O velho é novo
Publicitário é foda, e tem insight do nada mesmo. Tava eu falando com o senhor responsável por esse site, e ele me diz uma frase que me lembrou um clássico da televisão brasileira: Alô, Cristina. Geez, eu lembro da maldita musiquinha até agora. O programa era comandado pela Cristina Rocha, aquela loira que era jurada do Show de Calouros do SBT junto com o Pedro de Lara e um bando de relíquias da televisão. Dá uma olhadinha aí embaixo pra relembrar (E pra morrer de vergonha alheia, porque né?):
Passam os anos, e continua tudo igual, ou pouco diferente. O programa Alô, Cristina contava com participantes que ligavam e tinham que dizer o bordão “Alô, Cristina”, o que não é nada diferente do programa do Gilberto Barros, quando você tinha que dizer “Boa Noite, Brasil” – lembra? E os games, sumiram hoje? Nada. No SBT, quem comanda os jogos é a pequena Maísa, que fica distribuindo Playstation – ou bicicletas – para os participantes.
A questão é: Programas completamente novos, com formatos inéditos e fora dos padrões não emplacam. Dificilmente tu vai ver por aí um programa que não te lembre em nada algo que tu já tenha visto por aí. Olha Malhação, que há uns 100 anos repete a mesma história, só mudando os atores e os figurinos, que são um pouco mais coloridos à lá Restart. Fora isso? All the same.
Pois bem, eis que semana passada começou o Agora é Tarde, o programa do Gentili. E pra quem é trabalhador, é tarde mesmo. Mas ok, a gente tinha que ver qual que era a do Danilo. Eu gosto do cara – sim, eu gosto. E não só do humor ácido dele: Acho ele um querido mesmo. Mas enfim. Rolou toooodo um estardalhaço em torno dessa estreia, que começou a ser comentada uns bons meses antes de chegar nas telas. O Twitter (Sempre o Twitter) se encarregou de ir fazendo o meio de campo e apresentando pra galere wébica o programa novo que tava chegando por aí.
Beleza, chegou o Gentili substituindo a Emanuelle no Espaço, segundo ele, por conta do horário. Não sei dizer se gostei ou não. Gosto do Danilo, mas não sei se foi por causa da estreia, mas ele estava um tanto quanto perdido. Mas ok, vamos dar uma chance pro cara.
Mas, aí, o programa vai rolando, e eu fiquei confusa: Eu tava vendo CQC? Marília Gabriela? Datena? Comédia MTV? Jô Soares? Foi uma mistura de tudo com nada ao mesmo tempo. Os quadros me lembraram pegadinha com Ivo Holanda. E tô na dúvida se era pra ser isso mesmo, ou se foi uma confusão desenfreada às 11:45 da noite.
O Gentili é inteligente pra caramba. Tu não pode negar isso. E a cara de louco dele ajuda também. No programa, no entanto, não vi nada de original. O que, se for seguir a lógica, torna o programa vencedor. Será? Eu não sei. O que eu sei, é que o telespectador reclama dessas fórmulas prontas, importadas do México ou de algum lugar do planeta. Mas, em contrapartida, ele não está pronto pra algo inovador. Tem um certo apego àquele formato que já está acostumado. Exemplo disso é o comentário geral que tá rolando por conta da nova novela das 11 da Globo. Sim, das ONZE. Povo tá habituado a ter novela das 6, das 7 e das 8. Das 11? Não, baby. Não. A novela nem começou, e o estranhamento já toma conta. Ok, pode ser que o povo se acostume. A gente acaba se acostumando, com o passar do tempo. Mas não dá pra negar que a recusa, quando existe, é esmagadora, a ponto de tirar o programa do ar.
O programa do Gentili não é, de fato, inovador, como disse ali em cima. Mas ele bate na tecla que o telespectador aceita: O “velho camuflado de novo”. Coloca umas carinhas novas junto com ele – porque, vamo combinar que o Murilo Couto é uma gracinha, e jogar uma banda conhecida e querida é uma atitude esperta, né? Então. Pega uns quadros que a gente já viu por aí, dá uma carinha nova e com um refresh, e a gente aceita e bate palma. Eu não sei como vai seguir o programa. Ao contrário do nome, agora é cedo pra dizer qualquer coisa. Se tem tudo pra ser promissor? Sim, tem. Elenco bacana, apresentador que a galere curte, formato que já é vencedor há alguns anos. Quero ver se ele prova a teoria de que o público de massa quer mesmo o famoso “já te vi” com uma roupagem novinha, ou se ele precisa, mais do que nunca, de algo não visto. Se o Danilo não fizer um “Disque-Gentili”, tá bom. Ia ser estranho comparar ele com uma loira que alegrava (Ou não) as noites do SBT fazendo a galera se pendurar no telefone.
Leia mais em: Band, Comédia, Estreias, Matérias - TV, Rede Globo, Sbt