Spoiler é bom?

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 02 de junho de 2008 – 17 comentários

Sabem, eu não ligo pra spoiler, mas tem muita gente que considera isso a pior coisa do mundo. Estava lendo a coluna do Paulo sobre o fim das séries e percebi que ela era cheia de citações que poderiam acabar com a graça de alguns fatos para os fãs de séries. E na literatura, os spoilers são assim tão graves também?
Como disse, eu não ligo pra spoiler. Mas é só pelo fato de que eu gosto de saber como é que aquilo acontece, o caminho que se percorre para chegar áquele ponto. Contar um final de livro pra mim pode ter duas conseqüências: Ou eu ignoro completamente e continuo como se nada tivesse sido dito ou eu fico mais empolgado, pra ver como que aquilo irá acontecer. Saber o que acontece pode ser um incentivo diferente para eu continuar a ler, ajuda até. Mas isso porque não me apego a histórias por muito tempo, no máximo por algumas semanas.
Mas, qual é objetivo de alguém quando conta o final de um livro? será que é pra acabar com toda a graça e felicidade que a pessoa poderá ter ou é um ato de filho da puta, normal até para alguns?
Vamos ver um fato recente. Na época do lançamento do último livro de Harry Potter, teve aquilo do livro ter umas versões que saiu algumas semanas antes. Centenas de pessoas se aproveitaram desse problema para acabar com as esperanças e teorias de fãs pelo mundo inteiro, contando fatos que aconteciam muito tempo antes do lançamento, uma beleza. Admito que eu fiquei tentado a fazer o mesmo aqui no Brasil na estréia do livro em inglês, mas muitos problemas aconteceram e me impediram de continuar com o plano, mas isso não vem ao caso agora. O que importa é que muitos outros fizeram o mesmo e acabaram com a graça do livro pra muitas pessoas. Até hoje ouço reclamações de algumas pessoas que estão inconsoláveis até agora.
Mas depois de perceber umas coisas, cheguei a uma conclusão sobre isso tudo: Essas pessoas que se decepcionaram com o final revelado antes são as mesmas pessoas que não lêem muito. Esse era o único livro que elas acompanharam desde o começo, era a única coisa que eles tinham expectativas. Logo, a questão delas se concentrarem demais em criarem esperanças sobre isso fazia com que elas se decepcionassem mais com o que aconteceu.
Isso tudo que escrevi até agora é baseado em observações minhas sobre esse fato, algo contestável e passível de mudanças, é claro. Depois que tentaram acabar com a graça de alguns livros que eu lia, eu fiquei meio que imune a spoilers de qualquer tipo de mídia. Acho que essa é a melhor maneira de escapar deles, pois quando você não liga pra um, é como se ele não tivesse sido dito, acho que é mais ou menos isso.
A melhor parte de tudo também é quando você inventa spoiler, só pra criar falsas expectativas. O spoiler falso favorito meu consiste em dizer “não é esse que o (nome do personagem principal) morre no final?”. Te digo que já vi centenas de reações sobre isso, muitas delas impossíveis de narrar aqui. O foda é quando você acerta, aí sim é que os problemas só começam…
Nas resenhas de livros também rolam uns problemas desse tipo. Qual a hora certa de parar de contar o enredo de um livro para que ele ainda tenha a mesma graça para que irá ler? Estive lendo algumas resenhas essa semana que passou e vi que muitos que as fizeram não souberam parar, cometendo o erro de passarem do ponto e contarem o final do livro. Acho que isso é uma cagada das feias, mas enfim, não é todo mundo que consegue segurar a sua empolgação sobre algo e parar na hora certa.

Músicas em livros

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 26 de maio de 2008 – 3 comentários

Sabem, músicas em livros são legais, fazem entrar no clima do livro. Não importa se a música é exclusiva do livro, como as feitas só pra ele pelo próprio autor ou as que são citadas em trechos e que são de conhecimento de todos, elas dão um toque diferente á obra.
A chance de poder escutar naquele momento o mesmo que um personagem legal estava escutando, ou saber o que certo momento teve de diferente com alguma música é sempre uma experiência nova. Não são muitos livros que têm isso, pelo menos os poucos que conheço eu gosto muito.
No cinema, não há esse problema, afinal, a trilha sonora está aí pra isso. Em teatros ou em qualquer lugar sempre tem alguma música de fundo, o que auxilia bastante na imersão da pessoa com o ambiente. Já com a literatura não é possível isso. Um livro pode acompanhar um CD, mas não será a mesma coisa se não há estímulos suficientes para que certa faixa seja escutada em alguma parte. É claro que umas pessoas preferem ler com o maior silêncio possível, mas acredito que essas são uma minoria que ainda não teve as experiências corretas. Mas e quando o livro além de não ter músicas conhecidas mostra os personagens cantarolando elas?
Um deles é o clássico Senhor dos Anéis, que tem algumas canções que são legais. Não vou citar elas aqui, seria sem sentido e poderiam acabar com a graça de algumas partes. Mas digo que elas fazem com que tudo o que acontece no livro tenha um momento em que dá pra pensar nos personagens e aprofunda um pouco mais a personalidade de cada um.
Essas músicas que são cantadas por lá são criações de Tolkien, são marcantes e fazem com que algumas pessoas a fiquem cantarolando os trechos por alguns dias depois da leitura. Eu sei disso porque fiquei cantarolando uns trechos. Apesar de não terem ritmos definidos, elas parecem que já acompanham um ritmo das palavras, que ditam a maneira que a música deve ser pronunciada. Pode ser algum tipo de loucura minha, o que eu não duvido, mas acredito que não sou o único que faz isso.
Para não me alongar muito no tema, falarei agora de outro livro que tem músicas, mas músicas conhecidas. O livro que estou falando se chama Almost Blue de Carlo Lucarelli, uma publicação da editora Conrad. Nesse livro, um assassino que se intitula Iguana, mata pessoas e tenta se tornar elas. “Tá, mas e onde a música entra nisso?“. É simples, pequeno perguntador, a música entra em cada um dos assassinatos que ele faz. Desde o título do livro até cada um dos capítulos, a musica está presente. Em trechos e no título você pode reconhecer músicas como Reptile do Nine Inch Nails ou a própria Almost Blue de Elvis Costello. Tem outra música, mas não direi qual é, leiam que vocês descobrem mais sobre.
Bom, um exemplo de um livro com música na cara e outro com músicas que se impõem a você. O que mais precisamos pra hoje? Recomendo trilhas sonoras de filmes para acompanhar a leitura de alguns livros. Ou as músicas de um grupo chamado EPICA, com letras quase inexistentes e ritmos marcantes. Mas isso é música, não é minha praia, recomendo só o que eu gosto. Agora, ouçam música, ajuda muito a se concentrar.

Overdose Sci-Fi: Diferenças entre mundos de ficção científica

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 19 de maio de 2008 – 0 comentários

Essas diferenças entre os mundos de ficção científica é o que mais me diverte enquanto leio as obras. Enquanto me preparava para o Overdose, li 19 livros de diversos autores, mas 3 em especial me chamaram a atenção, pois suas obras eram muito iguais em abordagem de temas mas os mundos que eram apresentados aos leitores eram um tanto diferentes de um para o outro.
Começando por Isaac Asimov, que aqui você já pode conferir a resenha de alguns livros dele, como Eu, Robô e O Homem Bicentenário. Ele era um cara que escrevia muito, mas quando digo muito, era realmente bastante, escrevia tanto que eu cheguei até a ter dificuldades pra escolher quais livros dele falar mais, mas isso não vem ao caso. Suas histórias falavam sobre um futuro que a humanidade era bem desenvolvida, mas tudo com a ajuda da robótica, e os robôs eram regidos pelas três leis da robótica, que garantiam que eles nunca iriam machucar um ser vivo e sempre obedecer qualquer ordem, se não fosse contra as regras.
O segundo autor em questão é Arthur C. Clarke, escritor de 2001: Odisséia espacial e que morreu nesse inicio de ano, que também tem suas histórias focadas em viagens espaciais e como não pode deixar de ser, inteligências superiores a da raça humana, seja criada ou muito mais antiga que o próprio universo.
O terceiro autor só entrará em campo daqui a pouco. Primeiro de tudo, vamos fazer com que esses dois autores entrem na porrada tenham suas diferenças apresentadas, só pra facilitar um pouco.
Enquanto um era O CARA pra falar sobre tecnologia e sobre um futuro que era mais parado, que ficava mais tempo no planeta e que demorou séculos para conseguir se expandir, o outro foi mais otimista, falando sobre viagens distantes em anos que já se passaram atualmente. As tecnologias também eram regidas por diferentes aspectos. Enquanto em um os robôs eram apenas auxiliares, muitas vezes sendo considerados menos do que isso, em outro a tecnologia tinha um papel por vezes superior ao confiado a humanos. Mas apesar de serem diferentes, eles compartilhavam vários tipos de idéias parecidas, como essas mesmas tecnologias com problemas que muitas vezes davam mais trabalho do que ajudavam. Vide HAL-9000 para mais detalhes. Ô computador mais… filho da puta.
Agora que esses dois já foram meio que comparados, vamos colocar mais um na linha de tiro. O autor que entrará agora é um cara que falava do futuro como se fosse um reflexo de um passado muito sujo, com drogas, assassinatos, lixo, muito lixo, destruição e sociedades muito relaxadas. O autor que estou falando se chama Philip. K. Dick.
Suas histórias sempre tinham (tem, livros são eternos) elementos que fazem com que o futuro, muitas vezes mostrado como um lugar frio e com pessoas muitas vezes reservadas demais, tenha um lado mais humano, com pessoas divertidas, fazendo coisas que não se diferenciam muito das feitas atualmente. as inteligências superiores ainda estão por lá e as viagens planetárias também, mas elas são muito diferentes. Em uma das histórias do livro de contos O Vingador do Futuro, chamada A Mente Alienígena, há um bom exemplo de como formas alienígenas podem ser maldosas e bem humoradas ao mesmo tempo. Esse livro é um pouco difícil de encontrar por aí, mas se encontrar, pegue pra ler nem que seja essa história, pra entender o que estou dizendo.
Mas o que podemos concluir disso tudo? Que o futuro é um lugar que ainda não existe, pelo menos não da maneira que eles falam. Se fosse pra escolher, pegaria o futuro de Phillip K. Dick. Se é pra viver num futuro, quero que ele pelo menos tenha coisas legais para se fazer.

Linguagens Diferentes

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 12 de maio de 2008 – 8 comentários

Antes de tudo, não estou falando de idiomas estrangeiros. Isso se a pessoa for esforçada, é uma barreira que é facilmente quebrada, é só questão de estudar para entender o conteúdo de uma maneira satisfatória. O que irei falar aqui hoje são aqueles livros que, não contentes com as palavras e gírias já existentes, acabam criando outras mais para ajudar na tarefa de contar a história. Ou não, as vezes é só pra dar um toque diferente a obra, dependendo do estilo.
Um dos livros que realmente me deu um nó no cérebro nas primeiras páginas, sendo necessária fazer uma visita praticamente a cada parágrafo ao glossário no final, é o Laranja Mecânica. Chamada de Nadsat, ela foi criada pelo autor do livro, Anthony Burgess, que misturou algumas palavras russas e inglesas, criando um dialeto que em certas partes pode ser confuso. Mas sem isso, o andamento da história poderia ser muito diferente. vamos a um exemplo:

A próxima coisa a se fazer era a ação sâmie, que era uma forma de descarregar uma parte de nosso cortador, assim pra gente ter mais um incentivo pra crastar alguma loja

Isso é uma das partes logo no inicio do livro, que como podem ver, tem 3 palavras estranhas que sem o glossário no final ficariam sem sentido algum. Sâmie é generoso, uma das únicas palavras que encontrei sentido, pois as outras não apareciam em minha cópia do livro – mas com a leitura avançando, elas foram tendo um significado.
Outro que me lembro que tem algumas palavras diferentes, que realmente chamam a atenção é 1984, de George Orwell. Nesse livro, um futuro em que tudo era governado pelo Grande irmão, onde nada era definitivo, o passado mudava o tempo inteiro para se adequar ao presente, e a linguagem era algo nada definitivo. Novilingua é com se chama esse novo idioma no livro, um idioma que se concentra em não criar novas palavras, mas condensar, juntar palavras e remover todas as dispensáveis de um vocabulário. Tudo isso era para que as idéias fossem dadas da maneira mais simples possível, um idioma definitivo, para que as pessoas não pudessem raciocinar com liberdade. Algumas das palavras citadas são muito interessantes, como as abaixo, copiadas na cara dura da Wikipédia:

* Duplipensar – Duplo pensamento, duplicidade de pensamentos, saber que está errado e se convencer que está certo. “Inconsciência é ortodoxia”.
* Crimidéia – Crime ideológico, pensamentos ilegais
* Impessoa – Uma pessoa que não existe mais, e todas as referências a ela devem ser apagadas dos registros históricos

São citadas muitas outras, mas como meu volume desse livro está perdido em algum lugar, não tenho como pesquisar outros mais no momento.
Mas isso não é exclusividade de livros estrangeiros. Livros brasileiros também tem suas gírias e idiomas próprios. A maioria não passa de linguagens cifradas, como a usada em A droga da Obediência, de Pedro Bandeira, mas isso não quer dizer que eu a deixe de lado, certo?

A = ais
E = enter
I = inis
O = omber
U = ufter

Nada muito complexo hoje, mas quando eu era mais novo isso foi algo que me incomodou por alguns bons dias. Até que resolvi continuar e chegar ao final o mais rápido possivel.
Pra finalizar, vamos as palavras que citei no titulo:

MINGO DUPAL

dupal: cara muito incrível
mingo: cara realmente muito incrível
Duas palavras, que realmente dizem mais do que parece. São citadas em O Guia do Mochileiro das Galáxias, em uma frase muito louca, que não citarei aqui. Leia o livro que você ganha mais. Já devem ter percebido que, pelo tanto que cito esse livro aqui, ele deve ser algo muito bom, mas isso falarei em outra oportunidade muito próxima…

O perigo de um livro

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 05 de maio de 2008 – 2 comentários

Ahhhh, livros perigosos, como ficar sem eles? Antes de tudo, estou falando de livros que tem um tema um pouco diferente do usual, daqueles que quase ninguém escreve sobre ou falta coragem pra isso. É claro, eu poderia estar falando sobre isso aqui:

Mas isso ainda não vem ao caso ainda, talvez em uma futura coluna…
Enfim, como estava falando, a algum tempo atrás o Thiago fez um NTOP10 sobre Os 7 Livros Mais Prejudiciais a Sua Mente, livros exatamente focados nisso, na arte de te deixar meio diferente depois da leitura; se melhor ou pior depende muito.
Mas antes de tudo, vamos a questão principal: Porque ler esse tipo de livro?
A resposta é simples: É legal, apenas isso. Mas não é apenas por ser legal, esse tipo de livro é aquele tipo que dá a impressão que tudo irá mudar depois de o ler, que tudo será diferente. Claro, se você é um cara parado, que nunca faz nada e espera tudo acabar para tentar um espaço depois baseado nas idéias alheias isso não é lá grandes coisas, essa sensação de tudo mudar deve durar uns… 40 minutos apenas.
Mas para certas pessoas a sensação de tudo mudar é bem forte, pois deve ser um tipo de pessoa que a mensagem é passada mais forte, que o impacto da leitura fica um pouco mais evidente. Iria falar aqui de como um livro desses é aceito por uma pessoa desse tipo, mas não o farei. Primeiro, porque não tenho nenhum caso de pessoa assim para contar, pelo menos não ainda e segundo, isso iria ficar longo demais com um relato, e não quero que ninguém aqui durma, pelo menos não nesse ponto.
Tenho alguns desses livros em minha prateleira, e alguns deles são aqueles que eu tenho certeza que se eu emprestar ou os deixar a vista, nunca mais os verei. Por exemplo, esse livro que pegou a 7ª posição, o CAOS – Terrorismo Poético & Outros Crimes Exemplares (Hakim Bey). O único tipo de pessoa que poderia pedir esse livro emprestado é aquela que já conhece algo sobre o CAOS, que ao reconhecer as palavras já é acometido pelo impulso de ter aquele livro, colocar em prática algumas idéias. Como eu sei que se ele ficasse a vista ele seria roubado na primeira oportunidade, deixo ele guardado em outro lugar, por garantia.
Mas voltando a literatura perigosa, ela é capaz de fazer danos ao cérebro de maneiras irreversíveis. Capaz de alterar comportamentos, maneiras de enfrentar problemas, percepção da realidade, alterar a consciência, esses livros deveriam ser essenciais a qualquer um, afinal, se algo é capaz de mudar tudo isso, pelo menos passar os olhos por eles todo mundo deveria fazer.
Idéias tão fortes que não podem apenas ficar no papel, são essas coisas que tem que ser apreciadas por todos. Agora, saiam de minha frente, vão viver um pouco, colocar idéias em prática, não importa o quão loucas elas sejam. Voltem semana que vem para novas instruções, se ainda estiverem vivos.

Autógrafos

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 28 de abril de 2008 – 13 comentários

Sabem, autógrafos em livros não passam de rabiscos feitos pelo autor da obra que por um grande acaso você tem. Só que não é um simples rabisco, ele é, dependendo do tipo de livro e do estilo do autor, uma das coisas mais gratificantes para uma pessoa que acumula livros, seja porque quer ou porque coleciona.
No momento que escrevo isso, acabo de perder a chance de ter minha edição de Curva de rio sujo de Joca Reines Terron autografada. Numa tarde que ele esteve em uma livraria em Curitiba, tentei ir pra casa e pegar o meu livro, mas quando voltei, não tinha mais nada lá.
Isso que lhes contei seria o meu primeiro livro autografado. Podem falar que é um autor desconhecido, que ninguém dá a mínima, o que pode ser verdade, mas se eu tivesse conseguido essa coluna teria um tom diferente.
Enfim, um autógrafo é a prova de que você teve algum contato com o autor, uma chance de falar com ele, discutir sua opinião sobre o livro e tirar algumas dúvidas, caso tenha tido durante a leitura. Mas é claro, isso se você chegou a ver o autor, não comprou sua edição no sebo mais próximo. Algumas livrarias fazem tardes de autógrafos com autores consagrados, proporcionando ao leitor uma chance de os conhecer.
Todos os livros publicados têm algumas páginas em branco logo no início, vocês já devem ter percebido. Uma delas leva apenas o título do livro e a página seguinte tem outras informações como o nome do autor, edição, tradutor, essas coisas. Essa primeira página está lá exatamente para esse motivo, um autógrafo, uma dedicatória. Claro que não é muitas pessoas que sabem disso e cometem a CAGADA de escrever uma dedicatória na mesma página que o autor fez seus agradecimentos, uma coisa terrível, afinal, se a pessoa quiser vender o livro, ou rasgar a página, terá que arrancar uma das páginas do meio do caderno do livro, o que pode fazer com que outras páginas caiam.
Bom, essa primeira página é aquela com mais espaço, mais do que o suficiente para escrever o que se deseja, isso se o autor não for muito prolixo e encher a página com mais texto, o que torna a dedicatória mais extensa que o próprio livro. Apesar de não ser possuidor de nenhum livro autografado, eu já vi muitos por aí. Um deles, o que eu achei uma coisa de louco, consistia em escrever uma dedicatória gigante, usando toda a primeira página com uma letra mínima que, quando vi na hora, tive dúvidas que foi escrita a mão. Outras tentam ser engraçadinhas, com o autor tentando fazer piada e pouco caso de sua obra ou do leitor, como aquela que diz o seguinte: “obrigado por diminuir o encalhe”.
Entrei em contato com alguns autores para descobrir como eles distribuem suas assinaturas, mas só apenas um deles respondeu meus e-mails. Perguntei a Domingos Pellegrini como que são seus autógrafos, se ele muda para cada um, ou se tem algum detalhe diferente, e a resposta dele você encontra abaixo:

há tempo deixei de quebrar a cabeça com autógrafos, simplesmente escrevo:
A Fulano(a),
com o afeto do
Pellegrini

Mas sempre rabisco um desenho: um coração, encimado por um sol nascente, de forma que a parte superior do coração fica parecendo dois montes, com o sol nascendo entre eles. É minha marca visual.

Caso algum autor mais responda, vou editando aqui.

Mas uma coisa é certa, autógrafos, por mais idiotas que pareçam, dão um valor diferente aos livros. Seja sentimental ou dando valor maior aos livros, que depois de algum tempo podem atingir valores muito altos, como esse aqui. Um dia espero ter algo desse valor em minha prateleira, mas enquanto isso, só fico com raiva por perder as oportunidades…

Paranóia com livros

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 21 de abril de 2008 – 11 comentários

Na semana passada, falei sobre curiosos que ficam se acotovelando a volta de pessoas que carregam livros, tentando descobrir o que estão a ler, essas coisas. Mas esqueci de falar uma coisa: a melhor maneira de conseguir o título de um livro. Se for uma garota, pergunte a ela. Certa vez conheci uma garota que estava lendo um livro chamado Charlotte, que era muito legal e saí com ela algumas vezes. Infelizmente só lembro do nome do livro, o dela não. Se for um homem… bom, sei lá, nunca perguntei pra um cara o que ele estava lendo. Esbarre nele até que derrube o livro, ou pegue ele e saia correndo.
Mas essa semana falarei sobre paranóia com livros. Eu diria que trato os meus de uma maneira um pouco incomum, mas não de maneira tão estranha quanto alguns conhecidos meus e algumas histórias que ouvi por aí, algumas dessas que irei falar por aqui.
Primeiro de tudo, vamos a minha paranóia. Tudo começa na hora de comprar eles. Logo na livraria, não aceito ajuda de ninguém, desde o dia que ouvi um atendente falando que o livro do Senhor dos Anéis era baseado no filme. Normalmente já chego lá sabendo o título que quero, então é só questão de procurar. Quando finalmente acho, pego uns 4 ou 5 volumes iguais, e observo alguns detalhes: As bordas, para ver se estão limpas; se tem alguma dobra de erro de corte na páginas; se as folhas estão todas do mesmo tamanho; se a costura de cada volume está bem feita; se há cola entre algumas páginas, algo que dificulta a abertura e pode rasgar se forçar demais; essas coisas que quase ninguém percebe. Dependendo do título que quero, demoro em média 20 minutos só nesse processo. As vezes cheiro as páginas para ver se tem um cheiro bom, mas só as vezes. Quando vou ao caixa, faço um pequeno saque na parte de marcadores de livros, pegando o máximo possível para adicionar a minha coleção, que já conta com mais de 80 diferentes, sem contar os que estão no meio dos livros.
Durante a leitura não os abro muito pra não forçar o miolo das páginas, para que a cola não arrebente e para que o volume não fique torto. E quando finalmente chega o momento de colocar ele na prateleira, ele está quase da mesma maneira que saiu da loja, praticamente novo.
Mas isso não é tão estranho assim. Perto de outros, isso é coisa pequena. Já vi gente lambendo as bordas, para ver se as páginas estavam alinhadas EXATAMENTE. Já presenciei uma discussão em uma loja entre um senhor que estava com 6 livros a seu lado, todos iguais, e conferia página por página para ver se tinha letras apagadas e, como ainda não tinha achado nenhum de seu agrado, discutia com o vendedor para trazer mais volumes para que ele analisasse. Um vizinho meu, quando chegou sua primeira edição de Harry Potter e o Cálice de Fogo importada, vi ele colocar o livro em um pacote lacrado e esperar meses até que saísse a versão traduzida do livro, porque não queria estragar o que ele chamava de raridade.
É, eu conheço gente estranha. Para conservar os livros, eu pelo menos uma vez por ano abro todos eles e os folheio para que as páginas não grudem, algo que tenho medo que aconteça. Demora em média umas 6 horas para fazer isso com todos, mas vale a pena, pois quando termino a prateleira fica totalmente diferente. Sobre a maneira de arrumar, não existe uma exata. Eu coloco os livros de uma maneira que eu ache que fique interessante para quem for ver, nada de ordem de altura ou editora, tem que ficar numa ordem que pareça interessante. No momento, está alternada entre livros em pé e deitados. mas pelo que vi nos comentários dessas colunas logo no começo, tem gente que joga todos os livros em um sofá, embaixo da cama, na geladeira e em lugares muito ridículos. Meu sonho é ter um quarto como o da Yomiko Readman, protagonista de Read Or Die e estou chegando perto disso, já.
Enfim, só pra finalizar, só um aviso simples, mas nada importante: Se sua paranóia, sua vontade de proteger seus livros ou qualquer outro objeto inanimado for superior a alguma coisa real, procure um médico. Loucura por livros não é algo bom, e posso garantir que deixa seus bolsos vazios, sem dinheiro pra mais nada…

Curiosos

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 14 de abril de 2008 – 5 comentários

Ok, antes de começar a falar o tema da coluna, vamos as respostas das citações da semana passada. A primeira, como devem saber, é do Guia do Mochileiro das Galáxias. A segunda, meio complicada, pois é uma citação de um livro de Tolkien, o Silmarillion. E a terceira, que se alguém acertasse eu prometi a mim mesmo que me transformaria em um monge, é do livro Hagakure, um livro japonês até que interessante, mas isso não vem ao caso. Agora que já dei as respostas, vamos começar a falar sobre o tema de hoje.
Sou um cara que anda muito de ônibus. Não preciso dirigir, ando de Mercedes todos os dias e sempre tem alguma garota bonita pra tentar paquerar. É claro, isso nos dias de calor, quando o ônibus parece um corredor de dormitório feminino com garotas de mini-saia, blusas transparentes, suadas, com os cabelos balançando de um lado para outro, tentando diminuir o calor…
CHEGA! Não é sobre isso hoje o tema da coluna. Isso que disse é nos dias de calor, nos dias que nem penso em tirar um livro da mochila, pois tem algo bem melhor para ver. Nos dias normais, quando todas estão com suas roupas comuns, que não chamam a atenção, eu pego um livro e começo a ler, tudo para enrolar a viagem. Não são poucas as vezes que, logo que faço isso, começam a olhar para mim. Antes que pensem que eu leio coisas pornográficas no ônibus, não é nada disso. É simplesmente o interesse de pessoas pelo alheio, pelo que os outros estão lendo mesmo. Mas eu já li umas TRIP quando comprava a algum tempo atrás e atraía olhares também.
O legal disso é o pessoal que se desdobra em quatro pra tentar descobrir o que está lendo. Já vi gente amarrando o sapato, arrumando as calças, ajeitando o cinto, pegando algo do chão ou somente entortando o pescoço até um ângulo estranho, só pra ver o título. Até aí, nada demais, afinal, só estão vendo o título. Mas, e quando você está sentado, e todo mundo se acotovela por todo o espaço a sua volta para ler junto?
Quando se está a ler um jornal, acho normal isso, até porque o jornal é composto por notas curtas, nada que tome muito da atenção de quem está lendo e de quem está só de curioso por cima do ombro alheio. Se a notícia que estava lendo passou muito rápido, ou a pessoa ignora e continua a ler junto, ou pula que nem um louco pedindo pra voltar a página pra terminar de ler. Já presenciei essas duas cenas e, acredite, é algo estranho demais ver isso.
Mas isso é com jornal. Com livros a coisa fica um pouco diferente. Se você está lendo Crime e Castigo, a chance de alguém se interessar pelo que você está lendo é bem pouca, mas se a sua leitura for algo como Comédias da vida privada, se prepare, pois o público será grande. Quando li esse no ônibus, chegou a ter TRÊS pessoas lendo comigo: a pessoa do meu lado sentada, e duas outras que estavam próximas. Eu leio rápido, então foi uma boa experiência ver todos eles se matando para ler tão rápido quanto eu, para poderem terminar a página antes de eu a virar. Isso não acontece só em ônibus, acontece também em filas, como uma que tive de enfrentar a algumas semanas. Estava eu lendo Histórias Extraordinárias todo concentrado, quando uma cabeça fica entre eu e o livro e fica olhando por uns 2 segundos. Logo depois, se vira pra mim uma senhora e com um sorriso na cara, pergunta: “o que você está lendo?“. Viro a capa e mostro pra ela, que responde: “ah sim, interessante…” e continua do meu lado. Ela falou algumas coisas que ignorei depois disso, mas essa foi a situação que um curioso me impressionou.
Outra foi em um curso, em que eu estava lendo um livro de português, matéria de colégio mesmo. Estava pra virar a página, quando uma caneta vem do NADA, e me impede de virar a página. Na ponta dela, tem uma mão, e um cara com um par de óculos na ponta do nariz, se inclinando perigosamente em direção ao chão. Eu paro de tentar virar a página, e deixo ele terminar. “Desculpa, é que isso eu não sabia, hehe!” e dá aqueles sorrisos que tenho vontade de arrebentar uma viga só pra tirar ele da cara. No livro, a mancha azul da caneta dele e a marca de onde ele apertou pra impedir que eu virasse a página ainda estão lá, não consegui tirar até hoje. Mas isso é paranóia minha com a conservação de meus livros, assunto pra outra coluna.

Citações literárias

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 07 de abril de 2008 – 6 comentários

ELE fecha um livro, para alguns segundos pra pensar e finalmente diz: “POW LEK, eçe livrow era phoda!!!1!one!“. Alguns minutos depois esse mesmo cara vai pro orkut, abre uma página de um capitulo que gostou e copia a página inteira para seu perfil. Logo depois, no MSN, coloca a frase de efeito mais spoiler que encontra no livro, isso quando o livro tem a dignidade de ter uma frase assim. Quando indagado sobre o significado da frase, começa a desenrolar tudo o que pode do livro no menor tempo possível. É, eu conheço alguém assim, infelizmente. Mas no meu caso foi ele que logo ao me ver on no Messenger que já veio me falando tudo o que achou foda do novo livro que leu.
Não, ele não leu Senhor dos Anéis, muito menos Harry Potter, ele leu O Doce Veneno do Escorpião. Mas estou começando de maneira errada, vamos primeiro ao que interessa. Todo mundo já leu um livro que gostou e tem algumas frases ou passagens que sempre que possível lembra em alguma situação ou momento. No livro Ironia: Frases soltas que deveriam ser presas, que é um livro só de citações irônicas, muitas das frases que estão lá podem ser ditas por aí sem problemas, afinal, ironia nunca é demais. Por exemplo a frase “Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta.” que está nesse livro. Existem muitas utilidades pra ela, principalmente para aquele seu amigo depressivo e potencialmente suicida. Frases assim são reunidas em livros assim por 2 motivos: para que todo mundo conheça elas e use, e para que todo mundo pareça espirituoso, o engraçadão, o “olha,aquele cara é irônico demais, uma brasa, mora?“, mas acho que isso não tem o menor sentido se você aprende isso com um livro. Ajuda, mas não quer dizer que você será o fodão só por leu UM livro disso. Leia o conta-gotas sobre A arte de zoar os amigos que será bem mais proveitoso.
Mas voltando as citações. Não estou falando que citar pedaços de textos que você gostou é ruim. Quem acompanha séries sempre se depara com algum personagem citando alguma frase, como em LOST, nessa 3ª temporada, em um episódio que Soyer e Ben estão olhando a ilha, e Ben cita uma frase de Charles Dickens, frase essa que não me recordo agora qual é, mas que foi algo perfeito para o episódio. Se você viu essa cena, percebeu que ela foi só a cereja no topo do sorvete,algo que serviu pra ilustrar melhor o momento. Nada tão grandioso que tirasse a atenção da cena, ou tão inutil que equivaleria a eles terem ficados quietos. A série tem outras citações literárias, mas não vou falar mais nenhuma, se ferrem aí pra achar, ou usem o google, sei lá.
Citações servem para complementar uma idéia, auxiliar na criação de algo novo, é como óculos, você pode ficar sem eles, mas se estiver usando um fica mais fácil, é claro, isso se você usa óculos. No caso de meu amigo, que não citarei nomes porque não vai adiantar de nada, ele havia ganhado o livro em um negócio desses no trabalho, acho que foi amigo-secreto mas quem pegou ele não era assim tão amigo porque resolveu dar um livro para esse acèfalo. Só porque eu sempre tenho pelo menos uns 2 livros na mochila, o desgraçado se achou o tal por ter lido finalmente um livro, e nos poucos segundos que demorei para bloqueá-lo, ouvi muita besteira, como ele ter dito que ela escrevia muito bem. Enfim, o nick que ele estava era tão ridiculo que tive que desbloquear e perguntar o sentido daquilo. “Dizem que a curiosidade matou o gato. No meu caso, o gato (ou a gata) tem sete vidas e continua vivinho” era a frase que estava por lá. Depois disso, ele é bloqueado desde o sempre, só falo com ele na rua, e de vez em quando só pra ver se consigo fazer ele ler algo mais interessante.
Mas falei de citações e não citei nenhuma que gosto. “NÃO ENTRE EM PÂNICO”, escrito em letras garrafais na capa de um livro. “Rei é aquele que consegue manter seus domínios, ou seu título será em vão” de um livro com capa preta e branca, e pra acabar: “Caminhe com um homem de verdade por noventa metros e ele lhe contará pelo menos sete mentiras” essa de um livro japonês. Quem de vocês consegue identificar essas citações? volto semana que vem com as respostas.

Religião em livros

Analfabetismo Funcional quinta-feira, 03 de abril de 2008 – 6 comentários

Não, seus putos, não vim aqui pra converter vocês, obrigando vocês a lerem a bíblia, até porque não vale a pena, apesar de ser um livro que existe em qualquer lugar e que é acessível a qualquer um. Mas antes que eu já comece a me perder como sempre, vamos direto ao assunto.
Os livros de religião que venho aqui vos falar são aqueles que são estranhos. há algumas semanas atrás, uma amiga minha me chamou pra tomar alguma coisa por aí, e como meu aniversário tinha sido a pouco tempo, ela tirou da bolsa um livro. Na hora, fiquei com cara de bobo, pois como disse há algumas colunas atrás, nunca havia recebido um livro de presente. Agradeci da maneira mais educada que pude e após algumas horas, me despedi dela e fui pra casa. Logo no ônibus, comecei a leitura desse livro, que se chamava O Grande Conflito, de Ellen G. White. Logo depois de analisar a capa dele, fiquei meio desconfiado, pois nela tem imagens de uma bomba atômica, prédios e uns aviões muito doidos. Até aí, beleza. Quando abri, o papel fino, daqueles que é mais barato que te obriga a lamber o dedo pra virar as páginas, o que torna o livro nojento com o manusear dele era onde estava impresso seu conteúdo. Mas enfim, continuei a passar as páginas. Só sei que, depois de ler 3 capítulos no ônibus mesmo, desisti dele. O nome dos capítulos dará uma boa idéia de o que eles passam pra quem o lê: Predito o destino do mundo; Os primeiros cristãos- leais e genuínos e Trevas espirituais na igreja primitiva. Podem me achar louco (mais louco) por ter conseguido ler tudo isso, mas eu LI com os olhos ardendo, o meu cérebro completamente desligado, cada palavra sendo reconhecida como uma pequena agulhada em minha retina, mas eu passei por 3 capítulos. Agora, esse livro fica encostado em minha prateleira, e a cada vez que essa minha amiga me liga e pergunta desse livro, eu falo que já terminei, e que um dia iria emprestar pra ela, porque é muito interessante. Contando que ela lê livros de Allan Kardec e de Chico Xavier, eu garanto que ela irá se divertir bem mais do que eu lendo esse livro. E só não queimo ele porque foi um presente.
Livros de religião desse estilo pelo que pude entender, são livros de opiniões de autores sobre um tema que todo mundo já está cansado de ouvir, mas que todo mundo que se acha entendido de religião quer dar um pitaco. Em discussões sobre religião, eu sempre tento achar o melhor momento pra tirar a atenção da conversa, pois é um assunto que sempre dá merda discutir. A melhor maneira de mudar de assunto? Contar uma piada com alguma conotação religiosa, como as de judeus, ou as de um padre, um rabino e um bêbado no avião, entre outras. Com sorte, o assunto da conversa se altera totalmente e todo mundo começa a rir que nem louco de piadas sem sentido e bizarras.
Mas vamos voltar aos livros de religião, que ainda tenho mais um pra falar pra vocês. Há um tempo atrás, me pararam na rua me perguntando algo que ignorei e me ofereceram um folheto. Depois quando já estava em casa fuçando os bolsos, me deparo novamente com esse folheto, que falava algo sobre a igreja de alguma religião que ignoro agora, e que pedia pra ligar para receber em sua casa uma edição de O Livro de Mórmon. Ok, beleza, como estava sem nada interessante pra fazer durante a semana, liguei, e depois de uns 3 dias, apareceram aqui na porta de casa dois caras com aquelas camisetas com crachás estranhos e perguntando se era ali que morava o senhor Carlos Santhyago. Pensei na hora que eu estava fodido, que tinha arrumado algum problema com a policia ou algo assim, mas aí lembrei do folheto, e falei que o Santhyago tinha saído, mas que qualquer recado pra ele, eles poderiam passar pra mim. Com o portão trancado, fiquei uns 10 minutos desligado completamente, só no modo automático, ignorando tudo o que eles ouviam, modo do qual só saí depois que ouvi eles tirando um livro daquelas pastas deles, e me entregando. Agradeci, estava voltando pra dentro de casa, e eles me chamaram de novo, perguntando o meu nome. Acho que disse que me chamava Rogério ou algo assim, mas isso não vem ao caso, até porque eles ficaram enchendo o saco depois ligando, mas foda-se, já tinha o que queria nas mãos.
Porque esses livros são sempre tão bem feitos? Páginas em papel especial, caderno com imagens impressas em alta qualidade, capa com acabamento em corino eu acho, parece uma propaganda de sofá, e logo no alto, impresso em letras DOURADAS, o título dele: O Livro de Mórmon: Outro testamento de Jesus Cristo. Abro um espaço aqui pra dizer que nunca li a bíblia, então a chance de eu ler um livro base de outra religião é praticamente zero, ainda mais depois de ter feito uma pequena pesquisa sobre esse livro e de como que ele chegou as mãos do “profeta” Joseph Smith, pessoa com nome de personagem de jogo de RPG.
Esse livro, escrito para se assemelhar a bíblia, tem algumas passagens muito estranhas, que acho que só um adepto da religião deve achar algum sentido nele, trechos que não farei questão de entrar em detalhes.
Agora, acho que entrei em problemas novamente.Andando por alguns buracos virtuais, achei um lugar que se você se cadastrasse, eles te enviariam uma edição do alcorão totalmente de graça. Temendo futuros problemas virtuais e reais, coloquei o endereço de meu vizinho. Caso apareça um grupo de terroristas islâmicos na porta dele pra entregar o livro, terei algum tempo para fugir. Quando ele chegar, se eu sobreviver, darei mais detalhes de minha tentativa de leitura dele.
Ah sim, e agora, só pra ter uma idéia, esses livros são conseguidos de graça em qualquer igreja, desde que você perca alguns minutos de sua vida pra ouvir algumas pregações e uns papos estranhos. Se assim como eu, ao ouvir as palavras “livros grátis” todos os seus princípios morais e religiosos vão pro ralo, boa sorte, você irá precisar

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