Não dá mais
Antes de qualquer coisa, eu gostaria de deixar claro que essa coluna é uma reclamação, pura e simples. Ou um desabafo, se preferirem, apesar de o termo deixar tudo mais imbecil. Enquanto reclamar sempre é uma coisa legal. Menos dentro do assunto em questão, já que eu já devo ter falado do mesmo tópico em pelo menos da metade dos meus posts. Mas acontece que agora a coisa passou dos limites.
Ah, sim, o assunto em questão, claro. Bom, o cinema tá uma merda e toda aquela coisa, vocês sabem. Porém, de vez em quando sempre surge alguma coisa bacaninha que renova todas as nossas esperanças. Ou surgia. E fazia a gente se esquecer da gravidade da situação por umas semanas. Só que não mais. Um pequeno, mas significativo fato mudou tudo.
O que acontece é o seguinte: Faz mais de mês que eu ganhei ingresso pro cinema de graça, numa promoçãozinha aí. O movimento mais lógico a partir daí seria correr imediatamente para a próxima sessão, fosse ela qual fosse. O que inacreditavelmente não foi possível. Porque não apenas era inaceitável pagar por qualquer coisa que estava passando, era simplesmente inconcebível ASSISTIR a qualquer uma delas. O tempo perdido, sozinho, já seria suficiente pra impedir qualquer um de seguir com a vida sem problemas psicológicos gravíssimos, depois de tal experiência.
Mas ok, existem umas semanas ruins, logo passa, era o que eu me dizia. E os dias passaram. E passaram. E eu ainda tou aqui com a porra do ingresso com validade até dia 31 de dezembro. Com medo de que a qualidade tenha caído tanto que eu não vou conseguir assistir um filme DE GRAÇA antes do fim do ano. Nessas alturas já deve ter passado pela cabeça de vocês que eu tou exagerando, mas apenas peguem quaisquer Estreias da Semana, escolham aí. De cada cinco filmes, tirem um, de preferência o pior. É isso que efetivamente estreia em cidades que não tem a sorte de serem capitais.
Em todas as minhas incursões sobre esse assunto eu acabo puxando o mesmo fio de esperança, dizendo que tudo depende do espectador e tudo o mais. Basta que ele escolha o que realmente quer assistir. Bobagem. Não há mais tempo pra isso. O negócio agora é ação direta, também conhecida como queimar a porra toda. Coquetel molotov na cabeça, roubar projetor e montar sessão clandestina no fundo de quintal, emboscar caminhão do McDonald’s com material promocional do grande lançamento da vez antes que ele chegue ao destino. Tática de guerrilha, mano.
E logo. Eu sei que todo mundo que não é babaca não aguenta mais falar em fim do mundo maia nessas alturas. Mas as circunstâncias me obrigam a voltar ao tema. E a história de que é só o sistema numérico deles que acabava em 2012 também não cola. Ao analisarmos a situação atual, podemos facilmente concluir que os maias eram uma sofisticada sociedade de críticos de cinema. E o fim do mundo pra eles significava o momento em que seria impossível ver qualquer coisa decente na tela grande. Algo que logo afetaria o delicado equilíbrio em que se mantém a sociedade, acabando por destruí-la. E como coincidência pouca é bobagem, só é possível afirmar que o que vai começar com tudo isso é O Hobbit e seus malditos 48 quadros por segundo. Depois não digam que eu não avisei.
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