Os Mercenários (The Expendables)

Cinema quarta-feira, 29 de agosto de 2012

 Barney Ross (Sylvester Stallone) é o líder de um grupo de mercenários, que realiza qualquer missão desde que ela seja bem paga. Entre seus companheiros usuais estão o especialista em facas Lee Christmas (Jason Statham), Yin Yang (Jet Li) e Gunnar Jensen (Dolph Lundgren), que têm demonstrado instabilidade emocional durante as missões. Um dia, Barney e sua trupe são contratados para derrubar o general Garza (David Zayas), ditador da ilha de Vilena. Barney e Lee vão ao local e encontram Sandra (Giselle Itié), que deseja derrubar o governo. Só que logo eles são atacados pelas forças de Garza e de Monroe (Eric Roberts), um empresário americano que financia o governo local. Barney e Lee deixam Vilena e abandonam a missão, mas a persistência de Sandra, que deseja ficar para lutar pela liberdade, mexe com os até então inexistentes princípios de Barney.

Eu não sei se o nível geral do cinema caiu muito nos últimos dois anos ou a expectativa que eu tinha na época em que Os Mercenários foi lançado prejudicou o meu julgamento inicial. Mas o fato é que eu achei o filme bem melhor depois dessa última revisão.

Porque olha só, talvez vocês não se lembrem, mas quando o Sylvester Stallone anunciou que ia reunir os maiores astros de ação das últimas três décadas num novo filme, o impacto foi gigante. Era uma ideia genial, e não só pelo caráter financeiro da operação. No mínimo, tinha potencial pra ser o filme mais divertido dos último anos. Podia até significar o início de um revival no gênero, que vinha definhando há tempos (Tirando alguns filmes com o Jason Statham). E a expectativa só foi crescendo com a aproximação da data de estreia. Destaque pra aquele teaser de divulgação no Youtube, com uma entrevista em que o Stallone que acabava explodindo toda a página. E dava uma boa ideia do que Os Mercenários deveria ser.

E foi por isso que foi tão decepcionante chegar no cinema e se deparar com um filme apenas legalzinho. Foi um desperdício enorme, considerando o que poderia ter sido. Mas logo depois, foi anunciada uma sequência e essa sensação diminuiu um pouco. Mesmo assim, eu não tinha revisto o filme até hoje, com medo de achá-lo ainda pior na segunda vez. E incrivelmente, o que aconteceu foi justamente o contrário. Claro, os problemas ainda estão lá, mas nem incomodam tanto. Tirando o principal, que é a história. Calma, eu explico: A primeira vista, tudo certo. O roteiro parece só uma desculpa pra encaixar o máximo de explosões possíveis. Tanto que o enredo todo coube ali no primeiro parágrafo. O problema é que a trama, que já é desinteressante e cheia de furos, ganha destaque. E tira espaço da ação. Fica a sensação de que o Stallone se acovardou durante a produção e resolveu fazer um filme mais certinho, digamos assim. E essa tentativa de se levar a sério (A única coisa que não poderia acontecer) acaba deixando o filme chato. A única coisa que não poderia acontecer.

O ponto positivo dessa tentativa de dramatização é a cena em que Tool (Mickey Rourke, o único ator de verdade no elenco) relembra de uma missão em que deixou de impedir que uma mulher se matasse e vive com o arrependimento até hoje. Que é picareta pra caralho, mas funciona. E faz com que o Stallone volte pra ilha, com o objetivo de massacrar um pequeno exercito pra resgatar Sandra, já que isso vai salvar a alma dele de algum jeito. Mas toda o resto da enrolação entre a Giselle Itié (Que nem paga peitinho) e o protagonista é dispensável. Diferente da subtrama com a namorada do Christmas, por exemplo, que se desenvolve rapidamente e serve pro Jason Statham quebrar um time de basquete.

Mas tirando essa sequencia de escolhas ruins, o filme ainda consegue empolgar bastante em uns… 30% do tempo. E parte disso não é proposital, como nos bons e velhos tempos. Nada se iguala as tentativa do Stallone em interagir com os outros atores, principalmente depois de tantos anos e esteróides. A mesma coisa acontece em todas as participações do Jet Li como Yin Yang (Sacaram, han, han?), dizendo que precisa de mais dinheiro pra sustentar a família. Só que ele não tem família. Não dá pra entender se era pra ser uma piada, ou foi algo que se perdeu durante as várias vezes em que o roteiro foi reescrito. Aliás, acho que ele não tem uma frase que faça sentido em todo o filme, sensacional.

Os Mercenários funciona quando abraça essa tosquisse, que só funciona nesse tipo de filme. Nos momentos em que larga mão de contar a história e parte pra porrada, as boas escolhas aparecem. Como a perfeita opção de um Dolph Lundgren acabadasso como Gunnar, Terry Crews (Mais conhecido como pai do Chris) carregando uma arma de destruição em massa portátil e o Eric Roberts encarnando a maldade pura, papel mais característico da carreira dele. E claro, a cena da igreja, que já se encontra no panteão das maiores do cinema.

 You guys aren’t gonna start sucking each other’s dicks, are ya?

O encontro entre Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis é breve, mas já vale por todo o resto. E a cena em si já é muito foda, nem parece dirigida (Ou escrita) pelo Stallone. A troca de insultos entre os três é o único momento onde eles tocam o foda-se no roteiro e reconhecem que são maiores que o filme em si. O Mercenários devia ter mais momentos como esse pra pra ser uma ode de tudo o que essa geração representou. Mas do jeito que foi feito faz pensar que, sei lá, um Rambo X McClane X Terminator seria mais efetivo nesse sentido.

Mesmo assim, é um bom filme de ação. Ainda que se renda a alguns artifícios que vem matando o gênero, tipo as sombras excessivas, câmera tremida e cortes rápidos demais. Mas alguns momentos são excelentes assim mesmo, como a luta entre o Stallone e o ‘Stone Cold’ Steve Austin e a do Steve Austin com o Randy Couture, os dois lutadores de verdade. E toda a conclusão, finalmente explosiva. E também quando o Stallone decapita um soldado com uma faca de caça, claro. Mas se fosse feito nos anos 80, teria passado despercebido. Certeza.

Os Mercenários

The Expendables (103 minutos – Ação)
Lançamento: Estados Unidos, 2010
Direção: Sylvester Stallone
Roteiro: David Callaham, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts

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