O novo momento dos super heróis
Tá certo, tá certo. Acho que agora que a euforia com os filmes de super-herói passou e a população em geral esqueceu do Batman e dos Vingadores, é hora de outra opinião sobre o momento do gênero, o lançamento das duas escolas que surgiram de tudo isso, com Homem de Aço de um lado e o Wolverine do outro. Ou nem tanto, mas a Marvel não lançou nada de novo, e todo mundo sabe que Os Vingadores (que não é lá essas coisas, sempre bom lembrar) foi o ápice do estúdio, e tudo o que vier daqui pra frente vai ser mais do mesmo, eternamente enquanto gere dinheiro. Ou seja, o que a Fox tá fazendo é muito mais interessante.
Mas comecemos com a Warner. E com spoilers. A ideia de continuar o legado do Nolan parecia impossível, mas começou a parecer promissora depois dos trailers empolgantes que saíram. Só que o Zack Snyder não é de decepcionar, e o Homem de Aço tenta, mas falha miseravelmente. Porque a caracterização do Superman tá muito bacana, assim como toda ideia de ele ser realmente um alien, estranho a toda humanidade e relutante em se tornar Jesus um salvador.
Pena que nada disso é muito explorado na prática, todos os esforços do Kevin Costner são em vão e os ensinamentos do Jonathan Kent são ignorados até ele morrer pra salvar um cachorro. Mas quem estraga tudo é o Jor-El, que aparece dando todas as respostas o tempo todo e não deixa espaço pro Clark tomar nenhuma decisão heroica.
Toda essa incongruência é simbolizada no final, quando o Superman quebra o pescoço do Zod, pra somente depois anunciar que não vai servir de brinquedinho dos Estados Unidos. E essas coisas nem irritam tanto quanto o fato de TODOS os personagens principais se encontrarem “coincidentemente” o tempo todo numa grande metrópole, tipo toda a equipe do jornal e o cara gordo que o Super salva, numa escala somente semelhante ao que foi visto na merda do Espetacular Homem-Aranha.
Não curti nem a ação à la Dragon Ball, mas não dá pra reclamar disso. Fica o aprendizado de que toda essa história de tornar o esquema dos super-heróis sérios/realistas só funciona com alguém que realmente entende comandando a parada. A não ser que a coisa não se leve tão a sério. Como acontece com o novo Wolverine.
Tudo bem que não chega a ser aquela coisa toda, mas é divertido pacas (Taí uma expressão que precisa voltar), pelo menos. E mesmo que todo o esquema de resgate ao anti-herói que se desviou do caminho seja clichê de doer, nem por isso deixa de ser satisfatório.
Ou alguém vai reclamar de ver o Logan encarnando um ronin e lutando com ninjas e outros guerreiros orientais genéricos? Só que o mais interessante é que tinha tudo para parar por aí. Aqui, porém, temos os momentos de ação de um lado e todo um “aprofundamento” na natureza do personagem de outro.
Entre aspas porque não vai lá tão a fundo assim, mas cumpre com o que propõe. O protagonista começa a jornada sem razão pra viver e vai reencontrando o papel de salvador (Ou soldado) que ocupava até então. A questão da perda de identidade do Wolverine é explorada de forma pertinente, já que ele chega a perder o fator de cura e as garras momentaneamente, tudo o que define o personagem a primeira vista.
O “martelamento” desse conceito repetidamente nem incomoda porque o filme dá tempo ao tempo, dentro do possível, principalmente nas cenas mais intimistas do Logan com a Mariko, japonesa pela qual ele se apaixona. E vale ressaltar que o destino do mundo não tá em jogo dessa vez, e em perigo só o Wolverine e a galera que ele resolveu ajudar.
Outro ponto positivo é a questão do bem e do mal, um pouco menos simplória do que a gente tá acostumado a ver. O que fica deslocado é essa afirmação constante de que o Wolverine é imortal. Tudo bem que os poderes dele vem aumentando exponencialmente a cada obra, mas não precisava anunciar assim, abertamente. Qual é o próximo passo? Daqui a pouco tão dando superforça pra ele também.
De quebra, o filme conseguiu fechar as pontas deixadas pelo fracasso do X-Men 3 (Não, eu não vi o 1º Wolverine) e ainda deixa um gancho bacana pra botar a franquia dos de volta nos eixos (Não a do Primeira Classe. Essa já vai muito bem sozinha, obrigado).
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