O que justifica a refilmagem de filmes estrangeiros pelos americanos?

Primeira Fila sexta-feira, 05 de outubro de 2007

Com a notícia divulgada nesta semana que Natalie Portman (gatíssima, de V de Vingança), entrou no elenco de Brothers, com Tobey “Homem-Aranha” Maguire e Jake “Brokeback Mountain” Gyllenhall, lembrei que este filme é, na verdade, uma refilmagem de um filme homônimo dinamarquês recente, acho que 2004, mas lançado comercialmente por aqui em 2005 (o dvd foi distribuído pela Califórnia Filmes). Brothers faz parte de uma nova “moda” do cinema americano, refilmar recentes filmes não falados em inglês (isto mesmo, americano é preguiçoso e não gosta de ler legendas), para o mercado americano.

Musa inspiradora da coluna

Ou pior do que não querer ler legendas, o grande problema por trás disso é a falta de originalidade das produções americanas atuais que, quando não são continuações ou são adaptações literárias ou são refilmagens de clássicos antigos. Fez sucesso internacional ou ganhou prêmios em festivais, compra-se os direitos (investimento mais barato e com certa garantia) e se refilma com mais dinheiro e um elenco mais conhecido com todos falando um inglês bastante fluente.

Num primeiro momento, você lembra que isto acontece somente com produções orientais, até porque, se acostumar com uma língua como a chinesa onde, por exemplo, parece que todos estão gritando (principalmente as mulheres) é irritante. São vários os filme já adaptados pelos americanos, temos desde os já famosos O Chamado (1 e 2), O Grito (1 e 2), Ígua Negra até os mais recentes e prontos para serem lançados One Missed Call (que teve o pôster divulgado aqui) e The Eye (este imperdível pela presença da hot Jessica Alba). Mas, nem só de assombrações de meninas cabeludas vivem estas refilmagens americanas, no ano passado, o argentino Alejandro Agresti dirigiu para o mercado americano a refilmagem de Siworea, romance sul coreano de 2000, que recebeu o título de A Casa do Lago, um dos melhores filmes de mulherzinha de 2006.

cena assustadora de The Eye ou “ahhh!Quemei o bolo!!”

Falando em argentinos, Steven Soderberg (cineasta da cinessérie Onze Homens…) produziu uma versão de Nove Rainhas (2000), espetacular filme de golpe e trapaça dirigido pelo falecido Fabian Bielinsky e protagonizado pelo ótimo ator Ricardo Darin (O Filho da Noiva), que na versão ianque recebeu o título de 171, mas, neste caso a refilmagem ficou muito aquém do original.

Dois outros exemplos recentes estiveram em cartaz neste ano: Um Beijo a Mais, comédia romântica dirigida por Tony Goldwin e protagonizada por Zach Braff (Scrubs), é na verdade, baseada no italiano O Último Beijo (disponível em dvd), do agora internacional diretor/roteirista Gabriele Muccino (Í Procura da Felicidade). Neste caso, os filmes se equivalem até porque na versão americana, o roteiro foi adaptado com algumas idéias criativas de Paul Haggis (roteirista da moda em Hollywood, escritor de Crash – No Limite e Menina de Ouro). O outro caso é Os Infiltrados, ganhador do Oscar neste ano, adaptado por Willam Monahan e dirigido pelo mestre Martin Scorsese, o filme original é o chinês Conflitos Internos (disponível em dvd), ambos os filmes muito bons, sendo que o chinês é um pouco menos convencional do que a versão americana.

Dois motivos para ver Um Beijo a Mais: Rachel Bilson e Jacinda Barrett

Claro, que não há convenção que diga que uma refilmagem, necessariamente, seja inferior ao original, somente o que me chama a atenção é esta tendência do mercado americano de mimetizar (palavra difícil, hein?), outras produções que, diferentemente deles, conseguem inovar em tramas e argumentos. Claro que facilita, principalmente na cabeça do produtor, que um filme já testado em outras platéias e aprovado, seja uma garantia de retorno financeiro para ele também, porém, este tipo de refilmagem está se tornando um hábito em tempos onde a criatividade é artigo raro em Hollywood, refletido no baixo número de filmes americanos originais que realmente impressionam as platéias atuais.

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