Eeste texto faz parte de uma lista que, definitivamente, não é um top 10. Veja o índice aqui.
O cover supremo. Os caras que conseguiram transformar a música mais bagaceira da galáxia em algo que pode ser ouvido sem aquela vontade louca de rebolar vergonha nenhuma. O mais interessante a respeito desse cover é a diferença do significado quando a música é cantada por pessoas de diferentes sexos. Enquanto o original interpretado por Gloria Gaynor é um forte hino de independência e do girl power ascendente da época, a versão do Cake é de uma melancolia gritante, interpretado por alguém que preferia estar morrendo do que que cantando que vai sobreviver e que passa isso para o ouvinte (tente dançar com a versão do Cake).
Esse contraste é suficiente para tornar a versão ótima, mas uma pergunta ainda fica no ar: porque eles fizeram isso dessa maneira? Seria a resposta sombria a versão original ou porque um hino masculino de poder e independência nunca seria levado a sério?
Eu ainda acho que eles adoram a letra, mas acham disco music uma merda.
Taí, mais um som do álbum Era Vulgaris, Make It Wit Chu. Convenhamos, o Queens of the Stone Age já fez clipes melhores, e eu VOTO por uma versão desse som com Mark Lanegan no vocal. Esse som é a CARA dele, véi.
Leia mais sobre Queens of the Stone Age clicando aqui.
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Como a maioria das pessoas que eu conheço, só tive acesso a vida e a obra de Johnny Cash tardiamente, através da coletânea de regravações de grandes nomes do pop rock americano no começo deste século. Apesar do country americano não ser exatamente meu estilo musical predileto, as canções de Cash carregam uma melancolia singular que vão muito além de qualquer outra canção tocada num restaurante de beira de estrada em toda a extensão do Texas.
Hurt é um ode a uma vida cheia de desilusões e decisões equivocadas saída diretamente da cabeça doente do líder do Nine Inch Nails, Trent Reznor. Embora a versão original seja muito boa e interpretada com raiva por Reznor, a versão definitiva é a de Cash, especialmente se você já assistiu a sua cinebiografia Walk the Line (aqui no Brasil lançado como Johnny and June). Desde a morte de seu irmão, passando pela atribulada paixão com June Carter, o vício e sua conseqüente prisão por porte de drogas, além da relação pouco amistosa com seu pai, Johnny Cash sempre foi assombrado por diversos fantasmas. Hurt é seu exorcismo, revelando toda a angústia de um artista atormentado envolta numa bela e triste canção.
Tendo falado de uma verdadeira lenda da guitarra como Eric Clapton, me sinto obrigado a falar de uma de suas maiores influências. E não só do Clapton, mas de um certo Jimi Hendrix, também, não sei se vocês boiolas conhecem. Subindo mais um degrau na grande linhagem do blues, chegamos a um ótimo showman, que consegue empolgar qualquer um com seus shows. E olha que eu ainda nem tô falando do REI. Nascido em 36, em Lettsworth, Louisiana, Buddy Guy é o assunto de hoje. E, dessa vez, eu vou fazer a coisa AO CONTRÍRIO: Eu vou começar o post já mostrando o cara PIRAR tudo e DEPOIS eu falo sobre ele… apesar de Robert Cray já falar tudo sobre o cara no começo do vídeo. Divirtam-se:
Ya’all can help me sing that, I don’t give a damn!
Esse é o hôme, tocando no Crossroads Festival 2004. Ao lado do Clapton, aliás. A música é Sweet Home Chicago, um clássico do blues. E não adianta esconder: eu sei que você também se empolgou com esse cara tocando essa famosa guitarra com bolinhas, véi.
George “Buddy” Guy cresceu no Louisiana, pressionado pela segregação racial nos EUA, onde tudo era separado para brancos e negros. Seu primeiro contato com uma “guitarra” foi aos sete anos. O instrumento era improvisado: duas cordas presas com os grampos de sua mãe num pedaço de madeira. E foi com esse instrumento que Buddy Guy passou várias tardes na plantação, aprimorando sua técnica. Mais tarde, a coisa começou a melhorar. Guy ganhou um violão acústico Harmony. Eram quatro cordas a mais para se preocupar, e também mais um passo em direção ao sucesso.
No começo dos anos 50, o cara tocava com algumas bandas em Baton Rouge, capital de Louisiana. Mesmo assim, Buddy Guy nunca tinha saído do estado, quando, em 1957, um amigo seu disse “Ce devia trabalhar em Chicago, negão. Lá ce trabalha de dia, toca de noite e ganha tua grana, véi!”. E, claro, entre ganhar seus 28 dólares por semana trabalhando na Universidade Estadual de Louisiana e ganhar uns 70 por semana, tocar de noite e ainda ter a chance de conhecer nomes famosos como Muddy Waters e Howlin’ Wolf, que é que ce acha que o cara escolheu? Pois é, el… claro que não, sua BICHONA! Porra de faculdade o quê, véi! Ele foi tocar, porra! Ele era Buddy Guy, véi! Tinha o mundo pra conquistar! Eu nem sei por que eu ainda faço perguntas pra vocês. Buddy então se mudou para Chicago, onde arrumou um emprego e começou a tocar em bares, sendo bem aceito pela platéia. O cara era realmente carismático, empolgava a negada fácil fácil. E foi em 1958 que o cara conseguiu um contrato de gravação, numa competição com Magic Sam e Otis Rush. Uma beleza á primeira vista, mas ao contrário do que parece, Buddy não passou bons bocados com as gravadoras.
A Chess Records, que contava com artistas como Willie Dixon e Little Walter, além dos já citados Muddy Waters e Howlin’ Wolf, foi também a gravadora de Buddy Guy de 1959 a 1968. Pois é, nove anos sob o selo, e o máximo que fizeram pelo cara foi gravar um único álbum, “Left My Blues In San Francisco”, em 1967. A maioria dos sons mais voltados pro soul, que tava estourando na época. Ou seja, lascaram legal o cara. Claro que eles não deixaram de aproveitar o cara: Buddy Guy era quem tocava a guitarra de acompanhamento para os grandes mestres do blues da Chess, e era sempre o primeiro nome a ser chamado. Enfim, quem quisesse ver Buddy Guy tocando guitarra de verdade tinha que ver seus shows ao vivo, já que a gravadora não ajudava. E foi assim que sua fama se espalhou pela Inglaterra: Foi no “American Folk Blues Festival”, festival inglês dos anos 60, que Buddy Guy foi ouvido por jovens músicos como Eric Clapton, Jeff Beck e os Rolling Stones. Buddy se espantou com o quanto sua guitarra influenciou os ingleses. O cara pirava o bagulho, jogava a guitarra pra lá e pra cá e levava o povo ao delírio. Mas, como ele próprio disse certo tempo depois, “(…)apesar de eu ter tocado em outro continente, em casa eu ainda não tinha uma gravação minha(…)”. O cara achava que o problema era por ele tocar muito alto ou por usar muito feedback, mas aí Hendrix e Clapton estouraram por aí com os mesmos “truques” dele.
Foi então que Buddy deixou a Chess Records, assinando contrato com a Vanguard. E foi aí, também, que Leonard Chess, fundador da gravadora, percebeu a besteira que fez em não ver o quanto o estilo de tocar de Buddy Guy venderia. Assim sendo, a Chess Records acabou lançando muito mais álbuns de Buddy depois que ele SAIU da gravadora. Uma maravilha, não?
Sempre com o sorrisão na cara, véi.
O estilo de tocar guitarra de Buddy Guy é único, variando desde o blues mais puro e tradicional até o jazz experimental aéreo. O cara manda bem não só no blues, mas também no rock, no soul, em tudo. Porra, se ce botar Buddy Guy pra tocar samba, é bem capaz de Adoniran Barbosa REVIVER pra ir no show do cara. No DVD Lightning In a Bottle, de Martin Scorcese, pode-se ver Jimi Hendrix admirado na platéia assistindo Buddy Guy quebrar tudo, e… não, não quebrar tudo como Kurt Cobain fazia, véi. O cara tocava com uma mão enquanto tomava cerveja com a outra, tocava com o pé, com a boca, com o pé na boca, com a boca nas costas, de cabeça pra baixo, lavando o convés, saqueando mouros, enfim, de tudo que é jeito. Se você não se empolga com um show de Buddy Guy, então você não se empolga com NADA. Aliás, você é uma BICHONA ALOPRADA. O cara sempre disse que queria tocar como B.B. King, mas que queria se apresentar como Guitar Slim. Não que você, tanga, conheça alguma coisa de guitarra, claro. O estilo de Buddy é explosivo, passando rapidamente de um solo profundo e lento a uma explosão de velocidade, e se resolvendo na mais profunda expressão do blues, com bends em duas ou três casas, e vice-versa, ou qualquer coisa parecida com isso. Ou diferente. E, é claro, o vozeirão do cara ajuda bastante, também.
Quanto aos prêmios, se é que alguém realmente se importa com isso, Buddy Guy foi introduzido (heh) na Rock and Roll Hall of Fame, pra onde doou aquele seu primeiro violão Harmony, e ganhou cinco Grammys. Agora, perto do que pode ser considerado o maior “prêmio”, isso são só souvenirs: Muddy Waters, pouco antes de morrer, disse a Buddy “Don’t let them goddamn blues die on me”. O cara praticamente passou a tocha do blues pro negão, véi. A Buddy Guy Foundation até hoje paga pelas lápides de músicos de blues já esquecidos, dando a eles o respeito que eles mereciam em vida.
Buddy, hoje com 71 anos, ainda toca em festivais, junto a grandes lendas do blues e do rock, como B.B. King, Eric Clapton, Jeff Beck e Carlos Santana. E mesmo assim você prefere ouvir Franz Ferdinand e Arctic Monkeys. Você é uma vergonha.
Como de costume, eu deixo vocês com mais do cara tocando:
Voodoo Chile. Até o próprio Hendrix pagaria pra ver esse cover.
Um exemplo do estilo explosivo de Buddy, num violão acústico
ORRÃâ€! Essa aqui eu aposto que ce já ouviu com o SRV tocando, véi.
…ah, claro! Buddy Guy, assim como o Clapton, também gravou com Mark Knopfler. Imagino que ces vejam onde eu quero chegar com isso.
E o próximo “Música para se ouvir no convés” terá uma agradável surpresa, aye? Enfim, imagino que o sobrenome Fogerty não seja desconhecido por vocês… ou pelo menos pelos PAIS de vocês.
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Veja bem, eu odeio Led Zeppelin.
Ok, me trucidem nos comentários mais tarde.
Mas não tem como não gostar de alguma coisa quando os Foo Fighters decidem ser engraçadinhos. Entoando um dos maiores clássicos das rodinhas de violão em todo o mundo, Dave Grohl além de interpretar uma das músicas gosta, tira com a sua cara, seu chato que fica tocando Stairway to Heaven e bebendo vinho barato que parece Tang de uva e acha que todo mundo gosta de te ouvir.
Esquecendo a letra, perguntando pro bateirista qual é a próxima frase e irritando todos os fãs xiitas de Led Zeppelin, Dave Grohl e seu cover tosco são nossa quarta posição.
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Sem dúvida, um dos covers mais insólitos que já se teve notícia, afinal você pode até imaginar alguém melhorando uma música disco ou um hit grudento da década de 80, mas jamais imaginaria que um dos maiores ícones punks da história se aventuraria na releitura de um clássico do jazz.
Em 2001, Joey Ramone empacotou devidou a um câncer linfático e já no ano seguinte, sem nem esperar o defunto esfriar, aquilo que a gente já está cansado de ver com a carreira de Renato Russo aqui no Brasil aconteceu com o ex-vocalista dos Ramones: um cd póstumo (Don’t Worry About Me) com um catadão de sobras de estúdio, covers e qualquer outro registro vocal no qual pudesse ser inserido o bom e velho “one, two, three, four“.
Apesar de eu ser veementemente contra cds póstumos – acho de uma filhadaputagem sem tamanho ganhar dinheiro nas costas de um cara que já morreu. Se você acha que são criações que o mundo não deveria deixar de ouvir, libere de graça no eMule – Don’t Worry About Me mostra que o cara que queria estar sempre sedado, sabia que thinking to himself, that’s a wonderful world.
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Há muito, muito tempo atrás, quando Micheal Jackson ainda era negão e ele tinha um nariz, suas músicas eram realmente boas. Não pareciam covers malfeitos da Mariah Carey e ele ainda não pendurava crianças em janelas. Billy Jean era um dos hits que faziam todo mundo rebolar e não ter vergonha de coreografar passos inusitados ou usar aquelas roupas medonhas dos anos 80.
Um pouco depois que a carreira de Jackson começou a ir para o ralo, surgia em Seattle o movimento grunge e com ele nascia também o Soundgarden. Dono de uma voz poderosa, o vocalsta Chris Cornell se tornou um dos ícones do movimento e incutiu grandes sucessos no imaginário popular, como Black Hole Sun e Rusty Cage.
Vinte anos depois, Cornell – que depois do término do Soundgarden formou outra superbanda com os ex-integrantes do Rage Against the Machine, o Audioslave – lançou um álbum solo (Carry On), que além de trazer composições próprias, traz uma releitura da canção de Michael Jackson. Como você vai notar nessa série de posts, geralmente os artistas que fazem os covers adoram a letra, mas acham que a música está muito cheio de firulas e acaba limando todas as frescuras e excessos da versão original. O resultado aqui é uma estranha e introspectiva versão de Billy Jean, mas pelo menos dessa vez você não precisa dar um mau jeito na coluna tentando fazer um passo que você não sabe.
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É uma tarefa hercúlea escolher só uma versão dentre as várias pérolas do nosso camarada Ricardo Queijo. Seja Creep (Radiohead) interpretada de maneira feliz e saltitante, People = Shit (Slipknot) acompanhada por um pianinho ou Somebody Told Me (The Killers) com a gravata frouxa, um copo de uísque na mão e uma voz de quem acabou de entornar uma garrafa de Old Eight.
Agora, o que faz a versão de Chop Suey ser tão boa? Você sempre imagina o System of a Down como ativistas revoltados, babando e gritando, castigando suas guitarras e moendo suas baterias e achou que ninguém jamais tiraria onda com esses caras porque eles são um bando de badass motherfuckers. Pois bem, um homem, um destemido rapaz com seu paletó tigrado ousou ir onde ninguém mais teve colhões de ir e… matou todo mundo de rir. Para de ler isso aqui e ouve a versão aí embaixo.
Todo mundo tem suas preferências.
Todo mundo gosta de fazer listas.
E todo mundo vai discordar das coisas que você escolher, porque todo mundo é besta.
Como aqui a gente não liga pro que os outros pensam ou deixam de pensar, a gente decidiu fazer uma série dessas listas, com motivos absurdos, critérios escusos e pouca ou nenhuma coerência, mas, é claro – ou talvez por causa disso – sem perder o humor.
Agora que eu sou o vagabundo oficial do site, foi intimado a ser o primeiro a enumerar alguma coisa pra entreter os leitores do Ato ou Efeito e escolhi um tema pelo qual eu fiquei obcecado de uns tempos pra cá: Covers.
Inusitados, engraçados, depressivos, bizarros.
Bandas de splash-gore-black-and-white-motherfuckin’ metal cantando hits radiofônicos de princesinhas do pop. Cantores de casino com ternos tigrados dando uma nova cara a clássicos do rock. A velha geração emprestando uma nova cara a canções da nova era. A gama de combinações é enorme e tem pra todos os gostos, basta escolher sua preferida.
Pra quem quiser discordar da gente, a caixa de comentários é livre, mas vocês só precisam se lembrar de uma coisa:
Isso não é um top 10.
7. Chop Suey (Richard Cheese)
6. Billy Jean (Chris Cornell)
5. What a Wonderful World (Joey Ramone)
4. Stairway to Heaven (Foo Fighters)
3. Baby One More Time (Travis)
2. Hurt (Johnny Cash)
1. I Will Survive (Cake)