Prá variar, eu estava lendo o Estadão e achei uma notícia sobre um site que conseguiu uma campanha política de George Wallace em forma de história em quadrinho. George Wallace é o governador racista que tentou impedir dois negros de entrarem na faculdade lá pelos anos 60, e eu só lembro disso porque esse episódio é contado no filme Forrest Gump. De qualquer forma, abri o tal site. E quer saber? A campanha política de George Wallace é o de menos nesse site! A página Comics With Problems é um verdadeiro achado. Ali existe uma compilação no que há de mais tosco mais politicamente correto para ajudar crianças e adolescentes a não usarem drogas, reportarem abuso sexual, evitarem AIDS e outras coisas desse naipe.
Bem que eu desconfiei que essa coisa de aranha prá cá, aranha prá lá, era só disfarce.
Uma das que mais gostei foi o gibi que faz apologia contra a maconha. A mina é ginasta, toda certinha, e puxa fumo só prá tentar impressionar um cara de quem está a fim. Adorei a parte que ela vai treinar completamente chapada.
A safada dando um peguinha e chegando toda lesada no treino. Ia ser legal se ela desse pala na frente do treinador, né?
Seria uma ótima idéia re-editar essa espécie de gibi e distribuir em escolas, daí talvez o negócio funcionasse. Essas hq’s do site são da década de 60, por isso que soam ridiculamente obsoletas, caretas ao invés de corretas e mais me fizeram rir que refletir. Mas a essência -orientar e auxiliar jovens- não deixa de ser boa.
Uau, dei pulinhos de alegria quando soube disso \o/
A inglesa Agatha Christie é uma das autoras mais lidas no mundo todo, mesmo após 31 anos de sua morte. E não é por acaso: suas histórias de detetive são fascinantes. Eu já devo ter lido uns 40 livros dela (ela publicou 66 no total, excluindo contos e peças) e recomendo pelo menos uma dúzia como MUITO bons.
Christie é a criadora do simpático e cabeçudo detetive Hercules Poirot (que já virou até seriado de TV. Não recomendo, achei que adaptado prá TV ficou muito chato, mas tem inúmeros fãs da série que alegam exatamente o contrário. Enfim, fica a dica) e da fofoqueira -porém genial- Miss Marple. É também autora de títulos-peso como O Caso dos Dez Negrinhos (no original Ten Little Niggers); um dos livros mais FODAS que já li, com uma história intrigante e com um plot twist sensacional e Assassinato no Expresso do Oriente, com adaptação para cinema (1974) e TV (2001), esta última que incorpora só Alfred Molina no papel de Poirot.
Molina como Poirot. Você sabia que o nome do detetive se pronuncia “poarrô”? Pois é, 90% das pessoas não sabem.
Bom, mas vamos ao que interessa (heh): os quadrinhos. Ao todo serão 83, sendo que os 12 primeiros serão lançados em setembro, e o restante em 2008. A má notícia é que ainda não sabemos se serão traduzidos e publicados no Brasil. Só nos resta cruzar os dedos e torcer, porque parece que o trabalho ficou bem legal.
Página da adaptação de Assassinato no Campo de Golfe. ó o Poirot ali!
Os 12 primeiros quadrinhos devem ser publicados na Inglaterra entre os dias 9 e 15 de setembro.
Certo, suponho que Transmetropolitan não seja completamente desconhecido por aqui. A HQ foi lançada aqui no brasil pela Brainstore, faz algum tempo, mas os caras pararam de lançar a revista durante o arco “O Ano do Bastardo”, lá pela décima nona revistinha. Para quem conhece e já leu, recomendo que leiam mais uma vez. Para quem já ouviu falar e não leu, recomendo que leia e pra quem nem ouviu falar, eis aí sua chance pra largar de ser TANGA.
A HQ lançada pela Vertigo (o mesmo selo da DC que lançou Sandman), que tem um clima completamente cyberpunk numa atmosfera futurista, tem tudo o que precisa pra fritar seu cérebro enquanto você lê: Polêmicas políticas, religiosas, sociais… enfim, todo o podre da humanidade, e o mais puro ódio urbano em quadrinhos.
O mais interessante nesse maravilhoso trabalho de Warren Ellis é que, por mais que se aponte a toda hora que o trabalho é de ficção extrema, é possível notar claramente que a revista é extremamente realista. A coisa toda funciona como uma ótima ironização da cidade grande nos tempos atuais, sendo mostrado tudo o que acontece hoje em dia, mas de um modo mais alegórico e exagerado: Como a mídia cria e destrói rápido as “tribos” da cidade; religiões que surgem como Frankenstein, a partir de pedaços retalhados de outras religiões/ideologias/o que quer que seja; a polícia sendo usada como a mão pesada de ferro de políticos corruptos; a noção de como o ser humano lucra vendendo meios para outros seres humanos se auto-destruírem(aliás, a idéia da ebola cola foi simplesmente fantástica); entre diversas outras coisas.
A HQ gira em torno de Spider Jerusalem, um colunista do jornal The World que largou o jornalismo para viver o maior tempo possível nas montanhas, longe da civilização. Quando as contas começam a apertar e uma editora a cobrar o livro que ele se propôs a lançar, Spider se vê obrigado a voltar á cidade atrás de dinheiro, usando de todo o seu ódio doentio para escrever sua coluna semanal.
Recomendo que, ao ler a HQ, o leitor preste bastante atenção em cada detalhe dos quadros, pois várias sátiras maravilhosas ao mundo atual podem ser vistas no canto mais escondido de um quadro sem importância.
Enfim, o negócio é torcer pra que algum dia alguém resolva lançar o resto das sessenta edições da revista aqui no Brasil, porque Transmet sem dúvida nenhuma deixa qualquer Sandman no chinelo. Espero que a bagaça volte a ser exibida por aqui logo, porque, rapaz, PENSE numa HQ do caráio!