Mulher-Gato: Cidade Eterna (Panini)
É óbvio que o grande destaque do universo do Batman é ele próprio. O grande Homem-Morcego, que fascina, que recentemente teve uma trilogia considerada épica por alguns e no mínimo ótima pela maioria. Ele é o centro de tudo e os outros são coadjuvantes. Só o Coringa consegue andar mais ou menos do lado de Batman, como seu nêmesis, seu lado negro, e atrai a atenção dos leitores sozinho de vez em quando. Mas enfim, não é bem isso que eu queria dizer, mas sim que alguns personagens são tão ou mais interessantes do que o principal e, com as pessoas certas por trás do trabalho, eles funcionam muito bem numa HQ própria. Foi o que houve com a Mulher-Gato. Vem comigo.
Selina Kyle é uma femme fatale, uma mulher que chama a atenção, linda mas perigosa, e ao mesmo tempo é problemática e errática, sempre complicando a própria vida e a de quem se aproxima dela. E é assim mesmo que ela aparece em Mulher-Gato: Cidade Eterna. A estória gira em torno de Selina viajando para a Roma, tendo como “ajudante” o irritante Edward Nigma, o Charada. Chegando na velha bota, os dois se encontram com Christopher Castillo, o Loiro, dito melhor matador profissional e também muito cavalheiro. Castillo diz que Don Verinni, seu patrão e capo di tutti capi, o chefe dos chefes das famílias mafiosas, está esperando para ver Selina em breve. Ela tem assuntos pessoais com o poderoso chefão, já que o sujeito ajudou no crescimento do mafioso Carmine Falcone na América. Assim, uma parte do mistério fica claro: Selina Kyle quer saber sobre Falcone, só resta entender o porquê.
Enfim. Selina entra na roupa de Mulher-Gato e vai atrás de Don Verinni no meio da noite. Só que aqui as coisas começam a ficar esquisitas: Antes de poder contar o que ela queria ouvir, Verinni morre na frente de Selina, vítima do veneno do Coringa, por incrível que pareça. Óbvio que as acusações caem sobre a Mulher-Gato e a vida dela está perigo. O hotel onde Selina está hospedada pega fogo misteriosamente na manhã seguinte e algum tempo depois ela é atacada por alguém portando a arma de gelo do Senhor Frio – mas que não era ele. Aparentemente a resposta que ela veio procurar no velho mundo não está agradando a ninguém, e causando bastante confusão. No meio disso tudo, Selina ainda tem pesadelos meio freudianos, onde vê Batman vindo atrás dela, tentando descobrir sua identidade secreta enquanto os dois falam de seu “relacionamento”, só pra no final o Homem-Morcego tirar a máscara e se mostrar o próprio pai de Selina Kyle! Onde será que essa parada toda vai levar (Sim, isso é um típico mistério de resenha, heh)?
Acho que não estou sozinho quando confesso que adoro estórias sobre a máfia. E Cidade Eterna é uma HQ um tanto noir sobre o submundo do crime italiano, uma subtrama do universo do Batman, que como eu disse antes, se vira muito bem sozinha, obrigado. Quer dizer que além de ter um tema que me atrai bastante, ela foi feita pelas pessoas certas: Jeph Loeb (Roteiro) e Tim Sale (Arte), múltiplos ganhadores do Prêmio Eisner e já bastante famosos no meio dos quadrinhos. A idéia toda dá a impressão de ter fluído: O roteiro de Jeph é inteligente, misterioso e não deixa a leitura cair na chatisse, enquanto os desenhos de Sale simplesmente impressionam. E aqui eu tenho que fazer uma pausa só pra deixar clara essa parte: Os desenhos são muito bons, mesmo. É a Mulher-Gato mais bem feita e bonita que eu já vi e o clima dado através da HQ é de algo meio antigo, vintage, como diriam os hipsters locais, mas ao mesmo tempo personagens como o Charada parecem com cartoons. Além disso, fiquei muito impressionado com uma ilustração do Duas-Caras que aparece logo no começo. O único ponto negativo que eu posso citar é uma certa tendência ao exagero, como com o Coringa, com os dentes imensos e o rosto comprido e fino, que também aparece brevemente no começo, e que às vezes parece estranho na primeira olhada (No caso do desenho do Coringa, já vi parecidos, mas nunca gostei).
Enfim, pra quem gosta de uma boa estória, de bons desenhos e uma HQ de qualidade que foge do comum, Mulher Gato: Cidade Eterna é uma ótima opção. E uma última nota: A versão lida aqui foi a encadernada, não a série original dividida em 6 partes.
Mulher-Gato: Cidade Eterna
Catwoman: When In Rome
Lançamento: 2004
Arte: Tim Sale
Roteiro: Jeph Loeb
Número de Páginas: 213
Editora: Panini Books
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