Camisa de Força (The Jacket)
Mais um daqueles filmes que misturam o futuro, o passado e o presente, como Alta Frequência e Efeito Borboleta. Sim, mais um daqueles filmes onde o clichê é o combustível. Mas nem por isso o filme deixa de ser bom.
Mais um daqueles filmes que misturam o futuro, o passado e o presente, como Alta Frequência e Efeito Borboleta. Sim, mais um daqueles filmes onde o clichê é o combustível. Mas nem por isso o filme deixa de ser bom.
Finalmente o FBQPB está de volta! Era pra ele ter aparecido por aqui logo no início do ano, mas os debizadores tomaram conta. Enfim, agora, para o vosso desespero, o Filmes Bons que Passam Batidos é um quadro exclusivamente meu, até porque só eu entendi seu propósito. Então chega de enrolação!
Olha só: fazia MESES que eu não botava um filme novo nessa seção, desde “El Orfanato” . Sabem por que isso acontece? Porque só tem filme de bosta por aí.
Sério, meu. Semana passada eu tava vendo o novo Indiana Jones e dormi na primeira cena de briga. Filme chato da porra. Eu simplesmente não tenho mais saco pra esses filmes com cena de carro batendo, perseguição de carro, carro voando, carro mergulhando ou carro virando nave espacial. Coisa chata do carái.
Devido à minha falta de paciência, acabo me envolvendo mais com filmes fora do esquemão hollywoodiano. Não que eu eu só goste de filmes alternativos, longe disso. Aliás, o especialista em cinema europeu aqui é o Pizurk, o Estagiário especialmente enviado para todos os filmes cabeça que o théo não quer assistir.
Portanto, é com extrema satisfação que após este hiato de meses, hoje trago a vocês:
Cara, eu simplesmente amo a sensação de pegar um filme completamente sem expectativas e ser surpreendido por ele. [Rec] é um filme que começa devagar, parecendo mais uma bostinha na linha de Cloverfield, com aquele lance de fazer o filme com uma câmera só e sempre do ponto de vista de quem está filmando. E dá-lhe correria pra tudo que é lado.
Essa moda toda começou com a Bruxa de Blair (lembram?), que foi totalmente emocionante na época. Lógico que, pra variar, o hype matou o filme. Mas como já faz ANOS que eu não assisto trailer de filme me salvei e pude assistir a parada de forma neutra, me divertindo pra cacete com o negócio dos adolescentes perdidos na floresta.
Desde a Bruxa de Blair, essa fórmula de filme em primeira pessoa foi aperfeiçoada e acho que agora estamos num ponto estável, onde os filmes são feitos sem pretensão e deixando espaço para o lado mais criativo dos diretores. Isso gera experiências interessantes ocasionalmente, principalmente nos gêneros “suspense” e “horror”.
A maior qualidade de [Rec] é o seu ritmo. Ao invés de virar tudo de cabeça pra baixo DO NADA, o filme vai se construindo devagarinho, com a história passando do tédio total inicial (totalmente intencional) até te levar a se encolher na poltrona com o final. Normalmente os filmes vão me dando sono conforme vão se aproximando do fim. Com [Rec] aconteceu o contrário: comecei a assistir numa madrugada aí, pensando em só assistir o começo e ir dormir pra ver o resto no outro dia. Foi impossível parar depois dos primeiros 20 minutos.
Também contribui muito a simplicidade do ambiente onde foi filmado; tudo se passa em dois ou três andares de um prédio pequeno, onde só mora gente boçal. Como os cenários se repetem com frequência é muito fácil acreditar e entrar no clima do filme, e você começa a se sentir parte daquele ambiente.
E eu realmente espero que você consiga “se entregar” para o filme, porque essa imersão é justamente o que vai te dar a maior diversão na sequência final. Os caras abusam do maior clichê do mundo para filmes de horror: sequências com luz apagada, onde os protagonistas precisam fugir da porra do lugar sem ver pra onde estão indo. Mas, puta merda, em [Rec] isso funciona que é uma maravilha.
Ah sim, vou dar um spoilerzinho final pra convencê-los a assistir [Rec]:
É FILME DE ZUMBI, MANO!!
Não preciso dizer mais nada.
(Aviso aos desavisados: aparentemente [Rec] foi refilmado para o mercado americano como “Quarantine”. Não sejam otários e corram atrás do filme certo.)
[Rec] (85 minutos – Horror)
Lançamento: Espanha, 2007
Direção: Jaume Balagueró, Paco Plaza
Roteiro: Jaume Balagueró, Luis Berdejo
Elenco: Manuela Velasco, Ferran Terraza
Saudades das resenhas do quadro Filmes Bons que Passam Batidos? Opa! Infelizmente, os estagiários do site mais quente da galáxia não vêem muitos filmes bons, então só resta a mim a missão de preencher vocês com bom gosto cinematográfico. Infelizmente. Mas, depois de tanta demora, finalmente uma resenha. E, como não poderia deixar de ser, segura aí um filme SENSACIONAL.
Sentença de Morte é um thriller que segue a minha linha favorita de filmes: Vingança. Tudo começa em Boston, e Nick Hume é o cara. Casado e com dois filhos, Nick vê um de seus filhos sendo brutalmente assassinado na sua frente, sem poder fazer nada. O assassino é encontrado, julgado e… não é preso. Por quê? Nick não quer nem saber da sentença da Justiça e começa a correr atrás de vingança, o que acaba colocando sua família em risco.
Olha, eu vou ser sincero: Eu odeio sinopses. Ou, pelo menos, odeio fazê-las. Pra mim elas nunca parecem convincentes, mas deve ser para isto que existem as resenhas. Mas enfim, este filme conta com um elenco FODA, principalmente tendo Kevin Bacon como protagonista e, basicamente, como o único mais conhecido do povo. De resto, nomes desconhecidos e até mesmo jamais vistos. O fato é que Bacon DETONOU, o cara fez a lição de casa e poderia ter carregado o filme nas costas caso o mesmo fosse uma merda. Mas não é o caso.
Sabe, eu sou suspeito a falar sobre clichês em filmes de vingança, já que eles precisam ser MUITO RUINS para eu poder citá-los. Basicamente, aqui temos o tipo de filme de vingança em que a coisa começa a ficar terrivelmente feia e o cara não pede arrego, dá o máximo de si para chutar bundas. As coisas começam a ficar sem limites, a adrenalina vai aumentando MUITO da metade do filme até o fim, e o que me deixa puto, mas MUITO puto, é que esse filme passou batido. Kevin Bacon raspando a cabeça foi uma cena marcante, o cara devia ter virado o ícone desta geração NÃO FOSSE a má divulgação deste filme GENIAL. Pra você ter uma idéia, ele desbanca Jack Bauer, Chuck Norris, Capitão Piratão e qualquer outro ser imortalizado por aí. Nick Hume, definitivamente, é o cara.
Filme de vingança não é feito pra ter um final feliz. É feito pra ser empolgante, tenso e, acima de tudo, impressionante. É essa a definição de Sentença de Morte, enfim. Definitivamente, um filme que chuta bundas e coloca qualquer blockbuster no chinelo. Após tudo isso, espero que você esteja convencido de ir alugar este filme, véi. Senão, acredite, você acaba de assinar sua sentença de morte.
Death Sentence (106 minutos – Thriller)
Lançamento: EUA, 2007
Direção: James Wan
Roteiro: Ian Mackenzie Jeffers¹, Brian Garfield
Elenco: Kevin Bacon, Garrett Hedlund, Kelly Preston, Jordan Garrett, Stuart Lafferty, Aisha Tyler, John Goodman, Matt O’Leary, Edi Gathegi, Hector Atreyu Ruiz, Kanin J. Howell, Dennis Keiffer, Freddy Bouciegues, Leigh Whannell, Casey Pieretti
Você gosta de mulher? Com pouca roupa? Mulher saindo na porrada? Todo tipo de mulher com pouca roupa e saindo na porrada? Então não tem erro: DOA – Vivo ou Morto é a sua escolha pra esse fim de semana.
Mas CUIDADO se você for daqueles mais conservadores: O filme beira o trash. Não de cru, mas de ruim. O filme é uma piada, manja? Vítima de preconceito e tudo mais. Noobs.
DOA – Vivo ou Morto é uma adaptação do jogo DOA – Dead or Alive, você já deve – saber ou – ter imaginado. Como adaptações de jogos de luta pedem uma minuciosidade no roteiro, eu diria que este filme inovou: A adaptação é perfeita. O jogo é de luta? 90% do filme é PORRADA! Os outros 10% são só enrolações básicas pra encaixar tudo na trama. Se você achou que a pior coisa nos filmes de Mortal Kombat foi procurarem por uma HISTóRIA pra pôr eles ali, mais uma vez eu repito: É esse o seu filme desse fim de semana.
Nada demais: Uma galera é chamada pra um torneio anual – chamado Dead or Alive – em uma ilha deserta, Doatec. Organizado por Victor Donovan (Eric Roberts), essa “galera” chamada é simplesmente composta pelos melhores lutadores do mundo, sendo que cada um é o melhor em cada estilo de luta. O trio principal da pancadaria é composto pela campeã mundial de luta livre Tina Armstrong (Jaime Pressly), a… ladra que está ali só pela grana Christie Allen (Holly Valance) e a ninja Katsumi (a não-gordinha e nipônica mais quente da galáxia, Devon Aoki), que tem sede de vingança pela morte de seu irmão.
Acho que as apresentações custam apenas os sete primeiros minutos do filme, absolutamente o necessário para esta adaptação. O resto é porrada e, como não poderia faltar: mulheres semi-nuas.
Cara, o que eu sempre imaginei que seria bacana em adaptações de jogos de luta acontece aqui: Há câmeras por toda parte, e os lutadores contam com sensores que medem seu “sangue”, aqueeela barrinha que você precisa “esvaziar” pra derrotar seu adversário. As câmeras obviamente filmam as batalhas, e um monitor mostra a famosa “barrinha de sangue” dos lutadores indo pro saco a cada soco. Assim, quando uma zera, game over. E as lutas começam DO NADA, quando os participantes menos esperam.
São mínimas na maior parte das vezes, é claro. Inclusive o filme conta com uma cena com um jogo de vôlei, tornando a adaptação ainda mais perfeita.
Que enredo?
Nada demais. Nem era preciso. Não é um filme pro Tom Cruise, Samuel L. Jackson ou Nicolas Cage, tanto que o elenco se resume a desconhecidos e, é claro, mulheres. Mas cada um ali fez um bom trabalho – Ahh, Devon Aoki… – nos limites da qualidade do filme. Aliás, qualidade não; estilo.
As lutas são sensacionais. É claro, mais uma vez: Dentro do limite do filme. Os efeitos sonoros são mais voltados para o humor, mas, pensando bem, até as lutas são. O filme inteiro é. Enfim, de resto, os efeitos visuais durante as lutas são bem legais, mas alguns são BEM toscos.
Então é isso: Basta desligar o cérebro e curtir. Não é só mulher semi-nua e porrada, é diversão. Ao contrário de Mortal Kombat, essa adaptação não se levou a sério. Ou se levou MAIS a sério, não sei. Quer um filme bacana mas não quer pensar muito? AOE RECOMENDA!
DOA: Dead or Alive (87 minutos – Luta, Ação)
Lançamento: Austrália, 2006
Direção: Corey Yuen
Roteiro: J.F. Lawton, Seth Gross e Adam Gross
Elenco: Jaime Pressly, Holly Valance, Sarah Carter, Devon Aoki, Natassia Malthe, Eric Roberts, Matthew Marsden, Brian J. White, Collin Chou, Kane Kosugi, Steve Howey, Silvio Simac
Podia começar reclamando da distribuição dos filmes nos cinemas brasileiros, neste caso específico da Universal, mas vou desistir. Já nos acostumamos que filmes sem grandes publicidades das majors americanas acabam ganhando vida somente em circuito arte e, finalmente, nas locadoras. O difícil é quando o filme é uma comédia policial, gênero tipicamente americano, mas que acaba de ganhar uma versão inglesa fabulosa. Seu nome, Chumbo Grosso (mais conhecido no resto do mundo como Hot Fuzz).
Para você que não conhece nada de Chumbo Grosso, eu ajudo explicando que se trata do novo filme da dupla Edgar Wright (diretor) e Simon Pegg (protagonista), ambos também roteiristas de Todo Mundo Quase Morto, comédia muito boa que brincava com clichês dos filmes de zumbis. Agora a situação se volta para os clichês dos filmes policiais e de ação, mas não se engane, o filme não é uma paródia como Hollywood normalmente faz; o filme inglês utiliza todas as convenções do subgênero de uma maneira inteligente e muito engraçada não abrindo mão de tiroteios, mistérios e uma dupla impagável como parceiros policiais (clássico neste gênero).
Somente quem teve o prazer de ver Todo Mundo Quase Morto pode imaginar o que esta dupla aprontou novamente, é um humor simples, mas hilário em diversos momentos. A história se concentra na ida de um sargento policial muito competente de Londres (em função da sua eficiência seus superiores o afastam alegando que os demais se sentem menores perante seus índices no trabalho) para uma cidade no interior onde não acontece um assassinato há mais de 20 anos. No entanto, na sua chegada o sargento começa a desconfiar de mortes acidentais que ocorrem a todo o momento (óbvio que isto justifica diversas cenas gore do diretor Wright). Tentando descobrir o que realmente acontece na pequena cidade, o sargento passa a ser considerado um maluco da cidade grande viciado em violência.
Com esta simples sinopse, o filme se enche de referências aos mais diversos filmes do gênero, principalmente com os diálogos trocados entre os parceiros Pegg e Frost (numa química excelente). Falando de elenco, a maioria esteve presente no filme anterior de Wright, como Bill Nighy; porém o grande destaque é a cara sisuda de Simon Pegg, muito diferente do protagonista de Todo Mundo Quase Morto – aqui Pegg está imerso no papel de policial arrojado e determinado, possuindo o timing cômico correto sem cair no escracho.
Hot Fuzz (110 minutos – comédia)
Lançamento: Ing, 2007
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright e Simon Pegg
Elenco: Simon Pegg, Nick Frost, Paddy Considine, Timothy Dalton, Jim Broadbent, Martin Freeman, Bill Nighy
Cara, Guillermo del Toro é DEUS. E se não é, devia ser:
Ok, foi um exagero. Mas orra, como esse gordo manda bem cara. Já falei desse cara antes, na resenha de El Laberinto del Fauno, que eu sei que vocês ainda não assistiram porque cês são tudo uns puto e preferiram assistir Homem-aranha 3. É como o Théo sempre diz: Vocês têm mau-gosto.
Então, El Orfanato é a produção mais recente do cara a chegar aos cinemas nacionais e pelo menos ESSE filme vocês têm que assistir. Cara, eu IMPLORO pra vocês assistirem, o mundo precisa de mais cinema feito desse jeito.
Querem saber a história do filme? WHO FUCKING CARES? Se del Toro fizesse um documentário sobre latas de leite condensado eu pagava pra assistir; isso aqui não é cinema de historinha boba com final feliz. O que o cara faz em todos os filmes é foder com sua mente por mais ou menos 100 minutos e depois te deixar pedindo mais. A história é o de menos, o que importa é a MANEIRA como ela é contada. Se ele fizesse o tal documentário, as latas de leite condensado seriam fantasmas que assombrariam um supermercado, clamando pela vingança de suas mortes, que foram jogadas por engano na lata de lixo orgânico e trituradas junto com as alfaces. A lata de leite condensado principal sairia catando abridores de lata para derrubar as paredes do supermercado atrás da lata de lixo orgânica onde jaziam os cadáveres triturados das latas que não tiveram seu justo fim. Vou mandar esse roteiro pro del Toro.
El Orfanato é um suspense, mas não é um suspense. É uma fábula, mas não é uma fábula. É um filme de horror, mas que não assusta ninguém; como todos os filmes de del Toro, ele transita entre os gêneros, sem se apegar a nenhum de forma rígida. Depois de passar por El Espinazo del Diablo e El Laberinto del Fauno, eu já sabia como tirar o máximo de El Orfanato: Senta na frente da tela e simplesmente deixa o cara fazer o trabalho dele. É como deitar pra uma massagem… No cérebro. Suspenda os seus julgamentos e a necessidade de que tudo que aparece na tela precisa fazer sentido imediatamente. A cena tá meio esquisita, a atriz falou uma coisa estranha, apareceu um personagem novo do nada? Não esquenta, tudo vai ser explicado no final. As coisas vão se encaixando, deixe o filme te levar. Vai vendo tudo com olhos de criança, aprecie as cenas bonitas, a fotografia, os momentos de silêncio, o tempo que as coisas levam pra acontecer. Não tente prever a próxima cena, mas preste atenção quando ela estiver rolando na tela.
O que me deixa muito confortável nesse filme é que o cara conta uma história em que você sente que ele SABE do que tá falando. O filme se passa num orfanato (Saca o título e tal?) que é um tema recorrente para del Toro. El Orfanato é quase uma refilmagem do El Espinazo del Diablo, onde também se documentava acontecimentos terríveis em um orfanato. Os dois filmes têm uma atmosfera totalmente opressiva, de orfanatos que ficam localizados na puta que o pariu, como se fizessem parte de um outro mundo, afastado do nosso, onde fantasmas realmente existem. Os próprios orfanatos, as casas, são os personagens principais. São como seres vivos que vão sendo abertos, paredes derrubadas, portas que se fecham sozinhas pra guardar segredos, se deixam explorar aos poucos, revidam agressões, derrubam vigas na sua cabeça e fazem todo mundo sangrar. Um tesão.
Mas em El Orfanato o tema segue adiante e fica melhor; não é apenas uma história de fantasmas, onde se desvendam os acontecimentos terríveis do passado de crianças fragilizadas. Aqui as memórias atuam de forma lancinante no presente dos protagonistas, moldam suas vidas, distorcem a realidade e levam todos pra bem perto da beira da loucura. E certamente os levam pra morte. Os fantasmas são palpáveis e arrastam os vivos pros cantos mais obscuros da casa, criando as melhores cenas do filme. É como explorar o sótão de uma casa antiga quando você é criança; os cantos vão ficando cada vez mais escuros e difíceis de entrar, mas você simplesmente PRECISA saber o que tem atrás daquela porta, daquele armário, daquela cortina. Laura, a personagem principal, é a apenas uma extensão de cada um dos telespectadores, o seu “avatar”, dentro do filme.
A identificação com Laura, aliás, é imediata porque, embora ela faça coisas terríveis, nenhum de nós faria diferente no lugar dela. Ela não tem escolha nas suas ações, não existe espaço para optar, mas ainda assim ela o faz por vontade própria. Ela caminha pra sua morte certa, mas com as próprias pernas e sem ninguém empurrar. Fascinante.
Bom, se ainda não te convenci a assistir ao filme, saiba que o SR. BARRIGA está nele. É meu, o Sr. Barriga do Chaves! Se isso não te convenceu, cê é um bosta que não sabe se divertir.
Aí ó: Recomendação FÁCIL esse filme. Certamente um dos 10 melhores que cê vai ver nesse ano. Trailerzinho pros tangas que precisam de trailer pra se convencer:
Assistiu? Tanga.
El Orfanato (105 minutos)
Lançamento: 2007
Direção: Juan Antonio Bayona
Roteiro: Sergio G. Sánchez
Elenco: Belén Rueda; Sr. Barriga
Ok, estou trapaceando e recomendando um filme e um livro ao mesmo tempo. Apedrejem-me motherfuckers. Soterrem-me sob pedras, mas leiam o livro e assistam ao filme.
Eu só não sei o que é melhor fazer antes.
Porque eu fico puto quando eu vejo um filme bom e depois leio o livro. É um saco ler um livro excepcional já sabendo da história através do filme, não? Você deixa de ser surpreendido pela história, e acaba se prendendo em aspectos mais técnicos ao invés de se deixar levar pelos personagens e narrativa.
Por outro lado, eu acho pior ainda ver um filme depois de ler o livro em que ele foi baseado. Ao ler o livro você monta as cenas de forma exuberante e extremamente pessoal na sua cabeça deformada, e é difícil superar isso com as imagens feitas por outras pessoas. Daí vem a natural frustração das pessoas com filmes baseados em livros que elas já tenham lido.
Então a minha dica pra você decidir o que fazer primeiro é: DANE-SE; TANTO FAZ. Por sorte o filme E o livro são espetaculares, então você não vai errar de jeito nenhum.
Resumão pra vocês entenderem qualé a de “Perfume”: Jean Baptiste Grenouille é um pequeno puto abandonado pela mãe e que cresce tendo uma vida desgraçada de merda miserável maldita. O cara se ferra. Mas tem um olfato do caralho.
O cara cheira coisas impossíveis, cheira suas entranhas, o cara cheira os seus PENSAMENTOS se você estiver perto o suficiente. Sério, lê isso:
Para Terrier era como se a criança o visse com as narinas, como se ela o olhasse de um modo agudo e examinador, de um modo mais penetrante do que se poderia fazê-lo com os olhos, como se engolisse algo com o seu nariz, algo que saía dele, Terrier, e que ele não conseguia reter nem ocultar… Essa criança sem cheiro cheirava-o todo, desavergonhadamente! Farejava-o!
Grenouille cresce CHEIRANDO o mundo inteiro e aprendendo o ambiente através dos cheiros. Ele define as coisas através de como elas cheiram e classifica pessoas, emoções e objetos a partir dessas combinações olfativas. Cara, eu nunca vi um dos cinco sentidos ser tão bem utilizado como mote de uma história. E um sentido que normalmente é relegado, já que você não cheira palavras ou imagens.
Em uma pequena crítica, o livro demora pra engrenar. Não estranhe. Antes da história propriamente dita começar, o autor precisa de páginas e mais páginas pra fazer você criar simpatia por Grenouille. Uma simpatia extremamente necessária, já que ele vai cometer atrocidades ao longo da história, e faz você ficar pensando sobre o alinhamento moral dele. Essa é a força maior da narrativa, ao meu ver: deixar claro que Grenouille não é MAU ou BOM. Ele simplesmente montou um mundo olfativo onde regras morais não fazem sentido. A busca é pela sensação final, o gozo olfativo, o cheiro supremo.
Das Parfum
Ano de Edição: 1985
Autor: Patrick Süskind
Número de Páginas: 255
Editora:Record/Altaya
Belo, belo filme. Poesia em movimento. O diretor foi simplesmente genial ao fazer você sentir o que é o mundo de Grenouille através de imagens. A ator escolhido para o papel, que eu nunca vi mais gordo, consegue expressar na face a sensação de se cheirar coisas sublimes e coisas horrendas. Ele parece um cachorro durante o filme todo, o que acho que foi intencional já que cachorros são ótimos farejadores.
A história é minimalista no filme, com as imagens tendo mais efeito do que os diálogos. Você simplesmente PRECISA embarcar no ritmo visual, ser levado pelas cenas de corte rápido e rascante, como um cheiro ácido e acre. Cenas longas e demoradas, como o aroma de um COELHO assado enchendo primeiro o fogão, depois a cozinha e finalmente a casa toda. Cenas que criam expectativa, onde Grenouille sente uma nota de algo no ar; o vazio sonoro, sem música, a palheta cinzenta de cores, que significam o vazio sensorial. Grenouille, feito um Wolverine, pega um cheiro e começa a segui-lo; a música começa, passa a compor e fazer par com mais cores na tela até que ele acha a fonte do cheiro, contorce o rosto, fecha os olhos, desaba no chão, arrebatado, a música sobre, preenche tudo e a tela explode. Sensacional. Melhor que isso só se o maldito filme tivesse cheiro mesmo.
A cena final, onde Grenouille encontra e liberta seu perfume supremo, é tão maravilhosa e orgiástica, tão bonita e erótica que me lembra os melhores momentos de Calígula. Mas vocês são novos demais pra saber o que isso quer dizer. É um tipo de cinema que não existe mais. Onde pessoas peladas e o sexo são mostrados de uma forma a passar uma mensagem ao telespectador, e não apenas a criar excitação por ver um corpo nu. Aliás, esse filme quase passou batido por aqui. Muito injustamente.
Trailerzinho aí pra vocês que gostam disso:
Altamente recomendado. Cenas maravilhosas, ritmo exclente, história original e fora do padrãozinho Roliúdi.
Perfume: The Story of a Murderer
Lançamento: 2006
Direção: Tom Tykwer
Roteiro: Andrew Birkin; Bernd Eichinger
Elenco: Dustin Hoffman; Alan Rickman; Ben Whishaw
Você gosta daqueles filmes que seguem o estilo de Efeito Borboleta e afins? Esqueça isso, você tem um péssimo gosto. Porém, Alta Frequência tem um pouco disso. Um pouco.
Um bombeiro experiente (Dennis Quaid) sofre um acidente que o leva a morte, deixando pra trás seu filho John Sullivan (Jim Caviezel) e sua mulher Julia Sullivan (Elizabeth Mitchell). Cerca de 30 anos após o acidente, John encontra o velho aparelho de radioamador de seu pai e acaba entrando em contato com Frank, um radioamador que parece viver em 1969, pelas conversas. Mais tarde, assim como você já deve ter imaginado, John descobre que Frank é seu pai, Frank Sullivan, e que, de alguma forma, aquele aparelho estava conectando John ao passado, antes do acidente que matou seu pai. Então, John começa a lutar para mudar o passado, e assim trazer seu pai de volta á vida. Porém, tudo tem seu preço: Ao burlar as leis da lógica, outros fatos da história mudaram. Um deles é a morte de um homicida, que não acontece, deixando-o vivo para voltar á ativa. E, nos planos do homicida, está a mãe de John.
Pode até parecer meio superficial, mas eles deixam explícito o por quê desta conexão, basta prestar atenção nos mínimos detalhes do filme.
Poderia resumir a crítica em duas palavras: Envolvente e EMPOLGANTE. Cara, Dannis Quaid e Jim Caviezel são dois filhos da puta que são mal aproveitados nas telonas; eles simplesmente fazem papéis sensacionais neste filme. Aliás, taí um filme que dificilmente você vai falar “Hm, esse cara aí interpretou mal…”, os atores são perfeitos. O enredo é dos melhores. Cara, é o meu filme de cabeceira, difícil economizar elogios pra essa obra-prima. Veja o trailer:
Bom, já dei minha opinião sobre Dennis Quaid (O Dia Depois de Amanhã) e Jim Caviezel (O Conde de Monte Cristo), os caras simplesmente detonaram e poderiam fazer todos os personagens, bastava umas perucas e um pouco de tinta. Andre Braugher (Cidade dos Anjos) viveu o policial Satch DeLeon, taí outro cara que fez o dever de casa. Noah Emmerich (Códigos de Guerra) e Elizabeth Mitchell (Lost), respectivamente Gordo e Julia Sullivan, não tiveram uma participação muito ativa (heh) no filme, mas não deixaram a desejar. Shawn Doyle (CSI), o vilão Jack Shepard, encarnou um homicida. Sério, parece que tiraram o cara da cadeia e deram um script pra ele.
Cara, eu diria que rolou uma inovação. Claro que você pode achar dezenas de filmes semelhantes, mas nenhum é “igual”. Enfim, a história é envolvente pra cacete, são duas horas que você nem vê passando. Com cenas empolgantes, o ritmo do filme vai ficando um pouco frenético no fim, te levando á LOUCURA se você não se segurar aí. O final é simplesmente brilhante e, não me canso: EMPOLGANTE, véi. Você pensa que vai sobrar até pra você.
A trilha sonora é bacana, combina com o filme. Eu nunca gostei de Elvis, mas o som Suspicious Minds marcou. Os efeitos visuais são perfeitos pro filme; nada muito exagerado e nada mal feito. Não muito além de algumas explosões, tiros e “mudanças de ambiente”, mesmo, além da aurora boreal.
Filme indispensável, cara. Se eu fosse você, até aproveitava pra procurar por uma oferta no Buscapé. Este é daqueles filmes que merecem estar na sua prateleira. Mas… e aí, o que você faria se pudesse alterar o passado? Deixaria de ser TANGA?
Frequency (118 minutos – Suspense / Drama)
Lançamento: EUA, 2000
Direção: Gregory Hoblit
Roteiro: Toby Emmerich
Elenco: Dennis Quaid, Jim Caviezel, Shawn Doyle, Elizabeth Mitchell, Andre Braugher, Noah Emmerich
Jason Statham (Adrenalina) marcando presença pela segunda vez por aqui. Jet Li (Contra o Tempo) é um dos caras mais sensacionais da galáxia do cinema. De resto, também fazem parte do elenco Luis Guzmán (O Conde de Monte Cristo) e, a minha musa nipônica de origem norte-americana, Devon Aoki (DOA – Vivo ou Morto, porque em Sin City ela está em preto e branco).
Tudo começa com o agente do FBI Jack Crawford (Jason Statham) e seu parceiro Li Chang (John Lone) em uma troca de tiros com mafiosos. Os caras desconfiam que Rogue (Jet Li), um assassino cruel, está por ali. Ainda que o cara, aparentemente, seja só um boato. Crawford acaba baleado, mas é salvo por Chang, que mata o atirador. É claro que os caras já sacam: Era o Rogue. E estava tudo acabado.
Mas nem todo filme é da Disney.
Dias depois, Chang é morto em sua própria casa com sua família, e o principal suspeito de cometer o crime é… Rogue. Quatro (ou três?) anos se passam e Crawford, obcecado pelo crime, com sede de vingança, se vê perto de descobrir o paradeiro de Rogue. Mas é claro, são só suspeitas de agente do FBI com intuição pseudo-feminina adquirida após a morte do melhor amigo. Uma série de assassinatos começam após a chegada desse assassino misterioso. Crawford já tinha certeza de que era Rogue.
E era.
Rogue está de volta tocando o terror entre mafiosos japoneses, e a guerra começa. É aí que, definitivamente, a coisa começa a pegar fogo.
Sinceramente, os filmes de Jet Li são, no mínimo, bacanas. O cara consegue ter um currículo cheio de filmes excelentes; ele é o tipo de ator que, pra quem gosta de ação e pancadaria, é uma PUTA referência. E aqui não é diferente, o cara é simplesmente sensacional do início ao fim. Jason Statham é o tipo de ator mal aproveitado e que tem como melhores filmes aqueles que ultrapassam a linha do exagero. Quem viu Carga Explosiva 2 sabe exatamente do que eu estou falando. Rogue – O Assassino não é extremamente forçado, é um filme de ação com pancadaria, Jet Li e Devon Aoki, tão mal aproveitada que ficou quase como figurante.
Sabe daqueles filmes que te fazem soltar um PUTA QUE PARIU no clímax final? Poucos fizeram isso comigo, e esse aqui tá na lista. Como se trata de um filme de vingança, talvez eu seja suspeito á falar. Talvez não. Eu posso apostar que VOCÊ terá a mesma reação; os flashes e a supremacia de Rogue são os pontos fortes do filme, que também conta com um ritmo empolgante e envolvente, mas tão envolvente, que você poderia escrever todas as falas do filme após vê-lo sem precisar consultar o script. Não espere por um filme com lutas exageradas envolvendo artes marciais, espere por algo, por incrível que pareça, mais realista. A luta final é HUMANA, cara, e eu acho que é isso que falta em muitos filmes.
Se sua praia é ação, vingança, uma japinha linda e PUTA QUE PARIU, este filme devia estar na sua prateleira, já. Então, corre pra locadora ou pesquise por preços do DVD no Buscapé, porque taí um filme que eu recomendo com todas as forças.