Nem só de HQs americanas vivem os Quadrinhos III
Continuando o giro mundial dos quadrinhos, veremos aqui o trabalho de artistas de várias partes do mundo mas que se destacam. Novamente, acompanhei muito das histórias que aqui citarei através de scans, já que algumas dessas obras não se fizeram (Ao menos até onde eu saiba) presentes no Brasil.
Dentre os espanhóis, os personagens mais conhecidos são sem dúvida Mortadelo e Salaminho, criados por Francisco Ibáñez. Suas histórias tratam do mundo da espionagem com muito humor nas aventuras vividas pela dupla de detetives da T.I.A. (Técnicos de Investigações Aeroterráqueas). O sucesso foi tanto que Mortadelo e Salaminho foram parar até nos cinemas em uma adaptação de 2003. Em 2008 falou-se de um novo filme da dupla, mas não sei se o projeto seguiu em frente.
Outro personagem de grande destaque vindo da terra das castanholas é Groo, criado por Sergio Aragones. A história narra as aventuras do bárbaro Groo, de forma satírica, já que o personagem seria uma paródia de Conan, o Bárbaro.
Da América Latina também temos algumas surpresas, como o chileno Alejandro Jodorosky, um artista Bombril, já que é diretor, roterista, escritor e psicólogo. Dentro dos quadrinhos ele criou juntamente com o francês Jean Giraud – mas conhecido como Moebius – “O Incal” que narra a história do detetive particular John Difool, que recebe de um alienígena morimbundo um anel um cristal poderoso conhecido como Incal Branco. O problema é que tem uma cambada de gente querendo esse cristal.
Mas o que chama atenção nesse caso é que um personagem secundário do Incal tornou a dupla ainda mais conhecida através da série A Casta dos Metabarões – apesar que a casta na verdade é composta de um só integrante. Além disso a série conta com a participação do argentino Juan Gimenez na pintura.
Já do Canadá, temos David Sim, o autor que criou a mais longa série independente de quadrinhos do mundo: Cerebus. O personagem, um porco-da-terra, conseguiu atingir a marca 300 edições quando a série foi encerrada, em 2004.
Inicialmente, Cerebus era uma paródia de Conan, mas ao longo do tempo passou a ser a manifestação das idéias e das criticas sociais de seu criador numa paródia da própria vida, como dizem alguns críticos. Mas é esse tom – de certa forma escrachado – que deixa a série interessante. Mas voltarei a falar dela outra hora.
De Portugal, podemos citar como um grande autor de banda desenhada (Como são chamados os quadrinhos por lá), José Carlos Fernandes, que de forma bem descontraída retrata o cotidiano em suas obras. Sua série de maior destaque é A Pior Banda de todos os Tempos, onde os quatro componentes do grupo musical dividem a cena com diversos outros personagens, numa melódica rotina diária.
A dinâmica da série é extremamente veloz, já que cada história é composta de diversas cenas de duas páginas, sempre retratando a vida em busca de sonhos e realizações, e que em muitas vezes não percebemos que tudo o que queremos está bem diante de nossos narizes.
Agora, uma obra lusitana que pega pesado na critica é a mini Maldita Cocaína, do também português Ruy Lacas, que nos trás um Portugal retratado entre as décadas de 20 e 30 num tenso clima de crime, entre prostitutas, políticos, policiais, ladrões e outros membros da sociedade. A história é quase um retrato da violência que temos hoje, comandada pelo tráfico de drogas. É uma realidade nua e crua.
E na próxima coluna aportamos no Brasil.
Leia mais em: A Casta dos Metabarões, A Pior Banda de Todos os Tempos, Alejandro Jodorosky, Francisco Ibáñez, Groo, José Carlos Fernandes, Juan Gimenez, Maldita Cocaina, Moebius, Mortadelo e Salaminho, O Incal, Ruy Lacas, Sergio Aragones