Gostar de livros escritos por certo autor é algo que todo fã de literatura tem.
Normalmente, os escolhidos são aqueles mais conhecidos, o que não significa que ele seja ruim, já que estamos falando de Stephen King, Luis Fernando Veríssimo, Stephanie Meyer e, por que não? Dan Brown também.
Mas o principal problema de gostar de um autor vivo é que você nunca saberá o que pode ainda vir por ele. Então, quando se ouve um boato sobre ele estar escrevendo algo, nasce dentro de um leitor aquela sensação de ganância, vontade de ler aquele volume que ainda está sendo escrito, a sede por qualquer informação sobre ele, qualquer sinal de que ele está prestes a ser publicado, TUDO é uma boa noticia.
E quando se descobre que o livro já foi mandado para o editor e a data de lançamento é dada? Nossa, eu comparo isso a praticamente um presente de natal gigante, aqueles que são vistos debaixo da árvore e que não podem ser tocados até a hora certa. Se você tem esse costume, deve saber como isso é algo que cria grande expectativa. continue lendo »
Trata-se de uma resenha e de uma crítica.
Iniciada no dia 23/04, está sendo apresentada no Sesc da Vila Mariana a exposição Em Torno de Will Eisner, com curadoria de Álvaro de Moya.
A mostra, que dura até o dia 26/04, conta com material autografado, capas originais e conta um pouco da história do principal pioneiro na criação das histórias em quadrinho modernas, com destaque para as Graphic Novels.
Caso sua mente precise ser refrescada, sua criação mais famosa acaba de ganhar uma adaptação chula para o cinema: The Spirit.
Will Eisner pode ser considerado, sem sombra de dúvidas, como o criador das Graphic Novels (Novelas Gráficas, em tradução literal) – de modo completamente natural, ao ser questionado por seu editor “what the heck is that?”.
Ele falava de Um Contrato com Deus, considerada historicamente a primeira obra do gênero, e só havia uma resposta à pergunta:
– It’s a Graphic Novel!
No entanto, apesar da importância histórica de Will Eisner para a história da Nona Arte, o Sesc Vila Mariana decepciona Muito pelo espaço destinado à exposição.
Montada no meio de uma sala de convivência, você é obrigado a passar por sofás e mesinhas para acompanhar a parede onde estão montados os cartazes, capas e documentos de Eisner.
Não só isso, como o acervo completo ocupa simplesmente uma parede.
Não só isso, há um estúdio de ensaio para bandas do outro lado da parede, exatamente onde está colocada a televisão com a gravação da entrevista com Álvaro de Moya. Você simplesmente não ouve nada.
Não só isso, metade do acervo é formado por cartinhas entre Eisner e Álvaro de Moya, numa clara demonstração egocêntrica do curador em demonstrar “oh! eu o conheci pessoalmente! fomos amigos!”
Patético.
Ainda assim, a exposição vale a pena para os fãs de quadrinhos em geral e para os interessados em design gráfico – as antigas capas, especialmente as de Spirit, surpreendem pela inventividade.
Fica a dica.
Mas acaba dia 26 agora.
E para quem se interessar: The Spirit
Um comentário em um dos textos aqui me chamou a atenção nessa semana agora. O comentário é o seguinte:
Em Minas isso é mal visto. Vira até caso de polícia. Um costume muito estranho esse aí do Rio, pois a cada livro que é lido dentro da loja, é uma venda a menos. Acho que eu não permitiria, se fosse dono de livraria.
esse comentário foi feito pelo Bruno, vocês podem conferir ele melhor aqui, ó.
Isso de ler livros dentro de livrarias é algo comum na maioria das cidades. Não vou entrar no detalhe de cidades grandes e pequenas, até porque isso não fará sentido nenhum. O que vem a minha cabeça agora é que a maioria das grandes redes de livrarias tem seus esquemas de atrair leitores. continue lendo »
Eu peso trinta e seis quilos.
No entanto, sou alto. Meço exatamente um metro e oitenta e dois centímetros. Minha garra ossuda fecha-se com força em volta do pescoço de mais uma puta. Ela chora baixinho, mas os mamilos permanecem endurecidos.
Eu a levanto pelo pescoço com facilidade e a deposito gentilmente em meu estômago. O buraco em meu tórax mastiga feliz a carne macia e eu gozo.
A mão esquerda rapidamente procura o pacote de cocaína no chão. Ele é jogado com pressa pra dentro de minha cavidade, juntamente com um punhado de latas de cerveja, e eu entro em êxtase. Prazer.
Incontáveis unhas já quebrei, sentado nesse trono de madeira, arranhando de prazer, arranhando de fome. Fome. O meu estômago ronca, está vazio. Sempre. O buraco arreganha os dentes, mastigando o nada e pode-se ver a garganta secando, enrolando-se, espremendo-se. Sede.
Levanto-me. Os joelhos estalam sob um peso negativo, metafísico, e o suco gástrico escorre da boca de meu estômago. Meus olhos estão injetados. Agarro a Europa com minhas garras e a enfio buraco adentro. Sento-me nas rochas de um oceano vazio, exatamente onde antes era Dresden.
Estico a mão para alcançar a África, mas desisto. Só um pouco da Somália me fará feliz. E talvez algumas guerras étnicas no Congo. Todos triturados pelos dentes de meu estômago, a boca da barriga babando de prazer e mais fome, a língua reptiliana estalando. Fome.
Meus velhos amigos tornaram-se somente alguns incômodos pedaços de carne presos entre os dentes. Devoro os novos lentamente, saboreando o gosto do desconhecido.
Desinteresso-me depois de mastigar metade de suas cabeças, mas termino a refeição por educação. Tédio.
Um sagaz observador, antenado nas velhas e novas tendências das lendas morais, poderia visualizar o final de minha história: eu acabo por devorar a mim mesmo, arrancando pedaço por pedaço.
Sinto muito. A falta de três dedos de minha mão esquerda marcam a tentativa falha, o gosto ruim e podre ainda atormenta o fundo da língua chicoteante da boca de meu estômago.
Eu continuo aqui. Arranhando. Comendo. Bebendo. Cheirando. Gozando. E querendo mais.
Mais.
Hoje resolvi mudar.
Não vou falar sobre um livro de literatura, dentro dos padrões com os quais vocês já se acostumaram.
Esse livro é, de uma forma bem geral e distante, um livro sobre arte. Mais especificamente, um livro sobre a cor dentro da arte.
Na teoria.
Na prática, David Batchelor consegue a façanha de passear por pintura, arquitetura, literatura, linguística, drogas alucinógenas e filmes, tudo isso com um objetivo: discorrer sobre a natureza da Cor dentro da cultura humana.
Cromofobia é um livro que surpreende.
Com o intuito de desvendar a origem e as razões do teórico medo (ou aversão) às cores, o autor vai fundo nas principais produções culturais da humanidade – de Moby Dick a Wim Wenders; de Joseph Conrad à mescalina. continue lendo »
Então, só pra finalizar o que comecei a umas semanas atrás, vou continuar/terminar de falar sobre os inimigos dos livros. Mas vou tentar recapitular o que foi dito naquela semana de maneira bem simples:
Traças são cocozentas
e…
O tempo não é manipulável.
Bom, basicamente, é isso. Se mesmo assim não entendeu, o problema é seu. Leia o texto na íntegra e tenha uma idéia do que isso significa.
Mas é claro, esses dois motivos aí são aqueles que se encaixam na categoria inevitáveis, eles vão acontecer aos 12 ou aos 300 anos de idade. Idade do livro é claro. Você não vai viver tanto assim, se sobreviver até os 50, fique feliz. continue lendo »
Enquanto vemos proliferar por aí trilogias, quadrilogias e sextologias de romances históricos, mostrando de forma heróica a Roma Antiga, Gengis Khan e outras figuras e lugares de forma completamente infantilizada, ainda encontramos pérolas da literatura que ousam pela inventividade e inventam através da ousadia.
A Pirâmide é justamente um desses livros. Um romance que nada tem de histórico, mas possui toda a força de uma boa crítica política, eternamente atual.
Ismail Kadaré, para quem não sabe, é um escritor albanês conhecido pelo livro Abril Despedaçado (que teve, inclusive, adaptação para o cinema). A maioria de seus romances se passa na Albânia, seja na idade média, seja no século XX, quando o país passava por um arrasador regime comunista.
Com exceção dA Pirâmide….aparentemente. continue lendo »
Um clássico.
Um hipotético bombardeio nuclear atinge a Inglaterra e um grupo de crianças de vários colégios é metido num avião, enviado para longe.
O avião é atingido no fogo cruzado, e cai em uma ilha deserta do pacífico, com a morte do piloto e dos professores.
A partir daí, começa a luta de simples garotos (entre 12 e 6 anos) para se estruturar em uma sociedade minimamente racional e sobreviver até o resgate. continue lendo »
Se tem uma coisa que eu realmente aprecio no mundo é os causos gaúchos e a forma como são contados. Não adianta sentar numa roda de chimarrão e contar aquele causo engraçado como se tivesse numa consulta com um urologista. Tem que ser com emoção, com vontade e, principalmente, tem que saber fazer um suspense. Se o desfecho da história vai ser realmente engraçado é sempre bom ter aquelas pausas dramáticas ou então aumentar um pouco mais o conto pra fazer valer a pena o tempo investido em ouví-lo. continue lendo »