Os Instrumentos Mortais e o preconceito Crepusculizado!

Livros segunda-feira, 22 de junho de 2015

Crepúsculo abriu espaço para romances adolescentes doentios. Não há como negar isso, mas maior do que a popularidade dos romances adolescentes doentios, é o preconceito do povo que simplesmente não lê mais nada que envolva dois adolescentes por achar que será um novo Crepúsculo. Bem, até que na maioria das vezes eles estão certos, mas não com Os Instrumentos Mortais. Os personagens destes livros estão bem longe de Bella, Edward e companhia. Ou talvez não.

Bom, se você assistiu ao filme de 2013 certamente não há nada que eu possa escrever aqui que o fará mudar de ideia sobre a trama, mesmo que todos saibamos que filmes cagam livros, mas ok. Agora, se você viu o filme e gostou ou se você e sua mulher não viram o filme, mas sua filha viu e gostou, vale a pena dar uma olhada nos livros. É claro que é um romance adolescente, e é claro que os personagens são idiotas, já que são adolescentes e ainda por cima estão apaixonados, e que existem alguns clichês, mas Clary está longe de ser a mocinha delicada e em perigo que depende de Jace pra tudo. Muito pelo contrário, algumas vezes é ela quem salva o traseiro magrelo dele.

Os livros estão sendo adaptados para uma série de TV que deve estrear em 2016 pela ABC Family e se chamará Shadowhunters. E isso seria uma notícia muito legal, se eu não soubesse que o público-alvo dos caras são exatamente as menininhas encalhadas e solitárias fãs de Crepúsculo. Não que os livros também não sejam para menininhas encalhadas e solitárias, mas eles não são tão estúpidos quanto os produtores do filme e da série querem que seja.

Mas pra quem não sabe mesmo do que eu to falando, vamos explicar. Clary é uma garota de 15 anos que vai a uma boate com Simon, seu melhor amigo que, é claro, está na friendzone. Lá, Clary vê três jovens assassinando outro jovem, e somente ela parece ter visto isso. Todo mundo acha que Clary tá loucona de ácido e cagam pra ela, até que a mãe dela é sequestrada, ela é atacada por um demônio e acaba sendo salva por Jace, um dos jovens que matou o outro (Que na verdade era um demônio) na boate. A partir daí, Clary descobre que é uma Caçadora de Sombras, uma linhagem de guerreiros escolhidos pelo anjo Raziel para proteger a raça humana das criaturas do submundo. Nada de muito original, ok, mas não significa que seja ruim.

É claro que Clary e Jace se apaixonam e até se pegam, mas como todo romance adolescente precisa de um drama, no final do primeiro livro o vilão da parada, Valentim, revela que os dois são seus filhos e por isso eles não podem se comer. NÃO, NÃO PODEM! Não importa o quanto seus desenhos japoneses digam que está tudo bem, comer sua irmã, encoxar sua mãe no tanque e cheirar as calcinhas da sua vó é errado. Er-ra-do! E-R-R-A-D-O!

E como todo romance adolescente idiota, chega uma hora que os protagonistas enchem o saco, mas ainda bem que nós temos os coadjuvantes nessa bagaça toda. Simon, o amiguinho friendzoneado de Clary, é peça principal da trama, tendo problemas muitas vezes mais complicados que os dos protagonistas, principalmente no quarto livro. O personagem é bem desenvolvido e tem um dos maiores crescimentos nos livros, podendo até ser chamado de protagonista em alguns pontos. Diferentemente de Isabelle e Alec, os outros dois Caçadores de Sombras que estavam com Jace na boate no dia em que Clary “despertou”, que deveriam ser bem desenvolvidos e terem mais espaço nas páginas dos 6 livros, mas são ignorados e escanteados na maior parte do tempo. Alec até consegue certo destaque após assumir seu romance com Magnus Bane, outro coadjuvante foda, mas não passa disso. Infelizmente.

E por fim, mas não menos importante, temos Luke, o lobisomem que já foi Caçador de Sombras e que foi friendzoneado pela mãe de Clary! Luke é a voz da razão do grupo e é engraçado como ele está sempre certo e sempre é ignorado pelos jovens. E isso é completamente aceitável, uma vez que o livro é para os jovens. Se você tem 15 anos e está lendo os livros, Luke é só um cara chato tentando proteger uma galerinha que “não precisa de proteção”. Mas se você tem mais de 25 anos, Luke é você, que sabe que aquela galerinha idiota vai fazer cagada em algum momento e por isso precisa ficar acompanhando os pivetes.

A verdade é que sim, talvez Os Instrumentos Mortais seja mais um Crepúsculo da vida. Talvez um pouco mais esperto, mais jovem, menos dramático e com uma leitura muito melhor, já que os diálogos são, na maioria das vezes, ótimos, mas o que o tornou um sucesso foram as mesmas menininhas carentes de Crepúsculo, sendo assim…

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