Mulher-Maravilha (Wonder Woman)

Cinema quinta-feira, 01 de junho de 2017

 Antes de se tornar Mulher-Maravilha, ela era Diana, princesa das Amazonas, treinada desde cedo para ser uma guerreira imbatível. Criada em uma paradisíaca ilha afastada de tudo, Diana descobre por um piloto americano acidentado que uma guerra sem precedentes está se espalhando pelo mundo e, certa de que pode parar o conflito, decide deixar seu lar pela primeira vez. Travando uma guerra para acabar com todas guerras, Diana toma ciência do alcance de seus poderes e de sua verdadeira missão.

Quando eu era um moleque catarrento, eu não gostava da DC, ou pelo menos do que eu conhecia da DC: Batman e Superman. O Morcegão era um riquinho mimado, e o Supinho era um escoteiro do caralho [Escoteiros, nunca confie em um]. Agora, a Mulher-Maravilha, do alto da minha sapiência de quarta série, era coisa de menina. Felizmente, o mundo evoluiu [Não tanto quanto deveria, em alguns aspectos], eu evolui e aprendi que “coisa de menina” é o que a menina quiser. Ah, e que a Mulher-Maravilha, quando bem utilizada, é uma personagem foda pra caralho.

Obviamente, eu não vou ser o único a exaltar que a MM é um ícone feminista, etc e tal. Ela inspirou muita gente, vai inspirar mais ainda, e tudo mais. Mas como eu tou falando do filme e não de quadrinhos, vamos deixar uma coisa bem clara: Isso ainda é Hollywood, minha gente. Por mais que sua personagem favorita seja uma mulher forte e independente, tem de rolar um papo de amor e toda aquela coisa de romantismo forçado. O que é bem esquisito, vindo de uma pessoa que passou a vida inteira treinando pra ser uma guerreira. Mas esse é só um dos pequenos detalhes que me incomodou durante a produção.

Adaptação à parte, já que não tem o torneio pra ver quem levaria Steve Trevor de volta à civilização, mas uma espécie de “chamado interno” de Diana [Que inclusive não ganha o uniforme e resto do equipamento tão conhecido do público, furta], ou mesmo casamento com o sr. Trevor, o filme toma um rumo próprio, aparentemente num estilo mais ou menos no do resto do universo DC: Sombrio e deprimido. Tudo bem que não é tão sombrio e tão deprimido assim, mas é difícil não ter doses cavalares de depressão num passeio pela Primeira Guerra Mundial.

 Considere que, nesse universo, não é a primeira vez que uma mulher combate numa guerra.

Mas, mesmo com esse clima pesado em alguns momentos, é um filme que se aproxima muito da fórmula da Marvel [Que, afinal, tá dando dinheiro pra caralho] de intercalar piadinhas, ação e… Romance. Ah, tem todo um desenvolvimento da Diana e sua falta de conhecimento mundo, também conhecido como ingenuidade. Mas é claro que, depois de passar uma centena de anos convivendo com a humanidade, ela deve ter aprendido alguma coisa. A gente espera.

O que eu acho que a galera teve mais bolas [Irônico, considerando que o filme é dirigido pela Patty Jenkins] foi pra matar gente. E não é por ser uma guerra não, mas morreu gente relevante na trama, coisa que não acontece nas HQs. Pelo menos não a princípio.

 É spoiler se eu falar que Jesus morre no final?

Mas, por fim, houveram coisas que foram meio foda. Talvez não pra você, pessoa padrão, mas teve coisa que eu não aguentei: Algumas cenas com o chroma key bem destacado, só faltava aquele fundo “transparente” numa peça de roupa. Isso acaba com toda a imersão do filme, eu não quero me lembrar que eu tou numa sala escura, com um monte de gente fedida [Caso alguma das pessoas que estava do meu lado esteja lendo isso, é só uma piada, por favor não mandem assassinos de aluguel pra me matar]. Outra coisa que me incomodou profundamente foi o fato de uma viagem de barco da Grécia até Londres ser feita em uma noite, sendo que, de carro, que é praticamente uma linha reta, e numa velocidade muito maior que a de um barco a vela, são pelo menos dois dias de viagem. E por fim, mas não menos importante, o idealismo da Diana ficou meio forçado, na minha opinião. Claro que ela é a mocinha, heroína da verdade e da justiça, mas esses papos de “o amor isso, o amor aquilo” sempre me deixam com um gosto amargo na boca. Eu sou mal-amado? Talvez. Podre por dentro? Com certeza. Chato? Pra caralho. Mas foda-se, me pareceu um truque barato.

 Não é o uniforme clássico, mas quem liga?

Tem também a questão de uma pessoa que morou a vida toda numa ilha isolada estar sempre maquiada, e não ter nem um grão de poeira nos cabelos mesmo depois de derrubar uma torre com o próprio corpo. E o vilão, que é uma grande decepção. Mas a gente já tá acostumado com vilão bosta, então no fim das contas isso nem é tão relevante assim.

E, no fim das contas, esses pequenos detalhes não afetam de modo significativo a qualidade do filme como material de entretenimento. São duas horas e pouco que provavelmente vão passar voando pra você, desde que não haja má vontade. E meu amigo, não há motivo pra ter má vontade com um filme que finalmente trouxe a Mulher-Maravilha de forma digna à telona.

Mulher-Maravilha

Wonder Woman (141 minutos – Ação)
Lançamento: EUA, 2017
Direção: Patty Jenkins
Roteiro: Allan Heinberg, Zack Snyder e Jason Fuchs, baseados na personagem criada por William Moulton Marston
Elenco: Gal Gadot, Chris Pinet, Robin Wright, Connie Nielsent, David Thewlis, Elena Anaya, Lucy Davis, Ewen Bremner, Danny Huston e Saïd Taghmaoui

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