O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum)
Jason Bourne (Matt Damon) é um homem que vive sem país e sem passado após ter sido submetido a um treinamento brutal, ao qual não se lembra, por pessoas que não conhece. Ele é uma sofisticada arma humana, perseguida incessantemente pela CIA. Após sua última aparição, ele decidiu sumir para sempre e esquecer a vida que lhe foi roubada. Entretanto, uma matéria em um jornal de Londres, que especula sobre sua existência, faz com que ele torne-se mais uma vez um alvo. O programa Treadstone, que criou Bourne, já não existe mais, mas serviu de base para o programa Blackbriar, desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O Blackbriar desenvolve uma geração de novos matadores treinados secretamente pelo governo, que acredita que Bourne é uma ameaça que deve ser eliminada de uma vez por todas. Já Bourne vê neles uma oportunidade de descobrir quem realmente é e o que fizeram com ele.
No final de A Supremacia Bourne acompanhamos o ex-agente já não tão desmemoriado assim em sua fuga pelas ruas de Moscou. É neste exato ponto que O Ultimato Bourne resolve dar seu ponto de partida. Apesar do tempo entre um filme e outro (3 anos), a impressão é que estamos vendo uma seqüência no estilo da segunda e terceira partes de Piratas do Caribe ou Matrix, mas sem o “To be continued…”. A perseguição ainda não tinha acabado e a correria ainda estava longe do desfecho. Jason Bourne continua seguindo em direção ao seu passado apagado de sua memória pela amnésia.
O cineasta inglês Paul Greengrass retorna nesta sequência e constrói um filme de espionagem como há muito tempo não se via. É muito bom para mim, espectador, perceber que os responsáveis pelo filme não pretendiam me tratar como uma criança mimada, que precisa ser levada pela mão até o fim do filme pra entender tudo (Será que essa mania de explicar tudo e terminar os filmes sem perguntas vai um dia acabar? Saudades de Blade Runner). Mas quem mais mereceu os créditos foram o diretor de fotografia Oliver Wood e os editores Christopher Spouse (Edição de Imagens) e Christopher Assells (Efeitos sonoros). Se vocês, assim como eu, curtiram a câmera na mão, as imagens tremidas e com zooms milimétricos para acentuar a tensão dos momentos, devem isso a esses dois. E sem falar na edição muito bem montada, que colabora tanto para a construção da inquietude do protagonista e a sujeira sonora do dia-a-dia que dá ao filme o diferencial realista quase documental, formatando o que todo bom filme de ação deveria tentar ser.
Continuando a ser uma das series mais globalizadas de últimos tempos, voltamos a ver Bourne trocando de paisagem tal qual um espião muda de passaporte. De Moscou vemos Paris, Londres, Madri, Tânger (Marrocos) e finalmente Nova York (Tal qual o epílogo que encerrou o filme anterior). Mas a causa de tudo o que acontece mesmo é em Turim (Itália), onde um importante personagem (E que não teve sua identidade completamente revelada) ligado ao passado de Bourne abre o bico, logo para um jornalista britânico curioso. E justamente em Londres acontece uma das mais bem orquestradas e executadas cenas do filme. Na movimentada estação de trem Waterloo, Bourne tem de se encontrar com o jornalista inglês, descobrir o que ele realmente sabe e ainda conseguir escapar com vida de um assassino da Blackbriar. Mas o melhor ainda estava por vir.
Quantos filmes podemos ver hoje em dia em que existam tantos pontos cruciais como vemos neste filme? A perseguição pelas ruas marroquinas conseguiu ser mais empolgante até do que a corrida de carros pelas ruas de Nova York (A marca registrada da franquia). Em tempos de reinvenção do clássico James Bond e do finado Jack Bauer, é esse outro JB que mostra como deveria ser um espião do século 21, trazendo de volta a ação de maneira adulta de verdade, sem recorrer a carrões importados e mulheres fenomenais para impressionar garotões. E tudo isso com um caráter político e atual. Este último deixou um gosto de quero mais. Mas, infelizmente, nem Greengrass nem Damon estão dispostos a realizar um quarto filme. Problema? Esses executivos de Hollywood são espertos demais mesmo, que ideia fenomenal fazer um novo filme da franquia Bourne, sem Jason Bourne.
O Ultimato Bourne
The Bourne Ultimatum (111 minutos – Ação)
Lançamento: Alemanha, EUA, 2007
Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Scott Z. Burns, George Nolfi, Tony Gilroy, baseado no livro homônimo de Robert Ludlum
Elenco: Matt Damon, Julia Stiles, David Strathairn, Scott Glenn, Paddy Considine, Edgar Ramirez, Albert Finney
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