O Chamado 3 (Rings)

Cinema quinta-feira, 02 de fevereiro de 2017

 A jovem Julia (Matilda Lutz) fica intrigada quando seu namorado, Holt (Ales Roe), começa a explorar uma história envolvendo uma amaldiçoada fita de vídeo, que faz a pessoa que a assiste morrer em sete dias. Ela se sacrifica para salvar a vida dele e acaba fazendo uma descoberta terrível: há um “filme dentro do filme” que ninguém jamais viu antes.

Eu não assisti o primeiro, ou mesmo o segundo O Chamado. Se isso é uma coisa boa ou não eu deixo pra você decidir. Agora, o que não dá pra negar é: Seria melhor não ter visto o terceiro. É uma sucessão de erros que deixa qualquer pessoa que goste de horror com a sensação de butiá caindo do bolso. Acho, inclusive, que é a primeira vez em que eu não tenho expectativa nenhuma e mesmo assim saio da sala de cinema decepcionado. “Mas é possível que seja tão ruim assim, Pizurk, ou você está exagerando para fins cômicos?” Escuta aqui, se fosse pra fazer piada, eu ia dizer que o filme é uma maravilha, que a Samara é uma tetéia [Não que a atriz que a interpreta não seja, mas a questão aqui é um personagem, que teoricamente é uma pirralha de 8 anos], que a galera toma decisões ponderadas e com grande reflexão. Mas nada disso acontece feijoada.

Pode ser que tenha spoilers aqui, mas considere que eu tou te salvando de quase duas horas de dor e sofrimento. Seus, não dos personagens. Eles sofrem pra caralho também, mas gente burra tem mais é que se foder mesmo. Começa com uma abertura que não liga nada à lugar nenhum, e poderia muito bem ter sido removida ou transformada e não faria a menor diferença. Não sei se os primeiros filmes tiveram aberturas parecidas, mas botar a Samara derrubando um avião não acrescentou em nada à trama. Nem mesmo dá pra relacionar as duas partes, exceto por um comentário jogado na cena seguinte.

 Essa tecnologia 3D tá cada vez mais realista.

Corta pra Leonard, de The Big Bang Theory Gabriel, numa feira do rolo, mercado de pulgas ou algo assim, observando um videocassete velho [Redundância? Não existe mais videocassete novo]. O interesse dele num videocassete é meio desproporcional, mas a gente perdoa, nerd gosta de comprar coisa velha pra brincar de desmontar. Mas ai vem aquela coisa: Tem uma fita presa dentro do aparelho, e ele dá um jeito de tirar. Se tem um negócio preso dentro de um equipamento seu, cê vai botar ela lá dentro de novo? “Mas na fita tá escrito ‘Me assista’, eu tenho de obedecer o objeto inanimado!” Bom, ele bota, e assiste a porra toda. Enquanto fuma um baseado. O que faz com que ele veja uma mosca sair do baseado, e a chuva “cair” ao contrário. Qualquer pessoa normal iria questionar seu traficante sobre a procedência do produto, mas ele não. Ele é especial, ele lembra de Cólera do Dragão na cachoeira acha que algo vai acontecer.

 Cês são tudo burro.

E acontece. O casal de pessoas burras Holt e Julia acontece. Resumindo bem a fita [HAH], Holt assiste a “fita” [Eu queria entender quem ainda chama vídeo de fita num universo onde não existem mais fitas] e Julia assiste pra salvar o amor da vida dela. Mas ela vê coisas que ninguém mais vê, descobrindo uns paranauê muito louco que nunca ninguém tinha visto. Ou que nunca tinham aparecido nos outros filmes, pelo menos.

Ela é única, especial e… A gente descobre que uma dúzia de pessoas já teve esse mesmo tipo de complicação, se é que podemos chamar assim. Tudo bem, ela vai conseguir, ela é a mocinha do filme, quem morreu fora de cena nem relevância tem e… Ah, mano. O final do filme é um caralho de asa. Até o último minuto, tá aquela coisa padrão de filme de horror, te desgraçando a cabeça de um jeito não tão ruim, ainda consegue ser alguma coisa. Mas com o final que teve, dá vontade de chegar nos roteiristas e mandar a real:

– Opa, vocês são David Loucka, Jacob Estes e Akiva Goldsman?
– A gente mesmo, cê sabe nosso no-
– POW! SOC! TUM!

– Vão se foderem.

Eu fico tão puto que nem pra fazer um trocadilho com Loucka eu tou prestando. Se bem que, olhando o pôster agora, eu vejo que o maior spoiler tava na minha cara, só eu que não vi. Deveria ter acreditado no recado de São Pedro, que mandou um chuvão da porra tentando me impedir de chegar ao cinema, mas nããããão, vamo assitir essa bosta. É bom, pra aprender a não confiar em sequências, ou em Hollywood. Em São Pedro eu já não acredito mesmo.

O Chamado 3

Rings (102 minutos – Horror)
Lançamento: EUA, 2017
Direção: F. Javier Gutiérrez
Roteiro: David Loucka, Jacob Estes e Akiva Goldsman, baseados na obra original de Kôji Suzuki
Elenco: Matilda Lutz, Alex Roe, Johnny Galecki, Vincent D’Onofrio, Aimee Teegarden e Bonnie Morgan

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