a edição e as músicas que acompanham as cenas são certeiras, bem como a simplicidade e genialidade do roteiro, que são dignos de nota.

Nesse aspecto, aliás, Chaplin sabia muito bem o que fazia. Os roteiros de seus filmes sempre eram leves, com um toque de drama, mas um drama belo, daqueles que nos fazem torcer para que tudo dê certo. E é isso que me faz amar suas histórias: Seu otimismo. Carlitos é pobre, farrapo, mas nunca perde a esperança. Suas histórias são cheias de altos e baixos, de situações inesperadas, mas ele nunca sofre realmente. Seu pensamento positivo é o que garante a solução e há uma certa dose de sorte, que sabidamente acompanha aqueles que tem fé. E por mais que o roteiro não contenha nenhuma pegadinha, nada que o faça pensar durante três dias seguidos para achar o sentido, mesmo assim, continua sendo genial.

Já falei aqui antes e repito, não sou chegada em comédias. Mas as exceções nesse gênero superam de verdade as minhas expectativas. Luzes da Cidade (E todos os outros filmes do Chaplin) me faz rir com gosto e sem forçar a amizade. Não sei explicar como ele consegue isso. Não consigo entender como alguém consegue transformar uma piada tão boba, um pastelão quase circense em algo completamente incrível. Talvez seja o fato de Charlie Chaplin ser um excelente ator. Seu rosto é muito expressivo e seus movimentos compensam a ausência de som com qualidade. Os coadjuvantes também não ficam atrás. Aqui, especificamente, destaca-se o amigo bêbado de Carlitos, muitíssimo bem representando e que dá origem as cenas mais engraçadas do filme.

De fato, Luzes da Cidade e toda a filmografia de Charlie Chaplin deveriam ser parada obrigatória para qualquer indivíduo. Meu primeiro filme dele, Tempos Modernos, assisti na 2ª série do primário, numa escolinha municipal capenga, mas que investia pesado na cultura (Conheci Demônios da Garoa nessa escola também), o que pra mim, fez toda a diferença. Não há como falar de cinema se ignoramos obras dessa magnitude. Simplesmente não dá pra admirar um filme de comédia sem que tenhamos Chaplin no currículo. E Luzes da Cidade vem apenas como uma reafirmação do que este enorme talento já havia feito, um filme completo, cômico, tocante e de uma competência avassaladora.

Luzes da Cidade

City Lights (87 minutos – Comédia)
Lançamento: EUA, 1931.
Direção: Charlie Chaplin
Roteiro: Charlie Chaplin
Elenco: Charlie Chaplin, Virginia Cherrill, Florence Lee e Harry Myers

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