O que temos de bom na Amazon Prime?

Primeira Fila segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Chegou ao Brasil, na última terça-feira (14) o serviço de streaming Amazon Prime, para competir diretamente com a Netflix, pela bagatelinha de US$ 2,99/mês nos primeiros 6 meses. Estou na fase de testes, mas já deu pra sentir o potencial do serviço.

O cardápio de filmes é um tanto quanto curioso. Se a Netflix Brasil oferece infinitamente menos opções que a americana, o serviço da Amazon é ainda mais reduzido, mas não é em qualquer buraco que você confere a versão bollywoodiana de Pânico, ou Fan, que conta a história do maior fã de um astro indiano (Eu não vou com “que você respeita” porque já caiu em desuso), que cruza o país em busca do ídolo e jura vingança quando lida com seu egocentrismo. Pode parecer bizarro para uns, impossível de assistir para outros mas, no fim do dia, é cultura. Cada lugar tem sua forma de fazer cinema e tudo o que foge do padrão parece esquisito, aprender como cada lugar desenvolve sua indústria é interessante e, hoje, minha mente está um pouco mais aberta. Se forem fazer o teste gratuito de sete dias, não deixem de visitar Bollywood.

Nunca te vi, sempre te amei.

Já as abas de terror e suspense não trazem nada de novo. Filmes óbvios, como O Bebê de Rosemary, Um Drink no Inferno e Janela Indiscreta encabeçam os gêneros. São, indiscutivelmente, ótimos longas. Mas não são novos, estão em qualquer lugar e passam na TV dia sim, outro também. O mesmo para as comédias, que são os blockbusters de sempre. A verdade é que falta estofo cinematográfico ao novo serviço. Nesse aspecto, tanto Netflix quanto Net Now, que eu utilizo bastante, saem na frente, deixando a Amazon comendo poeira. Apesar de pagar por obra, em alguns casos, o serviço da Net tem, além de variedade, muita novidade e exclusividade. Filmes que mal saíram das telonas já estão disponíveis para quem quiser ver. Documentários interessantíssimos, como a biografia de Angela Davis e Vito Russo se alternam gratuitamente para os assinantes da HBO, além de organizar os hits da programação por canais, facilitando o acesso, descobertas e redescobertas.

O grande trunfo da Amazon Prime é a qualidade das séries que traz. Eu poderia parar por aqui mencionando as temporadas de Seinfeld, mas também estão no rol Community e Mr. Robot, além das originais Transparent, Bosch e a cativante Hand of God, sobre um juiz corrupto que, após um colapso, começa a acreditar que deus está falando com ele diretamente, influenciando em seu comportamento e objetivos. Só por essa trama, cuja segunda temporada acaba de ser confirmada, vale pelo menos um mês de assinatura.

O que são menos US$ 2.99 por mês no orçamento, não é mesmo?

São muitas as opções de entretenimento hoje. Não somos mais dependentes de uma TV a cabo caríssima, tampouco dos canais abertos com sua pobreza de programação. A competitividade, inclusive, está colaborando para melhorar aquilo que parecia próximo da obsolescência. Grande exemplo é Nada Será Como Antes, belíssima produção da Rede Globo (Com final cagado, mas…), que saiu antes para assinantes da Globo Play e, posteriormente, na TV. Não podemos descartar as possibilidades, o poder dos serviços de streaming e seu vertiginoso crescimento. Apesar de ainda embrionário, é preciso ficar de olho na Amazon Prime, que deve expandir seu cardápio nos próximos meses. Impossível, hoje, compará-la à Netflix, mas o potencial é grande e não pode ser subestimado, especialmente em relação às produções originais. Aguardando ansiosamente a chegada da Hulu ao país para mais um test drive audiovisual. Até decidir o que me atende melhor, vou colecionar assinaturas e aproveitar o que cada uma tem de melhor.

Nota do editor: Não sei a Nelly, mas eu não recebi um centavo por esse infomercial.

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