O Júri (Runaway Jury)

Cinema sexta-feira, 02 de dezembro de 2011

“Após considerar que uma grande empresa é a culpada pela morte de seu marido, uma viúva decide entrar com um processo na justiça, pedindo uma indenização milionária. Para defendê-la ela contrata o advogado Wendell Fohr (Dustin Hoffman). Porém Fohr precisará enfrentar Rankin Fitch (Gene Hackman), um especialista em selecionar os jurados de forma a garantir de antemão sua vitória no julgamento. Porém o que Fohr e Fitch não contavam é que um dos jurados, Nicholas Easter (John Cusack), tem seus planos para manipular o júri. E, com o apoio de Marlee (Rachel Weisz), passa a chantagear a dupla avisando que o veredicto desejado sairá bastante caro.”

A corrupção dentro do poder judiciário é um assunto que empolga e quando feito o bom uso, gera ótimos resultados. É o caso de O Júri, filme de 2003 que conta a história da barganha feita por uma sentença condenatória (Ou não) em julgamento do tribunal do júri. O longa, baseado no livro de John Grisham, começa bastante misterioso, mas aos poucos vai dizendo a que veio. As peças do quebra-cabeças vão sendo entregues junto com a apresentação dos personagens (Bem desenvolvidos e com características marcantes). O pano de fundo pode ser facilmente descrito por essa frase, que eu considero a mais importante de todas:

Senhores, julgamentos são importantes demais para serem deixados aos jurados.

De cara, temos que comentar sobre o desbunde de atuação do elenco. Putaqueopariu! Começando pelo Dustin Hoffman (Que até vestido de mulher em Tootsie, chuta bundas!), passando pela maravilhosa Rachel Weisz, John Cusack, até Gene Hackman, sensacional na pele do mercenário Hankin Fitch. Na verdade esse é o grande trunfo, um elenco que segura o filme e de longe a maior qualidade dele. Tecnicamente falando, não há problemas, mas também não há elogios. Notei uma boa preparação do roteiro, uma pesquisa bacana sobre o tribunal do júri e termos técnicos (Mesmo sendo ficção), o que deixa o filme interessantíssimo e prende o expectador.

Mas, apesar de ser um filme com roteiro inovador, não é exatamente o que se pode chamar de genial. Há falhas em algumas situações que me fizeram pensar naquela clássica frase “Ah, é filme!”. E não, isso não é bom, tanga. Achei também que o final super dramático e fofix sensível não casou muito bem com o clima que a história vinha desenvolvendo ao longo da produção. Acabei o filme com a sensação de que faltou algo, e que sinceramente, o negócio tinha um puta potencial, mas não deu tudo de si. Senti que rolou uma preocupação justa com a parte do julgamento (Há!), mas poderiam ter dado uma atenção maior para o desfecho. Foi tipo a J.K. Howling fechando a saga do Harry Potter com um epílogo cretino (Será que é mal de escritor?).

Por fim, vale lembrar que o procedimento do tribunal do júri no Brasil não é o mesmo que o mostrado no filme. Aqui os votos são contados individualmente, num esquema de 7 jurados (O número ímpar é pra evitar o empate), que sem discutir ou trocar informações com o resto do grupo, votam numa cédula de papel sobre a culpabilidade do Réu (Sim X Não). Mas O Júri é um filme bacana no todo, não dá pra negar. Traz ainda uma discussão bastante pertinente: A eficácia do tribunal do júri. Afinal, será mesmo o cidadão comum, sem conhecimento da lei e da aplicação do direito, um bom julgador? Será mesmo a teatralidade desse procedimento a forma mais justa de resolver o impasse? Boas questões pra tirar o cérebro da zona de conforto.

O Júri

Runaway Jury (127 minutos – Drama)
Lançamento: EUA, 2003
Direção: Gary Fleder
Roteiro: Brian Koppelman, David Levien, Rick Cleveland e Matthew Chapman
Elenco: Dustin Hoffman, Rachel Weisz, John Cusack e Gene Hackman

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