Os Fumettis Italianos: Mister No

HQs sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Dando sequência ao nosso passeio pelos Fumettis vamos deixar um pouco de lado o gênero western para vir a tempos mais contemporâneos, o pós-2ª guerra mundial. Será a vez de conhecermos um pouco mais de um personagens criado, escrito e editado por Sergio Bonelli: Mister No.

O personagem apareceu nas bancas em junho de 1975, tendo sido criado por Sergio Bonelli em seu pseudônimo Guido Nolitta, roteirizando a história desenhada por seu parceiro de longa data Galliano Ferri. Inicialmente a revista seria uma minissérie de apenas 05 edições, mas o personagem caiu no gosto do publico e se tornou uma revista mensal com mais de 300 edições.

A primeira coisa que se viu na história foi uma nova ambientação, já que os personagens não mais viviam no velho oeste americano, mas no mundo pós-2ª Guerra Mundial. O personagem principal, é o piloto americano Jerome “Jerry” Drake, mais conhecido como Mister No. Após ficar desiludido com a violência e as imposições da sociedade ocidental, ele se muda para a floresta amazônica, o que cria uma ambientação até então desconhecida para os italianos em seus quadrinhos.

A série também é uma atração a parte para os brasileiros, já que a história se passa em nossa Manaus, bem no coração da amazônia brasileira. Assim temos um “Tarzan moderno” num ambiente mais exótico. Pois o realismo não é recorrente nas histórias, mesmo porque na época em que a história se passa nem mesmo nós brasileiros sabíamos o que havia no interior da floresta amazônica.

Enfim, tão logo chega em Manaus, Mister No passa a ganhar a vida como guia turístico. Sua caracterização como um homem honesto, sincero, amante do álcool e de mulheres bonitas, certamente foi a razão pelo personagem ser tão cativante entre os leitores. E, apesar de ser retratado como alguém um tanto preguiçoso, Jerry está sempre disposto para se embrear em alguma nova aventura.

O “Senhor Não” também é um rebelde por natureza, como demonstra seu apelido. Pra não dizer que ele renunciou sua terra natal para sempre, ele voltou aos Estados Unidos na edição 241, após ter sido obrigado a fugir de Manaus, entretanto edições depois (273) ele retornou ao Brasil.

Apesar de odiar violência, Mister No não pensa duas vezes em usá-la para se livrar dos criminosos que aparecem em suas histórias. Seu maior inimigo é o poderoso Kenzo Ishikawa, chefe da organização conhecida como “Legião dos não-vivos”, o homem que o obrigou a fugir do Brasil.

Resumindo, o legal de Mister No é que ele é um “anti-herói” super-humanizado, que adora beber e namorar, trabalha para si próprio e se mete em confusões apenas por estar vendendo sua força de trabalho ou por tentar ajudar alguém indefeso. Esse senso de moral, um código de honra talvez fortalecido na Guerra, faz dele um herói diferente, quase inocente, que daqui a pouco estará rindo da própria sorte por escapar por pouco da morte, após se complicar por bobagem. Este é Mister No, entre silvos de balas, facadas, selva, rios, jacarés e romances rápidos, lembrado com carinho pelos fãs dos fumetti.

No Brasil suas histórias não fizeram tanto sucesso quanto Tex ou Zagor, mas mesmo assim o personagem conseguiu uma legião de fãs. Na próxima semana para fechar essa série abordarei a criminalista Julia Kendall.

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