O martírio de procurar obras underground
Antes de mais nada, gostaria de agradecer ao Santhyago, por ter cedido a sua coluna para a publicação desde humilde texto. Obrigada!
Quando você vê uma pessoa, com ares de intelectual, andando de um lado pra outro numa livraria, você já sabe: ela está procurando uma obra underground. Mas afinal, o que é underground?
Minha opinião à respeito é que seriam aquelas obras que não possuem muita divulgação ou porque simplesmente ninguém mais gosta. Já viu alguém berrando que ama Camões? Eu, até hoje e durante minhas 22 primaveras, nunca ouvi nada nem parecido. A não ser que ódio seja considerado como amor, já que o que eu sempre ouvi foi: “Mas que merda, porque não cobram Harry Potter no vestibular?”
Há meses venho procurando os livros dos quadrinhos da Maitena. Na segunda maior cidade do Rio Grande do Sul (Caxias do Sul), não encontrei nada em livraria alguma. Fui encontrar em Porto Alegre, na FNAC, espremidos numa estante cheia de outros comic books mais relevantes midiaticamente. Pra quem nunca viu essa belíssima cartunista, disponho aqui uma “tirinha” dela logo abaixo:
Maitena é uma cartunista argentina, que publica seus quadrinhos em nada mais, nada menos que El Pais, La Stampa e Le Figaro (são só alguns). Suas obras foram traduzidas em 12 idiomas e publicadas em mais de 30 países. E é só aqui que aparentemente nunca encontro com facilidade. Fiquei sabendo dela através de uma professora que trabalha na mesma instituição que eu e disse que no Chile ela é campeã de vendas.
Num dia desses, navegando pelo grande oceano que é a internet, eu descobri o Audie Murphy, um super soldado baixinho que venceu meio mundo numa guerra, estando sozinho e doente. Ele publicou um livro chamado To Hell and Back, onde ele conta toda a história da guerra na visão dele, ou seja, quase uma auto-biografia. Pergunta se eu achei aqui?
A quem interessar possa, essa história toda virou filme, onde Audie interpreta ele mesmo. Averigüei sobre o filme e descobri que não parece ser muito bom. Darei uma melhor opinião quando assistir.
Uma mania que eu tenho é de querer ler livros dos autores na sua língua materna, quando eu a domino. Por exemplo, eu prefiro ler os quadrinhos da Maitena em espanhol, ler Dracula em inglês e no momento estou aprendendo alemão para, quem sabe um dia, ler Nietzsche nas suas palavras originais. Não pense que o livro que você lê em português contém toda a riqueza de expressões usadas na língua onde ele foi primariamente escrito. E com certeza deve ser por isso que nunca encontro as obras como quero e, quase sempre, necessito encomendar na internet. Ou esperar a feira do livro.
Achar livros da Isabel Allende em espanhol também não é tarefa fácil. Creio que deste texto ela seja a autora menos underground, e mesmo assim, não é tão fácil assim encontrá-la dando sopa nas prateleiras. Talvez seja pelo tema novelístico que ela usa nos seus livros, com histórias envolventes e cheias de dramas românticos. A mulherada sijoga em cima desses livros, principalmente aquelas que curtem ler a cada intervalo de suas tarefas, sem se preocupar demais em entender a história. Até porque esse tipo de história nem exige demais do cérebro, exceto pelas pinceladas históricas que a autora dá ao mesmo tempo que narra a história da mocinha que morreu de amor. O que me faz adorá-la é exatamente isso, não é nada muito água-com-açúcar e se aprende muito de história lendo os livros dela.
Ficadica:
Se um dia você topar com uma guria loira, que tem os cabelos perto do pescoço pintados de vermelho, perambulando atônitamente numa livraria, não se encabule e venha me ajudar a procurar seja lá qual obra eu estiver procurando. Toda ajuda é bem vinda! E se você tiver livros usados e bem cuidados, é capaz de fazermos negócio.
No momento estou procurando gibis em alemão, da Disney. Boa sorte pra mim.
Leia mais em: Ação, Audie Murphy, Isabel Allende, Maitena, quadrinhos alternativos, Romance