Os Fumettis italianos II: Ken Parker
Como já disse anteriormente, aprendi a gostar de fumetti, se você ignóbil e ainda não sabe o que é vai ler outra coisa, graças ao meu pai e sua coleção de gibis do Tex, personagem, aliás, que abordei no último artigo.
Enfim, quando comecei a ler, foi com a coleção do meu pai, portanto gostar que quadrinhos é mal de família. Eu ainda tinha meus 7 ou 8 anos e já sabia ler até que razoavelmente bem, como todo bom fedelho que começa a juntar o b + a = ba, minhas primeiras leituras consistiam em HQs da Disney e Turma da Mônica.
Porém, eu lia um gibi atrás do outro, o que acabava me gerando uma leitura super-rápida, na falta de ter o que ler, e hiperativo como sempre fui, acabei esbarrando por acaso (Tá, é mentira, mas foda-se) na coleção do meu pai guardada dentro de uma caixa colocada no baú da cama embalada em sacos plástico.
Enfim, ali estavam mais ou menos 200 revistas que minhas inocentes mãos ainda não haviam tocado, mas o fato delas estarem bem escondidas deixou claro para mim que ali não era para mexer, então para não levar bronca, juntei algumas delas e, discretamente, levei para o meu quarto, onde passei a devorá-las.
Lógico que inicialmente não entendi praticamente e absolutamente nada, afinal de contas aquelas histórias era para um público mais adulto e não para crianças recém-alfabetizadas. E foi justamente a temática diferente que percebi ao ler. Ali eu tinha histórias mais violentas e menos humorísticas das que eu já havia lido até então.
E foi nesse primeiro contato com os Fumetti que conheci Tex. Por sorte, meu pai não só não ficou bravo comigo por ter violado seu santuário gibistico, como também me incentivou a ler e me explicava as histórias e colaborou para me viciar em filmes de “bang-bang”.
É claro que só fui descobrir que aqueles gibis eram diferentes e originários da Itália somente anos depois, mas isso não vem ao caso. O que interessa é que entre os fumettis do meu pai (Inclusive ele prossegue sua coleção de Tex até hoje), haviam vários outros títulos: Zargor, Ken Parker e Mágico Vento.
Bem como já falei de Zargor em um artigo anterior, vou me concertar naquele que os críticos consideram como o mais humano dos heróis do oeste americano.
O herói surgiu em 1974 pelas mãos de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzoem, os próprios autores contam que basearam o personagem no filme Jeremiah Jonhson, com Robert Redford. Nascido em 1844 em Buffalo, Wyoming, logo na primeira edição vemos o irmão de Ken, Bill, ser assassinado, fato esse que o motivou a se tornar um “caçador de recompensas”.
Ken estava com 24 anos quando seu irmão foi assassinado, e tão logo pode, ele partiu no encalço dos meliantes em busca de justiça e vingança, com sua arcabuz Kentucky, arma esta herdada de seu avô e usada na Revolução Francesa, razão inclusive pela qual o herói também é conhecido como “Rifle Comprido”.
Diferentemente dos westerns tradicionais, como Tex, por exemplo, Ken Parker é uma pessoa comum, que erra mais do que acerta. Além disso, suas aventuras destoam da obviedade, já que muitas das histórias não tem um final que seria esperado para leitores acostumados com o “bem sempre vencendo o mal”, mesmo porque a linha entre ambos os conceitos é bem tênue na histórias de Parker, e talvez seja esta a razão de seus fãs serem mais seletos e suas revistas acabarem sendo vendidas em “volumes”, já que o lucro não é tão grande.
No Brasil, Ken Parker fez sua estréia em 1978, pela Editora Vecchi e a publicação seguiu ininterrupta até 1983, sendo publicados 53 exemplares. Depois o personagem voltou a ser publicado em 1990 pela Best News. Em 1994 a Editora Ensaio publicou um álbum especial. O personagem também voltou a ser publicado pela Editora Mythos, que retomou a publicação regular da série, presenteando os leitores com 18 edições entre 2000 e 2002.
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