M.M.O.R.P.G. sem R.P.G.

Games quarta-feira, 07 de março de 2012

Massive Multiplayer Online Role-Playing Game, ou apenas M.M.O.R.P.G, eram os jogos de interpretação online em massa. Desde os mais simples, como o tão amado e odiado Tibia, até os mais completos, como World of Warcraft, esse gênero sempre atraiu – e ainda atrai – milhares de jogadores de todo o mundo, afinal, quem não quer viver uma aventura em um reino distante com magias, dragões e violência gratuita (Ou insira qualquer outro cenário)? NINGUÉM QUER… Isso mesmo, ninguém quer isso. O RPG, pelo menos no mundo online, morreu. Bem vindos a era dos M.M.O sem R.P.G.!

Isso não é um ataque de nostalgia, não iremos viajar no tempo com comparativos do tipo “antigamente era melhor” (Até porque, antigamente, no que se diz M.M.O.R.P.G., não era melhor). A crítica aqui é aos jogadores, que desvirtuaram os jogos e ignoraram a sigla R.P.G. presente nesses games, transformando eles em apenas M.M.O. sem conteúdo, sem história e com ataques trolls e flame, onde a única interpretação é uma tentativa frustrada de se passar por alguém “foda”.

 Nome: Alguma modinha; Classe: A mais fodinha; História do personagem: Chegar no level 99.

Eu tento entender onde tudo isso deu errado. Vamos concordar, a ideia geral do M.M.O.R.P.G. é sensacional. Claro que o RPG de mesa é muito mais aberto e sem limitações, mas em geral os games conseguiam ser bons, mesmo com as suas limitações. Em primeiro lugar, tínhamos o visual. Nos games podemos ver nosso personagem, o cenário, os monstros e as batalhas. Claro que conseguíamos imaginar isso com nossas fichas na mão enquanto os dados rolavam, mas ver seu personagem ali no computador, interagindo com tudo e com todos, era como um desenho da sua mente (Não tão detalhadamente, mas ok, vocês entenderam). O visual agradava muito. Segundo: Dependíamos apenas de internet e um computador legalzinho, é muito mais fácil jogar RPG online que o de mesa, não precisa marcar local e horário com seu grupo e nem jogar dados, você joga a hora que quiser, seja sozinho ou acompanhado, sem a necessidade de um Mestre. Terceiro, e talvez o mais importante, apesar dos games serem limitados quanto aos personagens, classes e história, é muito mais fácil, embora não tão divertido, interpretar algo via web que pessoalmente. É mais fácil dar vida ao seu personagem por trás do computador, bom, cês sabem como é, o famoso fodão que bate em todo mundo na web, mas pesa 27kg e apanha da irmã mais nova fora do mundo virtual. Viu como é fácil ser outra coisa por trás do computador? Ainda temos a quantidade de pessoas envolvidas no processo. O jogo não tinha apenas 5 ou 6 jogadores, mas sim milhares, e tudo acontecendo ao mesmo tempo, sem turnos, sem esperas.

 Não parece, mas esse é o incrível guerreiro level 87 que matou você.

Mas, como nem tudo é perfeito, o R.P.G. presente nos jogos foi ignorado, então quando jogamos esses games não encontramos personagens do tipo Jihgon Tol, um guerreiro que luta por justiça e bebe descontroladamente, ou Kiera Bone, uma bela feiticeira que fugiu de sua vila em busca de batalhas. Encontramos João, um rapaz que quer upar até o máximo e matar todo mundo, e Maria, uma moça que quer upar e matar todo mundo. Apesar desses jogos oferecerem muitas história e cenários repletos de conteúdo, todos os personagem não são mais personagens, e sim pessoas. Toda a imaginação por trás do R.P.G foi trocada por um sentimento de “tenho que ser o melhor”. Esses jogos tinham potencial para ser a extensão da nossa imaginação, mas se transformaram apenas no reflexo de nossas vidas reais. Eu sou um babaca fora do computador? Certamente serei um babaca no jogo. Sou um cara legalzinho? Ok, eu vou ser legalzinho lá, e por ai vai. Não há interpretação, não há história, não há R.P.G. Só temos atributos e levels, que são obsessivamente upados, e a conduta do seu personagem, se é que podemos o chamar assim, é apenas um reflexo do que você é na vida real.

Já joguei muitos M.M.O.R.P.G., alguns apenas por um dia, outros por anos. Sei do que to falando quando digo que o R.P.G. morreu, o número de jogadores que investem no Role-playing é mínimo. Esses games são tratados como outros games qualquer, onde o objetivo é chegar ao final. Claro que não temos finais em R.P.G., mas ai conclui-se que o final é ser o mais forte, mesmo que isso signifique ficar 3 horas matando o mesmo monstro pra passar de level. O máximo de R.P.G. que fazemos é escolher uma classe e um nome, de resto, parecemos bots correndo atrás de mobs e lots. Eu não sou diferente disso, faz tempo que matei o R.P.G. desses jogos, e vocês? Quando foi a última vez que fizeram a sigla R.P.G. ter algum sentido nesses games?

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