O Besouro Verde (The Green Hornet)
Britt Reid é filho do magnata da mídia de Los Angeles James Reid e sempre levou uma vida desregrada, sem se preocupar com nada, apenas com festas, mulheres e o café na cabeceira da cama, pra tomar quando acordasse. Porém, sua vida vira de cabeça pra baixo quando seu pai morre por uma picada de abelha e agora Britt tem todo o império do pai em suas mãos e um jornal pra administrar, o que não vai ser tão fácil como ele imaginou, mas que o ajudará na empreitada que encarou com um ex-empregado de seu pai, Kato, um especialista em artes marciais, em construções bélicas e em perfeita blindagem de carros: Virar um vigilante noturno, combatendo o crime de LA sem ligar para a lei, assumindo, asism, a identidade de Besouro Verde.
O filme é baseado na série de rádio criada nos anos 30 e que já virou série de cinema nos anos 40, série de televisão (Com Bruce Lee) nos anos 60, um filme em 1974, um filme em Hong Kong em 94 e um curta francês em 2004. Por já ser tão saturada, os roteiristas Evan Goldberg e Seth Rogen e o diretor Michel Gondry apostaram numa renovação da história e dos personagens, uma releitura moderna para atrair o novo público. E consegue, mas isso não significa que o resultado seja um ótimo filme.
Ao transformar o protagonista Britt em um pateta, os roteiristas Goldberg (Que escreveu Superbad) e Rogen (Que vocês já conhecem, mas aqui está magro) claramente o tornam unidimensional, o que primeiramente dá a impressão de ser uma jogada para apostar num ritmo alucinante, de ação do início ao fim e contando com a falta de tato de Britt para combater o crime para cadenciar o humor sem perder o ritmo crescente de ação, lutas e explosões. Ledo engano, o filme não cria esse ritmo e nem cria profundidade em seus personagens.
Após usar o primeiro ato para definir o caráter dos personagens e o impacto da morte de James na vida do filho e na transformação deste no temido vigilante noturno que veste verde, o roteiro desperdiça todo o segundo ato tentando criar conflitos de vaidade entre Britt e Kato e outros atritos causados pelo interesse de ambos na jornalista Lenore Case, secretária de Britt no jornal. O que soa inverossímil, já que a personagem de Cameron Diaz não surge interessante em momento algum na narrativa, e a direção de Gondry jamais usa o inegável charme que a atriz tem, a colocando apenas como uma alegoria ao filme, apenas para tentar justificar um rompimento dos dois parceiros.
Se Cameron Diaz é impedida de usar seu charme, Seth Rogen tem todo o filme pra ele e, talvez por tamanho destaque, acaba exagerando e soando forçado em algumas gags. O que não compromete a diversão que ele consegue provocar no público, mesmo com um personagem raso e controlado pelas vontades limitadas da dupla roteirista. Jay Chou, como Kato, também se sai bem, mas nada de maior destaque. O elenco ainda conta com um sub-aproveitado Tom Wilkinson e um ótimo Christoph Waltz, que brinca como o vilão Chudnofsky. E há, também, uma rápida participação de James Franco no início da projeção, que se diverte fazendo um playboy dono de uma boate e que decide desafiar o personagem de Waltz, chefão do crime de Los Angeles.
Apesar da quebra de ritmo no segundo ato e das reviravoltas previsíveis e desnecessárias no início do terceiro ato e a direção menos inspirada do que o esperado de Michel Gondry (Ele fez Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças), o filme diverte com a bela coreografia e os efeitos especiais das lutas, além de Seth Rogen conseguir segurar o filme, apesar de escorregar algumas (Muitas) vezes.
A sequência final de ação começa ótima e cresce, mas perde força por se estender por mais tempo do que deveria. E o 3D também não oferece absolutamente nada de positivo ao filme e nem à história. Se puder ir ao cinema apenas uma vez nesse final de semana, opte por 127 Horas, um dos grandes filmes do ano.
O Besouro Verde
The Green Hornet (119 minutos – Ação)
Lançamento: EUA, 2011
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Evan Goldberg e Seth Rogen
Elenco: Seth Rogen, Jay Chou, Cameron Diaz, Tom Wilkinson, Christoph Waltz, Edward Furlong
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