O quanto se pode esperar

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Essa semana me ocorreu um fato muito bom que me inspirou a escrever o tema de hoje. Então sentem aí que eu vou contar a vocês uma pequena história.
Muito tempo atrás, quando eu era um jovem noob no mundo literário, época essa que quis ler Paulo Coelho mas nunca havia achado um livro dele e acabei por desistir da idéia, me dedicando a outros livros, existia um que martelava a minha mente desde que eu havia lido uma matéria numa revista falando sobre ele. O livro era o Pergunte ao pó, de John Fante. De acordo com a matéria, da qual me lembro de detalhes até hoje, contavam que na biblioteca de Curitiba só existiam 3 exemplares desses livros, todos emprestados e era muito dificil de os encontrar. O fato de que aquele livro era algo muito procurado me fez ir atrás dele. Depois de procurar por sebos por algum tempo, de esperar na biblioteca por mais algum tempo e quase desistir da idéia, quase 3 anos depois de ter decidido ler esse livro ele cai na minha mão, uma edição da biblioteca mesmo sobrando por lá. Eu esperei por isso muito tempo e agora que está aqui, percebo que valeu cada dia esperar por ele. Eu já havia lido o Espere a Primavera, Bandini, sabia que era algum tipo de continuação, mas o que eu queria realmente era esse livro.
Acabada a história, vamos ao que interessa.
Esperar por um livro é um processo natural de todo leitor POBRE e honesto, que não vai atrás de alguma outra maneira de ler algum livro. O ato de esperar por alguma coisa, saber que o tempo que passa é como um bom vinho que pode muito bem acabar virando algo bom ou ser tão ruim quanto beber vinagre. Essa comparação com vinho não foi nada boa, mas acho que serve bem, vocês bêbados leitores daqui devem ter entendido. E os não bêbados também, presumo.
Mas o fato do dia é esse. Desde aquele que é seguidor fiel de um autor famoso, como Bernard Cornwell, daqueles fãs que olham o site e ficam se mordendo esperando lançar uma versão do livro em português, ou aquelas fãs de Nora Roberts, uma autora que comecei a conhecer a pouco tempo e ainda estou em dúvidas se gosto ou não, mas isso não vem ao caso. O que importa é que ela tem vários livros com histórias em aberto, que tem continuações e tudo o mais. Uma fã dela hoje em dia deve sofrer demais ao esperar por mais histórias que todos os outros.
Isso são os fãs de autores vivos, eles sabem que algo escrito por eles pode vir pra cá a qualquer momento, quem sabe junto com com o autor. Mas no caso de John Fante, citado logo acima, que teve sua visão afetada pela diabetes e escreveu seu último livro ditando-o para sua esposa? Edições perdidas, nunca re-imprimidas, história que nenhum colecionador gostaria de se livrar de sua prateleira, todos esses fatores tornam um livro bom ser algo filho da puta de se achar. E cada minuto de espera vale a pena, quando você abre o livro e vê que cada uma daquelas palavras valeu a pena ter esperado para ler…

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