Os Fumettis italianos I: Tex

HQs sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Há duas semanas eu falei da morte do editor e roteirista italiano Sergio Bonelli, um dos principais divulgadores dos Fumetti (Os famosos quadrinhos italianos) e ao final do artigo eu disse que seria legal fazer uma apresentaçãos dos principais personagens criados, editados e publicados por ele.

Assim começo a coluna de hoje com a apresentação do herói de faroeste mais conhecido do mundo: Tex Willer. O personagem surgiu em 30 de setembro de 1948 e, como a maioria dos personagens de quadrinhos da época, fez sua estréia numa tira semanal, formato esse que durou até 1967.

O personagem foi criado por Giovanni Luigi Bonelli (Pai de Sergio) no roteiro e Aurelio Gallepini nos desenhos. Em suas primeiras histórias, o cowboy era um “lobo solitário” cavalgando sozinho e retratado como um “fora-da-lei”. Por ser publicado como tiras, as histórias seguiam por semanas, o que contribuiu para que os leitores se apegassem ao personagem.

E foi graças ao sucesso das tiras que Tex mudou de mídia e passou a ser publicada em revistas. E até hoje a forma de publicação das histórias é a mesma, um tipo de grafismo preto e branco, com exceção de algumas edições especiais que foram publicadas em cores. Ou seja, não foi o “apelo visual” que fez o personagem se tornar um sucesso estrondoso no mundo todo, mas sim seus roteiros cheios de informações e, principalmente, ricos em referências históricas.

Isso fica ressaltado também no conhecimento apresentado nas histórias, como a cultura indígena, o retrato da vida dos pioneiros americanos e, inclusive, de episódios marcantes e reais na história dos Estados Unidos da América. Cada história de Tex apresenta detalhes mínimos pesquisados pelos artitas antes de concluírem o texto e os desenhos, para que o leitor tivesse a noção exata do ambiente em que se passavam as aventuras. O próprio Giovanni Bonelli afirmou em uma entrevista que o Tex pretendia aliar cultura e diversão e isso pode justificar o seu sucesso em muitos países do mundo. É claro que o clima de ação constante também contribuiu para as histórias, já que brigas e tiroteios são frequentes.

Diferente da maioria dos heróis da época, Tex é um homem duro. Sem hesitações, julgando as pessoas com um único olhar, ou seja, desde o início o personagem não era destinado às crianças, mas sim, a um público mais maduro. A violência, tanto nas cenas como no linguajar de Tex e dos demais personagem é bem marcante. Mesmo porque ele é um justiceiro capaz de agir fora da lei se a situação o exigir, por isso que em suas primeiras histórias ele era retratado como um fora-da-lei.

Posteriormente ele se tornou Ranger do Texas, uma espécie de xerife, e passou a atuar mais dentro do “figurino de bom moço”, mas mesmo assim, sempre que necessário ele deixava a lei de lado para chegar a justiça. Além disso, ele também atua como chefe dos Navajos, fazendo a “ponte” entre os índios e o cara-pálidas. De modo geral, ele é retratado como uma lenda do oeste, e portanto, um homem temido e respeitado. O respeito se dá devido a sua rapidez e precisão no manejo de seus Colts 45, e também como defensor dos injustiçados, quer sejam eles índios ou brancos.

Um ponto curioso é que o nome do personagem teria uma origem controversa. Segundo uma versão, o nome surgiu por acaso quando Giovanni Bonelli, caminhando por Milão, viu uma loja chamada “Tex Moda” e anotou o nome para usar em seu personagem. Além disso, ele pretendia usar o sobrenome de Killer (Assassino, em inglês) para o personagem, mas a idéia foi vetada pelo editor da época, que sugeriu trocar o K por um V, ou seja, Viller. Porém, no final foi modificado para Willer e assim permaneceu. Outra versão diz que o nome Tex Willer foi escolhido inspirado em um personagem americano que chamava-se Tex Ritter e que fez algum sucesso antes do herói italiano.

Além de seu nome, Tex tem um nome indígena: Águia da Noite, com o qual foi batizado na primeira história em que ele se encontra os Navajos. Na ocasião, ele usava uma fantasia e uma máscara negras para não ser reconhecido por traficantes de armas de Durango, que utilizavam o território dos Navajos para escapar dos Rangers. Os indígenas então dizem que ele se parecia como uma Águia da Noite e esse nome ficou marcado no personagem que também passou a ser considerado um “irmão” pelos indígenas.

Basicamente, as histórias de Tex são voltadas para o senso de justiça e cercadas de ação e aventura, bem ao estilo western, ou bang-bang, como chamavam os brasileiros. Entretanto, elementos fantásticos e sobrenaturais também eram frequentemente mostrados nas histórias de Tex, como lugares perdidos nos quais misteriosamente são conservados monstros pré-históricos, vikings emigrados à América em séculos precedentes; e também a magia de Mefisto e de praticantes do vudu. Até mesmo a ficção científica já deu um pitaco em suas histórias.

Tex também já foi casado com a índia Lilyth (Lírio Branco, no Brasil) com quem teve um filho: Kit Willer. Ela aparece somente nas aventuras iniciais e se casa com Tex não por amor, mas apenas para evitar uma guerra entre índios e brancos. Supõem-se que a mesma tenha morrido. Seu filho Kit torna-se um dos personagens recorrentes da história de Tex lutando muitas vezes ao lado do pai e de seu parceiro Ranger Kit Carson.

Com o sucesso das histórias de Tex, em 1976 Sergio Bonelli começou a colaborar com seu pai nos roteiros, usando o pseudônimo de Guido Nolitta, em 1976. Quando o pai se aposentou, a mãe doou a editora para o filho, que a transformou em Sergio Bonelli Editore, continuando com a publicação de Tex e também de outros títulos famosos dos quadrinhos italianos. Foi a partir de então que Tex passou a contar com o talento de diversos roteiristas, sempre mantendo o elevado padrão de qualidade da editora.

A revista do Tex foi tão importante que alguns desenhistas de prestígio internacional também puderam ilustrar o título, entre eles Joe Kubert, Guido Buzzelli, Jesus Blasco, Jordi Bernet, Victor de la Fuente e Alfonso Font.

Em nosso país, o cowboy surgiu na década de 50, sendo publicada pela Editora Vecchi. O título de Tex também foi publicado pela Rio Grafica (Antigo nome da Editora Globo) e mais recentemente pela Editora Mytos.

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