O Ritual (The Rite)
Michael Kovak trabalha na agência funerária de seu pai, mas se sente reprimido, sem espaço pra viver, com o pai por perto e fazendo o mesmo trabalho que seu progenitor fez em sua mãe, quando esta morreu. Então decide estudar no seminário mesmo sendo cético, afinal, é de graça, e sair pouco antes do juramento para se tornar padre; mas não é bem o que acontece e ele vai parar no Vaticano, fazendo um curso de exorcismo. Com o decorrer do curso, conhece a jornalista Angelina, que está fazendo uma matéria sobre exorcismos, e conhece, também, o nada ortodoxo padre Lucas, especializado em expulsar demônios invasores de corpos. Com a convivência com o padre, Michael irá conseguir a resposta para a pergunta: Os demônios existem mesmo ou os “possuídos” são apenas pessoas com algum problema mental?
Nada de novo no novo filme do diretor Mikael Håfström e pouca coisa que valha a pena. E é mais uma fraca estreia para o início do ano, como é padrão de Hollywood: Após um final de ano atribulado com filmes favoritos às grandes premiações, o começo do ano sempre recebe os renegados e os filmes que não têm tanto potencial comercial – leia-se: Blockbusters – e que não têm força pra sobreviver ao concorrido verão norte americano, onde saem os grandes investimentos dos estúdios.
É claro que, às vezes, bons filmes surgem nessa época do ano, mas não é o que acontece com esse longa, em particular. O hábil diretor sueco Håfström (Eu ainda não escrevi esse nome, estou apenas no Ctrl C/Ctrl V) não faz jus ao talento para criar uma atmosfera de suspense, já demonstrado em filmes como o bom Fora de Rumo e no excelente 1408, e falha ao nunca fazer um real clima sombrio ou assustador, ou, então, conferir uma incerteza ao espectador, já que este sempre antecipa o filme, o que não é nada bom em um filme de terror.
O filme ainda abusa de aumentos na trilha sonora, numa óbvia tentativa de ao menos dar um susto em quem está assistindo ao filme, mas falha também. A direção de arte e a fotografia também não inspiram nada de novo, não ajudando na criação de um ambiente assustador ou incerto e nunca conseguindo fazer com que cheguemos a temer o futuro do protagonista, Michael. Outro fator que ajuda a nunca criarmos uma simpatia por Michael é a atuação apática do irlandês Colin O’Donoghue, que surge inexpressivo e monocórdico em quase todo o longa e não consegue criar o conflito interno que o personagem passa.
Alice Braga é relegada ao papel da jornalista que está em busca da verdade para uma boa história, e pouco pode fazer com sua diminuta personagem. Já Anthony Hopkins, como o padre Lucas, se diverte ao poder abusar de sua ironia e de suas caras e olhares à la Hannibal Lecter, maior personagem de sua carreira. Mas é uma pena que ele não tenha a chance de desenvolver tal personagem em um roteiro melhor, apesar de guardar os melhores diálogos do filme com ele (E não duvidaria que muitos desses ótimos diálogos tenham sido sugeridos pelo ator).
O filme ainda conta com a participação especial do holandês Rutger Hauer, o eterno Roy Batty, do clássico Blade Runner. Também fica limitado a poucas cenas, mas, nas que participa, engole O’Donogue sem esforço.
Falhando em estabelecer uma aura de suspense e uma narrativa mais regular, O Ritual ainda peca em um previsível e chato clímax, que abusa da altíssima música e de um certo personagem para tentar arrancar alguns sustos da plateia. Eu só queria que Sir Anthony Hopkins escolhesse melhor os filmes em que trabalha, seu enorme talento lhe permitiria evitar uma carreira com tantos deslizes. Mas perdoável, afinal, ele é o Anthony Hopkins.
O Ritual
The Rite (114 minutos – Terror)
Lançamento: EUA/Itália, 2011
Direção: Mikael Håfström
Roteiro: Michael Petroni, inspirado no livro de Matt Baglio
Elenco: Colin O’Donoghue, Anthony Hopkins, Alice Braga, Rutger Hauer, Toby Jones, Torrey DeVitto
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