Meu Nome É Ninguém (Il Mio Nome è Nessuno)
O Western é um gênero muito fechado. É aquilo: Tiros, pistoleiros, caras feias, cavalos, Novo México, Arkansas, Texas, Sol, aridez, diligências, enforcamentos… Enfim. Gira em torno de um microuniverso no Oeste dos Estados Unidos, de uns 50 anos de duração, geralmente de 1850 até, no máximo, 1900. Sair demais dessas fronteiras significa descaracterizar um velho-oeste, e portanto, deixar os fãs do gênero (Que nem EU) putos da vida. Mas Meu Nome é Ninguém não fez isso. Aliás, foi um dos últimos filmes a honrar a era dos westerns.
Jack Beauregard (Henry Fonda) é um lendário pistoleiro, conhecido em todo o Oeste. Ele levou a vida toda pra construir essa imagem, afinal, lendas são antigas. Agora ele está velho e só quer se aposentar e ir viver uma vida tranqüila na Europa, longe dos novatos que insistem em testar o mestre. O problema é que Ninguém vai tentar impedi-lo de se aposentar. É, Ninguém (Terence Hill), como ele chama a si mesmo, sempre que indagado sobre seu nome. Ninguém é um sujeito estranho: Bem humorado, inteligente, malandro, exímio pistoleiro e uma espécie de fã de Jack, e por isso começa a segui-lo por aí. Não só segui-lo, mas encher o saco mesmo. Aliás, Ninguém tem uma idéia bizarra: Quer que Jack enfrente sozinho o Bando Selvagem antes de se aposentar, pra assim entrar pra história e sair de cena com estilo. Nada de estranho. Claro, se o tal bando não fosse composto de 150 filhos da mãe montados em cavalos e armados.
É claro que Jack é experiente e sabe que isso só pode dar merda. Aliás, ele só quer mesmo é se aposentar. Então, dane-se o maluco que diz que é ninguém. Mas é um maluco insistente. E engenhoso. Ele bola planos rapidamente pra levar Jack a fazer o que ele quer. Aos poucos Jack vai mudando sua visão de Ninguém, percebendo que apesar de tudo ele é um bom sujeito.
É complicado falar da história aqui, pois um dos pontos fracos do filme é que ele é meio complicado de entender da primeira vez que se assiste. Eu mesmo só entendi tudo lá pela segunda vez. A confusão é que parecem ser duas histórias sem conexão no começo, que só se juntam lá pela metade do filme. Mas o que acontece em primeiro plano já basta pra prender a atenção mesmo assim. Interessante também é o bom humor, que está em muitas cenas. Aliás, é isso que eu gosto na maioria do westerns: As pequenas piadas inseridas pra quebrar a tensão. A dosagem de comédia e ação.
É importante dizer que, na época do lançamento de Meu Nome é Ninguém (1973), a era dos bons westerns já estava no final. Os próprios Spaghetti westerns já tinham virado paródias, e os americanos já começavam a ver esses filmes como velharias.
Sergio Leone e seu time decidiram que se alguém ia tentar mexer nesse gênero uma última vez, eles deviam fazer isso. Terence Hill foi chamado pelo seu sucesso recente com Spaghettis de comédia, e Henry Fonda… Bem, ele nem precisava de mais nada, tinha todas as credenciais de ator experiente. Ademais, era preciso ter o contraste do novo e do antigo, já que o filme se passa bem no final da era de ouro dos cowboys, à qual pertence Jack Beauregard.
O filme é divulgado como sendo de Sergio Leone, mas na verdade ele só dirigiu algumas cenas. O diretor, de fato, é Tonino Valerii. A trilha sonora foi composta pelo já velho conhecido de Leone, Ennio Morricone, com direito a uma versão de Die Walküre, de Richard Wagner.
Esse foi o último western de Henry Fonda e foi filmado no Novo México, Colorado, Louisiana e na Espanha. De acordo com Terence Hill, esse ainda é seu filme preferido dos que atuou.
Meu Nome É Ninguém
Il Mio Nome è Nessuno (117 minutos – Western)
Lançamento: 1973
Direção: Tonino Valerii e Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella e Ernesto Gastaldi
Elenco: Henry Fonda, Terence Hill
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