Com o início do Festival do Rio, no último dia 06, iniciei minha peregrinação de cinema em cinema. Todo ano, o objetivo é o mesmo: Tentar dominar o mundo assistir ao maior número de filmes que minha rotina permitir. Comecei a jornada por No Andar de Baixo, primeiro longa de David Farr, com a promessa de conferir um bom thriller psicológico. Em que pese alguns dos temas abordados tenham suscitado debates para um fim de semana inteiro, o filme não causou angústia ou desconforto, o que é um problema quando o gênero em questão é suspense, e não ofereceu nada que já não tenha sido feito. continue lendo »
Esse texto era pra falar do Festival do Rio, mas vou ficar devendo mais essa pra vocês. Por um bom motivo. Ontem me deparei com o perturbador documentário Amanda Knox, que saiu fresquinho do forno da Netflix diretamente para minha TV, e não consigo pensar em outra coisa. Para quem não lembra sabe da história, a jovem americana, então com 20 anos, foi acusada, em 2007, junto ao namorado Raffaele Sollecito, de ter assassinado a britânica Meredith Kercher, com quem dividia uma casa na belíssima Via della Pergola, Perugia, onde ambas faziam intercâmbio. Seus modos foram o primeiro passo para a presunção de sua culpa, que demonstrava – de acordo com as autoridades – frieza em relação ao caso. Após análises de DNA, encontraram três perfis em peças-chave: O de Amanda, de seu namorado e de Rudy Guede, imigrante com histórico de invasão domiciliar e assassino confesso da estudante. Foram quatro anos de prisão até a revisão da sentença. O caso se estendeu por oito anos, até que a Suprema Corte Italiana inocentou de uma vez Knox e Sollecito. Mas o estrago já estava feito na vida pessoal dos envolvidos. Ainda está. continue lendo »
Como você, enquanto feminazista, acreditou no texto mequetrefe daquele esquerdomacho do Gregório Duvivier?, me perguntaram algumas amigas por inbox, depois que – além de compartilhar sua declaração à ex no Facebook – fiz textão refletindo sobre. Não sei. Anarcomacho, direitomacho, centro-direito macho. Macho é macho. Ser eleitor do PT não faz dele nem santo, nem diabo. E, enquanto heterossexual, já tive que dar o benefício da dúvida para homens menos poéticos, famosos e influentes entre jovens do que Gregório. Sobrou muito Kleenex borrado de maquiagem pra contar história, mas ninguém me julgou por isso.
O humor de Gregório não me agrada. Tampouco sua carreira como colunista, humorista, escritor e ator. Idem para Clarice Falcão. Sua música me interessa quase nada. Assim como sua comédia, que conheci através do Porta dos Fundos e por lá ficou. Mesmo assim, Gregório & Clarice conseguiram me fazer refletir. E, apesar de estupefata por esse feito, não me envergonho por ter sido tomada de assalto pelo texto e ter visto tudo de mim, ali.
No primeiro Pânico, de 1996, Ghostface pergunta às suas vítimas: Qual é o seu filme de terror favorito?. Wes Craven começava uma nova era do gênero, uma espécie de metafilme. Não exatamente uma paródia, porque envolvia toda uma trama pensada para não ser óbvia, mas brincava com a invencibilidade dos assassinos e a estupidez dos jovens, marca principal do subgênero que mais ascendeu na década de 1980, os slasher movies. A franquia de Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado, lançada no ano seguinte, seguiu a mesma linha. A sequência do original tem uma cena inesquecível. O vilão bola um concurso de rádio e tudo o que a protagonista precisa responder é o nome da capital do Brasil. “Rio de Janeiro!”, exclama animada. E ganha as passagens pra passar uns dias morrendo nas Bahamas com seus amigos. continue lendo »
Quando Simone de Beauvoir disse a (Recentemente) polêmica frase: “Não se nasce mulher, torna-se”, não precisa ser muito inteligente para entender que ela não fala do aspecto biológico. Tampouco sobre identidade de gênero. Mas sim sobre os papeis que devemos performar uma vez que o médico dá aquela batida nas costas para chorarmos e anuncia: É uma menina. Desde cedo, somos consideradas emocionalmente frágeis, fisicamente fracas, histéricas, dramáticas. Mas prendadas. Belas, recatadas e do lar. Para casar. Alvos fáceis, cujas vozes não merecem ser ouvidas sequer pelo maior esquerdomacho feministo do rolê. Nascemos para ser mães, esposas. Uma compulsoriedade de papeis que o mundo faz crer que nos pertencem, até que os desejamos, mas que apenas servem para nos despersonalizar enquanto indivíduos. Ser mulher é um mundo cão. Não há contestação quanto a isso. continue lendo »
Cubo é um thriller algo popular. Foi lançado em 1997 e, salvo as diferenças, foi um Jogos Mortais que deu menos certo. Enquanto o (Quase) debut de James Wan rendeu uma franquia milionária, mais materialista do que distópica em relação à Cubo que, além de render sequencias ruins, como Hypercubo e Cubo Zero, inspirou um recurso muito curioso: A alienação de desconhecidos, que precisam definir estratégias para sobreviver, em um espaço claustrofobicamente desconhecido.
Jogos Mortais se utiliza desse recurso fugindo das referências sci fi nas quais sua “contraparte” canadense mergulha. Mas, em geral, os filmes que optam por esse caminho, seguem a uma cartilha para fugir das consequências de raios lasers, armadilhas tecnologicamente avançadas e outras drogas. Lembrando que, excluindo o desespero de ser mira de alguma conspiração, essa história já foi vista naquele lugar que gosto muito de visitar… Além da Imaginação. Para os curiosos, vale conferir o episódio Five Characters in Search of an Exit.
Mas como o lance aqui é dica de cinema e não dicas eternas de Twilight Zone, vamos seguir em frente porque esse texto não vai se escrever sozinho. E todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite: Café e contemplação. continue lendo »
Hello, party people! Hoje eu vou falar de dois filmes que são bem diferentes e, ainda assim, muito parecidos. Tanto o ritmo, quanto fotografia e atuações me fizeram linkarCoerência e O Convite. A convergência é tão grande que ambos se desenrolam no mesmo contexto: Uma inocente reunião de amigos que desanda espetacularmente.
Eu tentei resenhar cada um separadamente, mas o bloqueio criativo foi tão intenso que parecia mais com um parto de uma gravidez psicológica. De alguma forma, é como se os dois se complementassem, apesar de compartilharem mais diferenças do que semelhanças. Vamos parar com o gerador de lero-lero e cair nas dicas. continue lendo »
Minha relação com Nicolas Cage é um caso a ser estudado. Não escondo de ninguém minha implicância sabendo que, algumas vezes, é injustificada. Não é mau ator, mas atua em filmes que o fazem parecer pior do que de fato é. Mais um megalomaníaco que precisa trabalhar em um volume absurdos para sustentar seus excessos econômicos do que qualquer outra coisa. Nada contra até ai. Muito pelo contrário. Até me identifico.
O fato é que de tempos em tempos fico kinda obcecada por ele. Tipo essa semana. Hoje. Agora. Então, como ele tá fresquinho na minha memória, vou dar uma segmentada e selecionar os filmes bons, para fazer justiça, e os tão ruins que são bons. Ou seja, eu estava errada desde o início: Ele é foda e só faz filme TOP. 100% de aproveitamento.
Depois que minha resenha sobre Invocação do Mal 2 caiu na boca do povo da minha timeline, deflagrou-se entre meus contatos uma discussão no Facebook sobre a qualidade dos filmes, expectativa vs. realidade, o que o gênero perdeu nas últimas décadas e como eu sou uma pessoa rígida, só porque achei (E repito!) uma bela bosta. Em algum momento, em meio à uma troca bacana de sugestões cinematográficas, caí no canal de David Sandberg e Lotta Losten, casal famoso por produzir curtas caseiros de terror. E eu achei sensacional, porque o horror reside nas pequenas coisas. Você não precisa de uma história grande para provocar medo, apenas uma grande história. E uma dose de esmero na produção.
Esse é mais um Primeira Fila, diretamente do Rio de Janeiro pra você. Eu sou Nelly Kruczan e hoje vou te dar dicas de curtas de terror marotos que humilham esses longas que a gente vê por ai. Pega o cobertor, coloca até o topo da cabeça e não esqueça do dedão do pé pra fora. Nunca se sabe. continue lendo »
Invadi essa bagaça, com enxadas na mão e armas engatilhadas, mas o terreno tava vazio, então foi pacífico. Mas me instalei para, toda segunda-feira, dar diquinhas de filmes. Novos, velhos, obscuros, gótico-rurais, pra ver debaixo do edredom com o crush e qualquer coisa que vocês sugerirem, porque sou dessas.
Vou começar deixando seu início de semana mais bonito, falando desse que – de príncipe das comédias românticas ruins, como Trovão Tropical e, outras nem tão ruins, eu estou falando de Como Perder um Homem em 10 Dias – virou o queridinho de Hollywood ao vencer o Oscar por sua atuação em Dallas Buyers Club e com seu enigmático Rustin Cohle, na maravilhosa primeira temporada de True Detective.
AVISO: Tem um Matthew McConaughey desfilando pelo Bacon Frito.