O Anel dos Nibelungos (A. S. Frachini e Carmen Seganfredo)
Imagino que todos os que frequentam (agora sem trema) este site já tenham jogado D&D na vida ou, pelo menos, tenham jogado algum RPG de computador. Para quem teve esta magnífica experiência de transportar-se como um besta para uma realidade paralela, deve saber como os anões tem fama de serem ávidos por ouro. Entretanto, ficar cavando em busca desse metal precioso é cansativo e chato, pois o ouro que se extrai das minas não oferece nada mais do que status. Já o ouro que jazia nas profundezas do Reno oferecia poder inigualável àquele que o possuísse.
Então Alberich (o anão nibelungo, que dá origem ao título da obra), que andava pimpante por campos verdes e floridos, decide parar para dar uma olhadinha nas imediações do rio Reno. Se esconde atrás de alguns arbustos e percebe que ali nadam as ninfas que tanto povoam os seus sonhos libidinosos. Flosshilde, loura estonteante; Wellgunde, morena de cabelos tão negros como as asas da graúna [/Alencar] e Woglinde, ruiva radiante e tão bonita quanto as suas irmãs.
As ninfas percebem a presença desse anão e decidem tirar uma onda com a cara dele.
Então ele entra no rio para perseguí-las, com a intenção de mostrar onde é que tá o “monstrinho” e elas, para mostrar que são fodásticas, decidem humilhá-lo com as suas habilidades natatórias. Fingiam cansaço e quando ele estava quaaase encostando no dedão do pé de alguma delas, elas fugiam e riam da cara do anão encardido, chamando-o de “sapo barbudo”. Alberich sabe que elas guardam o ouro no fundo do rio e por isso fica pensando numa maneira de se reaproximar delas. É claro que ele queria dar uma bimbada também, mas aí era pedir demais. Entre alguns galanteios e jogando uns verdes, ele colhe madurinha a resposta sobre o misterioso ouro no fundo do Reno: aquele que forjar um anel com aquele ouro será o senhor do universo. Porém (e sempre tem um “porém”), aquele que forjasse este anel e o usasse, afim de tornar-se muito foda, deveria abrir mão do amor. Vendo que era mais fácil que roubar doce de criança, ele não só renunciou ao amor, como também o amaldiçoou para sempre. Pegou o ouro no fundo do rio e forjou o anel.
Em um outra parte da história, não menos importante, os gigantes Fafner e Fasolt construíram e entregaram pronto à Wotan (Odin) aquele lugar que 10 entre 10 nerds gostariam de ir quando morressem, ou seja, Valhalla. O problema é que no dia da entrega, os dois gigantes também vieram cobrar o custo da obra toda, que no final das contas era a irmã da esposa de Wotan, Freya (deusa do amor, da juventude e da beleza). Vendo que a cagada estava feita e que não poderia mais voltar atrás, ele decide negociar o preço, porque senão a mulher dele não ia parar de chiar por causa disso durante toda a eternidade. Wotan oferece aos gigantes o ouro do Reno e o anel poderoso que Alberich forjou outrora. Fafner quer mais do que isso, quer ainda todo o ouro que o anão conseguiu acumular em seu lar durante todo o tempo que ele possuiu o anel e ainda exigiu que Fraya fosse junto com eles para casa, como garantia de que o que ele desejara seria entregue. Wotan concorda e entrega a deusa, sob os choramingos de sua esposa, Fricka.
Agora o jeito é ir atrás de Alberich e pegar toda a muamba antes que termine o prazo de entrega, que ficou acordado em 1 dia. Planejando que a missão fosse um sucesso, Wotan convoca Loki para ir ajudá-lo a chupinhar o ouro do pobre anão dentro da mina onde ele vivia. Eles conseguem pegar tudo, porém não antes que Alberich amaldiçoe o anel. Afinal, se não poderia ser dele, que desse muita dor de cabeça a quem fosse ficar com o One Ring.
Wotan sai da galeria onde Alberich se encontra neste momento chorando como um bezerro desmamado, usando o anel dele e sentindo uma enorme sensação de prazer.
Chegando em casa, ele espera os dois gigantes virem pegar aquele tesouro todo e devolver Fraya. Wotan entrega todo o ouro, porém Fafner sente a falta de uma pequenina peça: o anel. Ele pede que Wotan o deposite na pilha de ouro que, a este momento, encobre Fraya da cabeça ao pés, porém ele se recusa a entregar. Começa um catfight entre eles porque um quer receber e o outro não quer dar, e fica nisso até surgir Erda (deusa da terra) para apartar a briga e pôr um fim neste impasse. Ela tenta persuadir Wotan de muitas maneiras, mostrando que aquele anel não vale nem o substrato de pó de bosta do cavalo do bandido, mas ele mesmo assim se recusa a entregá-lo aos gigantes. Uma frase fica ecoando no palácio após a decisão de Wotan, que dizia: “Dias de grande escuridão e dor aproximam-se para os deuses.” Pensando nisso, depois de um tempinho, ele resolveu entregar o anel aos gigantes. Fafner toma o anel, mata seu irmão e pirulita-se dali o mais rápido possível.
Daqui pra frente a história vai ficando cada vez mais emocionante. Começa a aparecer o tempestuoso envolvimento entre Siegfried e Brünhilde (uma das nove Valquírias de Valhalla, preferida de Wotan), Fafner se transforma em dragão, surge um casamento arranjado entre Siegfired e Gutrune que servirá somente para atrapalhar ainda mais o relacionamento de Brünhilde e Siegfried.
Esta história faz parte da mitologia nórdica e foi transformada em ópera por Richard Wagner entre 1848 e 1874. É uma das suas mais brilhantes óperas, dura em torno de 15 horas e está dividida em 4 atos: Das Rheingold (O ouro do Reno), Die Walküre (A Valquíria), Siegfried e Götterdämmerung (O Crepúsculo dos Deuses). O livro também está dividido nos mesmos atos, facilitando a vida de quem já ouviu falar nessa história antes e leu o livro para enriquecer seu conhecimento.
Os autores que traduziram esta obra do alemão se chamam A. S. Frachini e Carmen Seganfredo. Frachini nasceu em 1964, é formado em Direito e Carmen é bacharelada em Letras, nasceu em 1956. Ambos moram em Porto Alegre – RS.
O Anel dos Nibelungos
Der Ring des Nibelungen
Ano de Edição: 2006
Autor: A. S. Frachini e Carmen Seganfredo
Número de Páginas: 191
Editora:Artes e Ofícios
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