Terminado o mês de junho, já podemos fazer uma daquelas listinhas que a maioria das pessoas fingem não gostar, mas, pelo menos, dão uma espiadinha nem que for para dizer que é uma porcaria.
Como o tempo foi escasso, particularmente para mim, os grandes destaques deste primeiro semestre foram mesmo os filmes que ganharam repercussão em virtude do Oscar (se você quer uma listinha dos melhores blockbusters espere o final da temporada e peça para o Théo).
Obviamente que alguns filmes ficaram de fora (e não interessa para você saber quais foram) e outros não foram vistos por este humilde cinéfilo que vos escreve (isto que dá trabalhar 12 horas por dia), então, no momento, estes seriam os meus filmes prediletos do 1º semestre de 2008.
O Orfanato
Único filme não falado em inglês da lista, mas com bastante destaque, principalmente se levando em consideração que o gênero, suspense sobrenatural, que anda bastante desgastado. Mérito do excelente roteiro, direção e da protagonista Belén Rueda.
Across the Universe
Se não me engano estreou no finalzinho do ano, mas pelas minhas bandas somente em 2008, então vale um destaque especial para o musical (também, com uma trilha como a dos Beatles disponível é até covardia). Bons números musicais, traminha simples (mas, eficiente) e uma reconstituição de época muito boa. Com certeza, All you need Is Love!
Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto
Já merece uma menção pelo simples fato de ser dirigido pelo veterano (digo, véio mesmo, 84 anos) Sidney Lumet, diretor de obras como Serpico e Um Dia de Cão. No entanto, Lumet ainda conta com um trama ótima sobre um assalto que acaba dando errado, paro por aqui para não revelar mais nada a vocês, para serem surpreendidos pelos personagens do filme. No elenco, a destacar os sempre eficientes Philip Seymour Hoffman e Albert Finney, além do momento Fênix da atriz Marisa Tomei, que há anos devia uma boa personagem num filme decente.
Onde os Fracos Não Têm Vez
A filmografia dos irmãos Coen não é para um público amplo. Donos de um humor característico e de uma violência crua, seus filmes dificilmente encontram gênero de definição. Aqui não é diferente, ganhador do Oscar de melhor filme (entre outros), pode ser um drama ou um jogo de gato-e-rato, mas de qualquer maneira é um excelente filme, isto que nem comentei Javier Bardem como o assassino mais insano em décadas, Anton Chigurh (foto abaixo com sua peculiar arma).
Longe Dela
A capacidade de renovação do cinema é incrível, quem esperaria que a jovem atriz Sarah Polley, de filmes tão díspares quanto Vamos Nessa!, Minha Vida Sem Mim e Madrugada dos Mortos, poderia ter tamanha delicadeza e maturidade para dirigir e roteirizar um filme tão bonito (mas extremamente triste) sobre a terceira idade e o Mal de Alzheimer. Méritos também para o casal de protagonistas, Julie Christie (fantástica) e Gordon Pinsent (ator canadense desconhecido do público, mas narrador e força motriz do filme).
Na Natureza Selvagem
Já falei tanto deste fantástico filme de Sean Penn que vocês já devem estar cansados de ler, então se não assistiram levantem a bunda e vão alugar o dvd do filme nas locadoras!
Senhores do Crime
Cronenberg, assim como os irmãos Coen, possui certas peculiaridades em sua filmografia que faz com que tenha fãs ávidos por seus filmes e um grande público que não reconheça seu trabalho autoral. Sim, você deve conhecer este nome do clássico A Mosca, mas Cronenberg foi muito além deste filme em sua carreira. Nos últimos anos se reinventou (após alguns equívocos) e nos entregou dois filmes que discutem a violência de maneira díspare mesmo possuindo certa sintonia: Marcas da Violência e este do título. Além disto, o diretor achou um ator clichê, Viggo Mortensen, impecável em ambos os filmes, principalmente, neste último (conseguindo assim, exorcizar um pouco o Aragorn da lembrança das pessoas).
Desejo e Reparação
Longe de ser um filme mimimi, por se tratar de um filme de época com toques de romance, Desejo e Reparação talvez seja o filme que mais me acompanhou neste primeiro semestre, tanto que estou lendo o romance que originou a triste história de Briony. Contando com um belo elenco, como não elogiar Keira Knightley (também se livrando das amarras de sua personagem do blockbuster Piratas do Caribe), a pequena Saoirse Ronan e a participação especial da veterana Vanessa Redgrave (foto), além dos óbvios, cenários, figurinos, fotografia, trilha sonora e uma belíssima sequência filmada sem cortes (méritos do diretor Joe Wright)?
Juno
Merece destaque por ser a melhor comédia (mesmo com toques de drama) e possuir um dos roteiros mais bacanas dos últimos meses. Quem diria que um filme sobre uma guria grávida na adolescência poderia render tanto falatório sobre esta questão e as inúmeras referências pops que inundam o filme, ainda bem que a direção e o elenco estão em sintonia. Palmas para a natureza “metidinha” de Ellen Page como Juno, jovem atriz num trabalho excepcional, que belo ano para papéis femininos, reparem!
Efeito Dominó
Para não dizerem que há somente filmes sérios ou do Oscar, o último destaque vai para o thriller “assalto á banco”, Efeito Dominó, protagonizado pelo melhor ator de filmes de ação atual, o inglês Jason Statham (Adrenalina e Carga Explosiva). Sob a direção do competente Roger Donaldson (13 Dias que Abalaram o Mundo e Sem Saída), a trama do filme é baseada em fatos reais, retrata um assalto á banco que acaba por envolver gângsters, cafetões, bandidos chinelos, a Scotland Yard e a monarquia inglesa em pleno os anos 70. Uma boa opção para quem já estiver cansados de super-heróis nos cinemas!
Em algumas das minhas colunas passadas, relatei a dificuldade de ser um cinéfilo em tempos de filmes blockbusters invadindo a grande maioria das salas de cinema. Como esta dificuldade deve ser superada somente em meados de agosto/setembro resolvi dar uma dica alternativa para quem procura somente bons/excelentes filmes: DVD é a saída.
Toda semana publico os lançamentos em dvds e, ao final deste mês, percebi que a maioria dos filmes indicados ao Oscar já está disponível em dvd, garantia de filmes mais adultos/sérios e de qualidade superior a safra atual (mais escapista, somente).
Dos cinco indicados a Melhor Filme somente Sangue Negro não está disponível atualmente, mas chegará em dvd agora em julho. Os demais, o vencedor Onde os Fracos Não Têm Vez, o belíssimo Desejo e Reparação, o conspiratório Conduta de Risco e o divertido indie Juno devem agradar os mais diversos gostos. Eu, particularmente, somente não assisti ainda Sangue Negro, mas os demais são muito bons, de verdade, valem mesmo a pena (a safra deste ano estava muito boa). São em sua maioria filmes que privilegiam uma trama com temas mais pesados e sérios, levados para a telona com criatividade e beleza.
Peguem caneta e papel, anotem os que interessarem e corram ás videolocadoras.
Demais Oscarizados disponíveis em DVD:
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet – musical que garantiu indicações á Johnny Depp como melhor ator, melhor figurino e melhor direção de arte;
No Vale das Sombras – excelente drama sobre a volta de combatentes da Guerra do Iraque, garantiu uma indicação de melhor ator ao veterano Tommy Lee Jones (também presente no oscarizado Onde os Fracos não Têm Vez), merecidíssima;
Senhores do Crime – uma das surpresas deste ano, Cronenberg conseguiu entregar um instigante filme sobre máfia, sem apelar para policiais e bandidos; indicação acertada para Viggo Mortensen como melhor ator;
Elizabeth – A Era de Ouro – continuação não muito elogiada pelos aspectos poucos verdadeiros da história contada e pelo ritmo novelesco, mas Cate Blanchett sempre se destaca;
Piaf – Um Hino ao Amor – para fãs de biografias a vida de Edith Piaf é um prato cheio (muito drama, tristezas e redenção). A caracterização da gatinha Marion Cotillard como Piaf assusta de tão impressionante, acabou abocanhado o oscar de melhor atriz, derrubando outras favoritas;
A Família Savage – filme discussão familiar com toques de drama/comédia (como toda família possui), chama a atenção o excelente elenco com Laura Linney e Philip Seymour Hoffman;
O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford – merece ser descoberto este drama que incrivelmente podia ser somente um faroeste, mas é na verdade um estudo de personagens muito bem realizado e fotografado;
Jogos do Poder – quase uma sátira política com comparações á situação política americana atual. Tem no elenco Tom Hanks e uma sumida Julia Roberts, em papéis pouco usuais em suas carreiras;
Na Natureza Selvagem – um dos meus preferidos desta safra, merecia melhor sorte no Oscar, no entanto, vai encontrar seu público com facilidade, mérito do roteiro (um road movie clássico) e de participações como do veterano Hal Holbrook;
Não Estou Lá – biografia desestruturada de Bob Dylan, indicado para fãs de filmes mais conceituais. No elenco, Cate Blanchett e Richard Gere, entre outros;
O Gângster – apesar de um pouco prevísivel, o filme de Ridley Scott está acima da média e, além disso, temos um sempre carismático Denzel Washington e o sempre eficiente Russell Crowe;
Medo da Verdade – tem obrigação de ser descoberto este suspense inacreditavelmente dirigido pelo canastrissímo ator Ben Affleck, misto de policial/suspense/drama mexe com questões como escolhas, culpa e responsabilidades. Tem um super elenco e um grande destaque a mãe bitch da menina sequestrada, boa lembrança da Academia para o Oscar, Amy Ryan;
Ratatouille – animação fantástica, já basta para anotar a dica;
O Ultimato Bourne – prova que filme de ação pode ter uma trama inteligente e cenas espetaculares;
Os Indomáveis – releitura de um faroeste de décadas passadas muito bem conduzida pelo diretor e elenco com Christian “Batman” Bale e Russell Crowe;
Across the Universe – musical que homenageia Beatles, para fãs do grupo e de romances;
OBS: apesar de não estar na lista de indicados ao Oscar não deixem de ver o ótimo suspense/drama espanhol O Orfanato, que acaba de chegar em dvd. O filme era aposta certa como melhor filme estrangeiro, mas ficou de fora. Porém, fica a dica imperdível!
Depois da estréia de Sex and The City – O Filme, neste final de semana estréia Agente 86, outro filme baseado numa série televisiva, comprovando a difícil época de filmes originais pelas bandas de Hollywood. Se você acha pouco, ainda nesta temporada estréia, Arquivo X – Eu Quero Acreditar, segundo longa-metragem da já clássica dupla Mulder & Scully.
Estes filmes vão ser somados á longa lista de adaptações de séries televisivas para o cinema (ainda na moda junto ás adaptações de quadrinhos). Assim como ocorre em todos as febres hollywoodianas, enquanto alguns filmes caem em boas mãos e se transformam em filmes decentes, com direito a elogios de fãs, outros não servem nem como episódio especial (mais longo) e em casos de séries antigas, nem como homenagem.
Abaixo alguns bons exemplos de adaptações e outros que não valem nem para fã de carteirinha da série:
Filmes que ficaram tão bons quanto a série (ou melhor)
O Fugitivo – Excelente releitura da série dos anos 60, com direito a um Oscar para Tommy Lee Jones como melhor ator coadjuvante; Jornada nas Estrelas – Se esquecermos á Maldição dos filmes ímpares, lembrem-se que os melhores filmes são os pares, torcendo os dedos para que J.J. “Lost” Abrams acerte a mão na nova aventura da Enterprise; Miami Vice – Gosto da releitura de Micheal Mann (produtor da série) dando ares mais realísticos e abrindo mão do ar cafona dos anos 80 que ocupava cada minuto da trama praieira; A Família Adams (os dois primeiros) – Por favor, nem vou comentar as continuações posteriores, as adaptações que valem são aquelas com Raul Julia, Angelica Huston e uma jovem Christina Ricci, como Vandinha; Os Intocáveis – Outro excelente exemplo de releitura. Neste caso, Brian DePalma acerta a mão neste filme de gângster excepcional, com direito a um Oscar para Sean Connery; Missão Impossível – Vale pela abordagem apesar de achar que Tom Cruise ofusca demais os outros personagens. Teve três diferentes diretores, obviamente, que o primeiro de Brian DePalma é o mais regular;
Filmes que ficaram pior que a série
Os Vingadores – Maior fiasco dos últimos tempos, acho que a pior adaptação até hoje. Nada funciona, nem mesmo os efeitos especiais e o brilhante elenco (fora do filme, pelo menos): Uma Thurman (de couro preto coladinho, somente o que vale a espiada), Ralph Fiennes (pagando o IPTU) e Sean Connery (também pagando o IPTU); A Feiticeira – Não funciona porque ficou muito quadradinho na telona, sem graça e um pouco infantil, talvez tenha perdido a época (ficou nostálgico e ingênuo demais), mesmo tendo Nicole Kidman mexendo o narizinho; As Loucas Aventuras de James West – Esqueça Os Vingadores, este sim é o pior de todos. Outro exemplo onde nada funciona, a não ser o ego de Will Smith, tudo é exagerado e o roteiro um fracasso total; Perdidos no Espaço – Exemplo de como não adaptar uma série antiga na telona, elenco sem química, apesar dos nomes, filme sem emoção; Starsky & Hutch – Perdeu quase toda abordagem policial e virou uma paródia (divertida, sim, em alguns momentos) de si mesmo; S.W.A.T. – Peca por ter um roteiro muito fraco, principalmente o vilão, caricatural. O elenco também não segura as pontas e tudo se torna convencional demais;
Filmes com cara episódio especial (ou duplo)
Os Simpsons – Bem realizado com algumas boas piadas, mas não foge muito da estrutura da série, a não ser pela duração; Arquivo X – O Filme – Filme para fãs porque o roteiro privilegiou quem acompanha a série nas primeiras cinco temporadas. O filme estreou entre a 5ª e a 6ª temporada, e conseguiu acrescentar fatos importantes na mitologia da série, no entanto, desta maneira dificultou aos não iniciados. Em julho, os fãs poderão matar a saudade do universo e personagens desta excelente série; As Panteras – Só está aqui por não poder ser levado a sério, acerto da direção e do elenco que parecem se divertir mais do que nós que estamos assistindo. Além disso, Cameron Diaz sempre vale uma espiada; A Grande Família – Não acrescenta nada de especial a série para justificar sua exibição nos cinemas e o pior é que como comédia o filme é muito dramático em diversos momentos;
Não fazem nem 10 anos do lançamento de O Sexto Sentido, lançado em 1999, e de lá para cá, Bruce Willis continua sendo astro do primeiro time de Hollywood (agora, escolhendo melhores suas participações), Haley Joel Osment deixou de ser O menino-prodígio e desapareceu da mídia e, a grande dúvida que permaneceu, afinal de contas, seria M. Night Shyamalan (diretor e roteirista do filme) o herdeiro do trono pertecente a Alfred Hitchcock, O Mestre do Suspense?
A pergunta parece que irá demorar um pouco mais para poder ser respondida, neste final de semana estréia Final dos Tempos, oitavo filme do jovem cineasta indiano. Desde o sucesso estrondoso de O Sexto Sentido, que acabou virando fonte para cópia de diversos outros suspenses sobrenaturais nesta década – e quem já não fez referência a famosa frase “I See Dead People”, dita no filme? – o diretor tem aproveitado/sofrido com a valorização de seu nome em Hollywood, como se fosse o novo Midas do gênero.
Se tem um aspecto que se repete em sua filmografia desde O Sexto Sentido, além dos famosos finais surpresas, é o retrato de temas que parecem sempre ilustrar o confronto entre a ciência e a fé, ou como em seu último filme, A Dama na Ígua, a crença (fé) no mundo fantástico ou no mundo real. No entanto, algo que não se pode dizer de Shyamalan é que falta originalidade em seus roteiros. Reparem no seu filme de super-heróis, Corpo Fechado, erroneamente vendido como um filme somente sobrenatural – vai dizer que você já havia visto coisa igual?
Sou um pouco suspeito para comentar sobre os trabalhos do diretor porque mesmo em seus filmes onde a trama não parece corresponder com minha expectativa (vide Sinais e A Dama na Ígua), o cineasta possui uma capacidade de criar um clima tão angustiante e sombrio como pouco se vê atualmente (em tempos de edição picotada). Ao mesmo tempo, chama a atenção sua suposta arrogância lhe reservando participações em seus filmes, inicialmente em pontas, mas em seus últimos filmes papéis razoavelmente importantes, quando se observa que seu talento é mesmo atrás das câmeras ou do roteiro (isto quando não viaja demais).
Após O Sexto Sentido, as bilheterias de seus filmes vêm caindo seguidamente (foram: Corpo Fechado, Sinais, A Vila e A Dama na Ígua), apesar de ainda serem considerados sucessos. O nome do diretor já não é mais uma unanimidade em Hollywood, inclusive o próprio escreveu um livro relatando os bastidores de sua briga com produtores do estúdio do qual era contratado, e isto não pega bem num meio tão corporativo como a indústria cinematográfica.
Se Fim dos Tempos não colocar a carreira de Shyamalan nos trilhos novamente, algo que acredito que não ocorrerá devido aos primeiros comentários que tenho lido, o cineasta ainda terá a chance de ser o provável diretor da adaptação cinematográfica de Avatar, para alegria ou desespero dos fãs da animação.
Para quem é cinéfilo de carteirinha ou mesmo conhecedor do mundo cinematográfico sabe que os meses de outono/inverno por estas bandas (primavera/verão americano), as opções de filmes no circuito cinematográfico são pouquissímas. Quase que, exclusivamente, o espaço pertence aos blockbusters, com muito marketing dirigido ao público adolescente (normalmente, barulhento).
Obviamente, não estou questionando a qualidade (ou falta da mesma) nestes filmes, que tem por função principal: divertir. O que me desaponta é a quantidade de cópias (ocupando salas) que meia dúzia de blockbusters ocupam no circuito cinematográfico, deixando filmes mais adultos e alternativos restritos em salas específicas e de arte.
Como exemplo, cito as salas da minha cidade (5 salas), que a partir de hoje estará exibindo os seguintes filmes:
Sex and the City – O Filme – blockbuster feminino (será que isto pode virar um subgênero?), estréia da semana; Três vezes Amor – já lançado no circuito deve estar estreando agora porque semana que vem tem o Dia dos Namorados (genial, não?); As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian – blockbuster da semana passada, somente em cópias dubladas ainda; Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal – blockbuster de duas semana atrás; O Melhor amigo da Noiva – comédia romântica casamenteira que está fazendo bastante sucesso por aqui, outra opção para os Dia dos Namorados; Velocidade sem Limites – com um atraso considerável, uma opção de filme de ação para a gurizada que já assistiu aos demais blockbusters;
Quem como eu, que gosta de filmes variados e não somente um tipo, acaba por ficar sem opções nestes meses e nos próximos, já que a média de blockbuster estreando aumenta de um para dois a cada fim de semana. Assim sendo, filmes de diretores reconhecidos ou com uma tramas mais sérias e densas acabam ficando restritos a poucas pessoas ou a serem descobertos em dvd.
Só para citar alguns (elogiados pela mídia), por onde andam as cópias de filmes como: O Sonho de Cassandra, drama social de Woody Allen ainda na Inglaterra com Ewan McGregor e Colin Farrell; ou o delicado e belo filme de estréia da atriz Sarah Polley (a loirinha protagonista de Madrugada dos Mortos), como diretora, Longe Dela, sobre o Mal de Alzheimer, com excelente elenco; ou a estréia do diretor chinês Wong Kar-Wai em solo americano com o romance road movie, Um Beijo Roubado, com um elenco de estrelas, desde Rachel Weisz, Natalie Portman e a estréia da cantora Norah Jones?
Que Hollywood adora encontrar fórmulas milagrosas de sucesso, isso é, que vire muito dinheiro nas bilheterias, isto todo mundo está cansado de saber. Porém, a fórmula já mostra sinais de desgate em poucos anos.
Uma fórmula atual são os filmes FANTASIAS (épicos ou juvenis), que tiveram um de seus apogeus nos anos 80 em filmes como A Lenda (com Tom Cruise), O Feitiço de Íquila (aquele da Sessão da Tarde no qual Rutger Hauer e Michelle Pfeiffer eram amaldiçoados e se transformavam em lobo e águia, para nunca se encontrarem) e O Labirinto (com David Bowie). Na virada desta década, dois projetos desacreditados baseados em livros viram suas adaptações se transformarem num estrondoso sucesso de crítica e público: Harry Potter e a Pedra Filosofal e O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel.
Ressurgimento do gênero
Em ambos os casos, as adaptações cinematográficas dos outros livros das séries continuaram fazendo muito sucesso. Inclusive, O Retorno do Rei (terceira e última parte da aventura de Frodo e cia pela Terra Média) levou o Oscar de melhor filme no ano de seu lançamento. O sucesso das duas cinesséries pode ser devido ao respeito dos diretores e roteiristas pela obra original, direção de arte riquíssima em detalhes, efeitos especiais impressionantes e um elenco acima da média para o gênero.
Após o término da trilogia O Senhor dos Anéis e o contínuo sucesso da franquia Harry Potter, os demais estúdios “zoiudos” também resolveram apostar no filão, mas até agora nada superou os sucesso dos anteriores e, muito pelo contrário, se transformaram num fracasso retumbante.
Talvez a exceção seja As Crônicas de Nárnia, que fez um razoável sucesso internacional, mas que, particularmente, acho infantilóide e muito chato. Neste fim de semana, estréia a continuação As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian, numa tentativa de dar um novo gás á franquia de C.S. Lewis, ainda mais que existem outros livros a serem adaptados (apesar que dizem que o filme é mais adulto, portanto, quem sabe uma segunda chance…).
As demais aventuras fantasiosas não tiveram tanta sorte e foram esculachadas pela crítica e ignoradas pelo grande público, foram elas: A Bússola de Ouro, baseado na trilogia Fronteira do Universo do autor Philip Pulman, com Daniel Craig e Nicole Kidman no elenco, e Os Seis Signos da Luz, aventura juvenil baseado no livro de Susan Cooper, tão fraco e infantil que chega a ser constrangedor. Será que depois destes fracassos os produtores deixarão os filmes fantasias na gaveta novamente?
Neste mês de season finales das séries americanas tem me sobrado pouco tempo para assitir á filmes e ir ao cinema (ainda não vi nenhum blockbuster deste verão, shame on me). No entanto, nas minhas descobertas de filmes menores e desconhecidos acabei topando com o filme The Nines (aqui, no Brasil, ficará inédito nos cinemas sendo lançado diretamente em dvd pela PlayArte com o título Número 9), um dos filmes mais estranhos e bizarros que eu já assisti. Ainda não sei se gostei ou não, mas não fiquei indiferente.
Procurando algumas informações do filme acabei chegando nesta matéria que intitula a coluna do site gringo FirstShowing.net. No conteúdo, uma copilação de filmes lançados em 2007 (indicados pelo jornalista do site), dos mais diversos gêneros, que não arrebanharam um grande público (obviamente, não são blockbusters) e têm potencial para serem (re)descobertos. Alguns ainda permanecem inéditos por aqui outros já foram lançados comercialmente no Brasil nos cinemas ou diretamente em dvd. Em tempos de blockbusters dominando os cinemas fica aqui uma opção alternativa para os cinéfilos (isto se vocês já não conhecerem os filmes).
1. Across The Universe
A TRAMA: O filme conta duas histórias – uma, de amor, e outra, de uma geração, a dos anos 60 – por meio das músicas dos Beatles. Começa em Liverpool, ao som de “Girl”, de John Lennon e Paul McCartney, quando um trabalhador nas docas (Jude) decide pegar o navio e procurar o pai, que trabalha na universidade de Princeton, nos EUA. Lá ele conhece Lucy, um loira de classe média.
Talvez o mais conhecido por aqui da lista. Já disponível em dvd, é um deleite para os fãs de Beatles, contando com uma trilha de mais de 30 canções no filme, interpretadas pelo próprio elenco e convidados (Bono), e conta ainda com um visual belissímo, pena a história tão clichê. (disponível em dvd)
2. O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford
A TRAMA: Carismático e imprevisível, Jesse James foi o mais notório fora-da-lei da América. Ele planejava mais um de seus grandes assaltos, quando soube que seus inimigos, ávidos por glória e fortuna, haviam se lançado numa corrida em sua captura. James declara guerra a todos eles. No entanto, não poderia imaginar que a maior ameaça á sua vida viria de um dos homens em que mais confiava.
Uma das grandes surpresas para mim, este suposto faroeste é, na verdade, um estudo de personagens, especialmente Robert Ford, muito bem interpretado por Casey Affleck. A trama é um pouco arrastada necessitando ter paciência, mas, em compensação, o visual e a fotografia são únicos e fantásticos. (disponível em dvd)
3. Morte no Funeral
A TRAMA: Uma família desajustada se junta para o enterro do patriarca. Quando um homem misterioso aparece e ameaça chantagear a família com um embaraçoso e obscuro segredo do falecido, seus dois filhos, Daniel e Robert, tentam de tudo para não deixar que os presentes descubram.
Ok, sempre ter que haver uma comédia inglesa para rirmos das desgraças dos outros e do humor negro inglês. Vale uma espiada pelas situações inacreditáveis que podem ocorrer no enterro do patriarca da família tradicional. (disponível em dvd)
4. Fido, O Mascote
A TRAMA: Na cidade onde a família Robinson vive, é comum encontrar zumbis andando pelas ruas. Alguns toleram as estranhas criaturas, enquanto outros querem exterminá-los antes que a praga se torne insustentável. Um dos mortos-vivos sobreviventes á fúria humana é Fido, o melhor amigo do pequeno Timmy Robinson. O garoto fará de tudo para provar aos pais que seu amigo zumbi é bom o suficiente para fazer parte da família, o que se torna muito mais difícil quando Fido devora uma das vizinhas.
Permanace inédito para mim este misto de comédia e terror sobre zumbis domesticados, longa canadense que conta no elenco com Carrie Anne Moss (a Trinity de Matrix) e Billy Connoly.
5. Medo da Verdade
A TRAMA: Amanda McCready é uma menina que desapareceu ao redor de um bairro pobre de Boston. Quando começam as buscas, os dois detetives descobrem que há mais no caso do que apenas um desaparecimento.
Já diversas vezes elogiado por mim aqui no AOE, este suspense salva a carreira descendente de Ben Affleck, aqui muito bem atrás das câmeras, mérito do roteiro co-escrito pelo próprio ator, de um romance homônimo de Dennis Lehane (o mesmo do filmaço Sobre Meninos e Lobos).
6. Grindhouse – Planeta Terror & á Prova de Morte
A TRAMA: é um “filme duplo” americano, escrito, dirigido e produzido por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez. O filme é um homenagem aos filmes de horror dos anos 70. Há dois filmes dentro de Grindhouse: “Planeta Terror”, dirigido por Rodriguez, que mostra rebeldes lidando com zumbis enquanto enfrentam militares; e “Death Proof” (á Prova de Morte), dirigido por Tarantino, que mostra um dublê misógino que usa seu carro para matar pessoas. Entre os filmes, trailers falsos aparecem.
Ainda lançado pela metade, somente Planeta Terror ganhou as salas de cinema e os dvds. Cadê o filme de Tarantino, Europa Filmes? Nem preciso comentar que é uma vergonha á Prova de Morte ainda permanecer inédito por aqui. Ambos os filmes são, diria, filmes de fãs, enquanto o primeiro é para os fãs de terror gore o segundo é um prato cheio para os fãs do roteiro e fetiches de Quentin Tarantino, muitos diálogos cool e pop na ponta da língua do elenco feminino e pouca ação; mas quando esta surge é infreável (desculpem o trocadilho).
7. O Hospedeiro
A TRAMA: Na beira do rio Han, moram Hee-bong e sua família, donos de uma barraquinha de comida no parque. Seu filho mais velho, Gang-du, tem 40 anos, mas é um tanto imaturo; a filha do meio é arqueira do time olímpico coreano; e o filho mais novo está desempregado. Todos cuidam da menina Hyun-seo, filha de Gang-du, cuja mãe saiu de casa há muito tempo. Um dia, surge um monstro no rio, causando terror nas margens e levando com ele a neta querida de Hee-bong. É a hora da verdade para cada membro da família, que decide enfrentar o monstro em busca da menina.
Uma das melhores surpresas do ano passado, este filme sul coreano espinafra o cinemão americano e prova que é possível fazer um filme comercial de apelo popular sobre Monstro, sem perder a mão num ótimo roteiro que mistura suspense, ação, drama, crítica social e comédia. Imperdível! (disponível em dvd).
8. O Rei da Califórnia
A TRAMA: Aos 16 anos, Miranda já teve muitos desapontamentos na vida. Abandonada por sua mãe, ela larga a escola e se sustenta trabalhando no Mc Donald´s, enquanto seu pai Charlie está em uma clínica psiquiátrica. Quando ele volta para casa, Miranda vê sua vida mudada. Charlie se tornou obcecado pela idéia de que um tesouro espanhol está enterrado na região. Armado com um detector de metal e livros de caça ao tesouro, ele logo encontra razões para acreditar que o ouro está embaixo de um supermercado.
Já lançado em dvd, permanece inédito para mim, mas tem no elenco Michael Douglas e a gracinha Evan Rachel Wood (Across the Universe).
9. O Vigia
A TRAMA: Chris “Slapshot” Pratt, cujo futuro brilhante foi arruinado por trágico acidente, trabalha como funcionário da limpeza em um banco, e vê-se envolvido em uma tentadora proposta para realizar um golpe.
Uma boa surpresa este suspense com toques de drama, que ao invés de privilegiar o plano de assalto ao banco favorece o estudo dos personagens. Fiquem de olho no garoto Joseph Gordon Levitt (conhecidos por alguns da antiga série cômica 3th Rock from the Sun), que parece querer despontar como um dos melhores de sua geração. (disponível em dvd)
10. Sunshine – Alerta Solar
A TRAMA: No ano de 2057, o Sol está prestes a se extinguir e, junto com ele, a humanidade. A última esperança da Terra é a Icarus II, espaçonave tripulada por oito homens e mulheres, liderada pelo capitão Kaneda. Sua missão: transportar um equipamento projetado para reacender o astro-rei. Em meio á viagem, sem contato com a Terra, os astronautas ouvem uma preocupante mensagem de rádio da Icarus I, que tinha desaparecido ao tentar desempenhar a mesma missão sete anos antes. Um terrível acidente coloca em risco a missão e logo eles se vêem lutando não apenas por suas vidas e sua sanidade, mas pelo futuro de todos nós…
Também bastante conhecido por aqui, esta ficção de Danny Boyle é um dos poucos acertos do gênero nestes últimos anos, uma pena para quem é fã de ficção cientifíca. (disponível em dvd)
11. The Nines
A TRAMA: Um ator problemático, uma apresentadora de TV e uma designer de videogames vêem suas vidas serem misteriosamente interligadas em uma única narrativa que explora as relações entre autor e personagem, intérprete e papel, criador e criação.
Como disse acima, uma loucura de trama, parece um filme do diretor David Lynch, fica-se com a impressão de ter que ser visto uma segunda vez. Será lançado em dvd agora em Junho.
12. Angel-A
A TRAMA: André é um pequeno malandro intimado a saldar sua dívida com criminosos de Paris. Desesperado, ele vai até uma ponte, onde pensa em se jogar para acabar com sua vida. Porém, no mesmo lugar, ele conhece uma belíssima e alta loira. Deprimida, ela se lança á água. Salva por André, os dois passam a noite tentando resolver seus problemas… e um mistério.
Do conceituado diretor francês Luc Besson (sumido há bastante tempo, trabalhando mais como produtor), este filme mistura fantasia, comédia e romance, numa fotografia belissíma em preto-e-branco.
… e os inéditos
13. Talk To Me, um drama biográficode Kasi Lemmons; 14. Interview, drama intimista dirigido pelo ator (atuando também) Steve Buscemi; 15. The King of Kong, documentário de bastante sucesso internacional sobre um concurso entre fãs do game; 16. The Go-Getter, comédia dramática, na verdade um road movie, com elenco jovem, Lou Taylor Pucci (Nação Fast Food), Zooey Deschanel (O Guia do Mochileiro das Galáxias) e Jena Malone (Na Natureza Selvagem); 17. Everything’s Gone Green, comédia canadense de sucesso no circuito indie; 18. Delirious, drama com toques cômicos e um elenco de respeito, Steve Buscemi (de novo), Michael Pitt e Alison Lohman; 19. Air Guitar Nation, um documentário musical;
Assim como acontece com a sessão “tá na hora de trocar de agente”, que utilizo para designar a carreira decepcionante de certos atores (Jessica Alba, Cuba Gooding Jr., entre outros), a cada noticia que leio ou filme que vejo vez ou outra me dá a sensação “já vi este filme antes”.
O Casamento do meu O Melhor Amigo da Noiva
Digo isto porque Hollywood já tá cheia de continuações e refilmagens que, obviamente, não primam pela originalidade, então quando se acha que se verá um FILME NOVO, lá vem aquela sensação de dejá vù. O caso mais recente estréia neste findi e atende pelo nome de O Melhor Amigo da Noiva: desde que vi o trailer meses atrás, o primeiro pensamento que me ocorreu foi “isto aí é uma cópia descarada da comédia romântica O Casamento do Meu melhor Amigo, filme de Julia Roberts”, a única diferença é agora um homem lutando pelo amor de sua melhor amiga. Reparem na sinopse:
Tom (Patrick Dempsey) é um homem bem sucedido que sempre que pode se encontra com Hannah (Michelle Monaghan), sua melhor amiga. Quando Hannah viaja a negócios para a Escócia, onde passa 6 semanas, Tom descobre-se apaixonado por ela. Decidido a pedi-la em casamento assim que retorne de viagem, Tom é surpreendido ao saber que ela voltou noiva de um belo e rico escocês. Chamado para ser a “madrinha” do casamento, Tom reluta mas aceita o convite. Seu objetivo agora é impedir que o casamento de Hannah aconteça e tentar conquistá-la de uma vez por todas.
E aí o que acharam? Não lembra uma dúzia de outros filmes que posso classificar como comédias casamenteiras? Mesmo a instituição, casamento, sendo considerada decadente há alguns anos, diversas comédias resolveram apostar neste filão para arrancar risadas (e a mesmice toma conta das situações, até porque a cerimônia de casamento por si só já é um circo de bizarrices e eventos cômicos).
Exemplo de momento bizarro
Neste momento surgem na minha mente filmes como Quatro Casamentos e Um Funeral, longa inglês ótimo que revelou a produtora inglesa Working Tittle (que produziu diversos outras comédias de sucesso como Bridget Jones e Simplesmente Amor) e o ator Hugh Grant; Penetras Bons de Bico, com a dupla Owen Wilson (antes da tentativa de suícidio) e o sem noção Vince Vaungh, como penetras pegadores de mulheres em casamentos; e o mais chatinho deles, Noiva em Fuga, que possuía uma trama Zzzzz mas servia como reencontro do Casal 20 das comédias românticas, Julia Roberts e Richard Gere (pra quem não está ligando o nome á pessoa, Uma Linda Mulher).
Voltando ao filme O Melhor Amigo da Noiva, como eu não assisti a ele não vou pré julgá-lo, até porque o filme tem no elenco a gatissíma Michelle Monaghan (se você não lembra, loser, ela esteve presente em filmes como Missão: Impossível 3, Medo da Verdade e Antes só do que Mal Casado). Para as leitoras da coluna, o elenco masculino tem dois atores saídos de sucessos da telinha, Patrick Dempsey (Grey’s Anatomy) e Kevin Mckidd (Roma e Journeyman).
Vira e mexe o cinema resolve retratar o covarde conflito da raça humana frente a Mãe Natureza, uma questão sempre curiosa e mórbida (já que sabemos quem vence). Os gêneros enquadrados nesta temática, normalmente, se restringem a dois: os filmes catástrofes e o desgate físico/psicológico do Homem, isolado socialmente, tendo que enfrentar as agruras da natureza.
Os filmes catástrofes, já tema nesta coluna, sendo meu guilty pleasure favorito, são, atualmente, um subgênero de blockbusters: muito dinheiro envolvido, elenco reconhecido pelo público, mas o que interessa mesmo é a Mãe Natureza (na forma de meteoros espaciais, tempestades, ondas mortais, vulcões e etc), destruindo tudo que passa na sua frente junto a algum draminha familiar/romântico para nos identificarmos com os personagens que não irão morrer.
Porém, quando as tramas se concentram nos personagens, principalmente no comportamento deles, frente ao isolamento e a dureza de sobreviver ao ambiente selvagem e desconhecido, somos brindados com excelentes filmes como: O Naúfrago (com Tom Hanks e Wilson, você lembra?), O Homem Urso (documentário imperdível, já disponível em dvd) e O Sobrevivente (que, vejam vocês, é dirigido pelo cineasta Werner Herzog, também responsável pelo documentário acima, já disponível em dvd). Herzog, inclusive, é o principal nome deste cinema mais autoral que repetidamente busca em sua filmografia apontar as consequências do confronto Homem vs. Natureza.
No entanto, o filme que me inspirou a escrever a coluna é Na Natureza Selvagem, com direção de Sean Penn, ainda exibido em alguns cinemas e que irá ser lançado em dvd, agora, em Maio. Numa primeira impressão, a trama (no velho esquema baseado em fatos reais) parece ser apenas mais um filme de estrada (road movie), onde Christopher McCandless, um jovem recém-formado, decide viajar pelos Estados Unidos em busca de liberdade e aventura. Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida, assim como sua presença também modifica as delas. Até que, após 2 anos na estrada, Christopher decide fazer a maior das viagens e partir rumo ao Alasca.
Não sei vocês, mas eu não sabia como a história real terminava (obviamente, imaginava). Assim, esta viagem (física e mental) de Chris para exorcizar seus demônios, principalmente se livrar da hipocrisia e falsidade familiar (neste ponto o roteiro comete pequeno equívoco ao enfatizar com demasia esta questão familiar, como se fosse somente este o motivo da viagem de Chris) retrata, para mim, a busca por uma utopia muito interessante pela ótica de um personagem tão obstinado pela dita L-I-B-E-R-D-A-D-E.
Dos filmes que estavam na corrida do Oscar deste ano, Na Natureza Selvagem me parece ser um dos injustiçados, afinal, este belo filme foi somente indicado nas categorias de ator coadjuvante, para o veterano Hal Holbrook (numa participação emocionante, observem seu olhar), e de montagem. Além disson, a trilha foi composta pelo músico Eddie Vedder, que casa muito bem com o espírito indômito do personagem e do filme.
Com a estréia de Homem de Ferro (crítica aqui), chegamos num ponto onde o cinema de ação, ou os famosos blockbusters do verão americano, são em sua maioria adaptações de HQs. Somente nos próximos meses, além de Homem de Ferro, tomarão conta das salas de cinemas (de verdade, vira um verdadeiro monopólio): Batman – O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan; O Incrível Hulk, de Louis Leterrier; O Procurado, de Timur Bekmambetov; Hellboy 2 – O Exército Dourado, de Guillermo del Toro; e em dezembro (previsão de lançamento), Justiceiro – War Zone, de Lexi Alexander.
Somente como exemplo, o personagem Justiceiro ganhará sua terceira versão para os cinemas. Num longíquo 1989, os quadrinhos foram levados á telona com o branquelo Dolph Ludgren, ainda astro de filmes de ação na época, no papel principal. Depois dele Thomas Jane, já em 2004, assumiu o papel do vingador numa produção pouco comentada e muito criticada. Agora, em sua terceira versão, o papel de Frank Castle ficou nas mãos do desconhecido Ray Stevenson. Portanto, mesmo que o filme seja um fracasso os produtores não estão abrindo mão de reinventarem ou continuarem a saga dos heróis (ou anti-heróis) dos quadrinhos. Claro que há retorno financeiro, senão os projetos já estariam engavetados há muito tempo.
Há, pelo menos, uma dúzia de projetos sendo tocados neste momento, em que haja como trama a adaptação de HQ, com data já garantida para 2009 teremos:
The Spirit, previsão para 16 de janeiro, clássico de Will Eisner, dirigido pelo também criador Frank Miller. A trama está centrada em um homem que finge ter morrido e luta contra o crime na assombrosa Central City. O elenco da produção é composto por Samuel L. Jackson, no papel do vilão Octopus, Eva Mendes (Motoqueiro Fantasma) como Sand Saref, Scarlett Johanson (Ponto Final – Match Point) como Silken Floss, Gabriel Match no papel-título do herói The Spirit, entre outros. O visual parece ser o mesmo de Sin City.
Watchmen, previsão para 06 de março, o épico de Alan Moore está sendo recriado por Zack Snyder (o mesmo de 300). Para quem não conehce a trama, “Watchmen” é situado em uma América alternativa de 1985, na qual super-heróis fantasiados são parte da estrutura comum da sociedade, e o “Relógio do Juízo Final” – que marca a tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética – é permanentemente acertado em cinco minutos para a meia-noite. Quando um de seus antigos colegas é assassinado, o abatido, mas não menos determinado, vigilante mascarado Rorschach decide investigar um plano para matar e desacreditar todos os super-heróis do passado e do presente. á medida em que ele se reconecta com sua antiga legião de combate ao crime – um grupo desorganizado de super-heróis aposentados, dentre os quais somente um possui verdadeiros poderes – Rorschach vislumbra uma ampla e perturbadora conspiração que está ligada ao passado deles e a catastróficas conseqüências para o futuro. Na foto abaixo Jeffrey Dean Morgan (conhecido por suas participações em Supernatural e Grey’s Anatomy – sim, o Denny Duquette) aparece caracterizado como o personagem Comediante.
X-Men Origins: Wolverine, previsão para 01 de maio de 2009, sob a direção do estrangeiro Gavin Hood (O Suspeito e Infância Roubada). Pelo título já se sabe que o filme tratará da origem de Wolverine (melhor personagem de trilogia cinematográfica X-Men). A trama promete também diversas participações de mutantes conhecidos dos fãs e novos ainda inéditos na telona. Hugh Jackman volta como Logan/Wolverine, além dele, nomes como Liev Schreiber e Danny Huston estão confirmados no filme.
Em produção, mas sem previsão de estréia:
Babarella: clássico cult dos anos 60, com a belissíma – e sexy – na época, Jane Fonda, ganhará uma refilmagem nas mãos do mexicano Robert Rodriguez (responsável por Sin City);
Capitão América:, aqui vão ter que suar para tirar o ar canastrão e, extremamente, patriota do personagem. A direção ficará a cargo de Nick Cassavettes, uma escolha, no mínimo, inusitada, já que o diretor é conhecido por seus dramas e romances, como Diário de uma Paixão;
Luke Cage:, que ganhará as luzes no cinemas pelas mãos do diretor John Singleton, o mesmo de Shaft;
Punho de Ferro (Iron Fist): sob direção de Steve Carr, para quem não conhece o personagem (como eu): Danny Rand foi treinado em artes marciais ainda criança no místico reino de Kun Lun. Lá, ele aprendeu a concentrar energia espiritual em seu punho, tornando-o tão forte quanto ferro. Agora, ele utiliza suas habilidades e sua força sobrenatural no combate ao crime;
Thor: sob direção de Matthew Vaughn (quase diretor de X-Men 3), mais conhecido pelo policial inglês que revelou Daniel “007” Craig, Nem Tudo é o que Parece. A princípio, a trama deverá ser esta: o franzino doutor Donald Blake encontra uma bengala que se revela o magnífico martelo do deus do trovão. Ele se torna, então, Thor, e passa a combater diversos vilões. Ainda sem elenco definido;
Surfista Prateado: a única coisa interessante no segundo Quarteto Fantático, ganha filme solo com a direção de Alex Proyas, o mesmo diretor de outra adaptação dos quadrinhos, O Corvo;
No departamento dos rumores, produções que ainda não foram confirmadas, há Superman: Man of Steel e Homem-Aranha 4, além de inúmeras continuações das produções que fizerem sucesso comercial – ou não – citadas acima.