Nada contra as bandas de garagem

New Emo quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Muita gente deve pensar que bandas boas, mas boas mesmo, dão em árvore – que é adubada com a merda das produtoras. E quem dera. E eu admito, a indústria musical, atualmente, tá bem mecânica mesmo, mas nós não chegamos a esse ponto. Pra vocês terem uma ideia, a maioria das bandas que você ouve começaram em uma garagem. Ou um porão. Até um boteco barato, mas cês entenderam: Sempre começar por baixo, mesmo que o kama sutra não permita. Afinal, não estamos falando de música indiana.

Vale dizer que tem um bando de conjuntos e cantores por aí que fazem sucesso e nunca passaram por esse sistema, também conhecido como sistema de lavar pratos. Pra você, que nunca trabalhou em um restaurante: Lavador de pratos é a hierarquia mais baixa na cozinha; todo mundo, em tese, começa por lá. Se você for bom, vai subindo posições e pode se tornar um chefe propriamente dito. Nesse meio tempo, você ganha uma coisa chamada experiência. Mesma coisa no ramo musical – mas nem sempre acontece assim. Tem muito artista por aí que é parente de dono de gravadora, de produtores e essa cambada fétida e maligna. Aí é cortar caminho, mas, hei, o que importa pra eles é fazer dinheiro, não?

Não, não, não. Agora as coisas mudaram, véis. Não existe mais garagem, não existe mais chamar os amigos pra curtirem o som da sua banda. Agora um estúdio não custa tão caro assim, e dá pra disponibilizar a música pela internet. Se for um sucesso, as próprias gravadoras vão até você. Sem problema algum, certo? Tipo a Mallu Magalhães, véi. Cês podem virar a cara, mas ela é autentica. Não autentica de criar um estilo novo – aquilo que ela faz é folk? – mas de escrever o próprio material e criar um SOM novo. E é isso que eu curto nas bandas, porra.

 Camelos me mordam, por que essa imagem apareceu aí, do nada?

O punk não surgiu do nada. O blues não surgiu do nada. Porra, o ROCK não surgiu do nada. Nós PRECISAMOS de bandas novas. E é por isso que eu fico puto com nego blasé que fala que só escuta bandas que sejam VELHAS. Porra, tudo bem, surgiram coisas bem bizarras por aí, admito – tipo Restart, CPM22, Felipe Dylon e Cine -, mas eles são um mal necessário. E ninguém OBRIGA vocês a ouvirem essas bostas. A comissão dos direitos humanos proíbe isso, acredito eu. Mas eu dou razão a vocês. De vez em quando essas coisas novas enchem o saco.

E não enchem o saco porque tocam música ruim. Isso vai do gosto de cada um. Mas enchem o saco por quererem inovar tanto, mas tanto, que se aproximam cada vez mais do bizarro. Você não precisa de clipes que mais parecem filmes, calças laranjas ou penteados ridículos pra fazer música de qualidade. Pra fazer música de qualidade você só precisa de uma coisa: QUALIDADE, porra. Não é tão difícil ensaiar direto ao invés de partir pra cabine de mixagem, é?

Eu fico triste de ver que as bandas de garagem dos dias de hoje se preocupam em inovar o rock. Porra, o rock já é bom do jeito que tá, ninguém precisa inovar. Aliás, nenhuma banda começou pensando em inovar o rock. O KISS não usava fogos de artifício nos ensaios dentro de casa. Os Ramones não passavam fome só pra parecerem mais magros nas apresentações. Bob Dylan não saiu do útero com um cigarro na mão. Eles não se preocupavam com isso; eles se preocupavam em fazer música de qualidade. E são bandas exatamente com esse tipo de preocupação que eu perco meu tempo escutando.

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