Os Sete “Clássicos” Capitais

Clássico é Clássico segunda-feira, 29 de março de 2010

I’d rather laugh with the sinners than cry with the saints, sinners are much more fun. – Billy Joel

Para finalizar minha parte do acordo com Satã, tenho como objetivo corromper a alma de vocês. Farei isso, recomendando o que existe de mais belo sujo na sétima arte. Cada um dos clássicos (Antigos ou recentes) de hoje, remete a um dos chamados “pecados capitais”, que, com certeza, vocês já cometeram – em maior ou menor grau. Identifique-se com o seu favorito e vá correndo para a locadora. A não ser que tenha escolhido a preguiça…

Cidadão Kane“: Soberba

Orson Welles, 1941

Poucos personagens na história cinematográfica foram tão arrogantes quanto Charles Foster Kane. O garoto de família humilde que se tornou o mais influente e poderoso homem do mundo, demonstra não só a história de Davi se tornando Golias, como também a corrupção que cegou o protagonista. Em meio de toda sua riqueza – Kane fazia questão de se posicionar sempre acima dos outros, impedindo que este criasse vínculo com todos ao seu redor. A citação abaixo é conclusiva:

Maybe I wasn’t his friend, but if I wasn’t, he never had one.

“Branca de Neve e os 7 Anões”: Inveja

David Hand, 1937

Praticamente todos os vilões de desenho animado são movidos pela ganância. “Dominar o mundo” já virou uma expressão batida. Mas é outro pecado capital que move a maior vilã já produzida pela Disney: A inveja. Uma pessoa capaz de matar, somente para ser considerada “a mais bela”. Para você ver como as solteiras de meia idade podem ser perigosas…

“Um Dia de Fúria”: Ira

Joel Schumacher, 1993

A Ira, assim como a Gula, é um sentimento explosivo. Anos de auto-controle podem ir por água abaixo em poucos segundos. Como tenta provar o Coringa, em uma de suas histórias mais famosas: Basta um dia ruim para conduzir uma pessoa a loucura. E esse é o caso de William “D-Fens” Foster. Um homem aparentemente normal, em que meio ao milhares de caóticos estímulos presentes em uma cidade grande, resolve a responder todos eles. Da pior maneira possível.

“O Dorminhoco”: Preguiça

Woody Allen, 1973

Quer maior exemplo de preguiça do que alguém que dorme por 200 anos? É essa a premissa de um dos mais famosos filmes de Woody Allen: formular suas típicas tiradas em um contexto bem diferente – dois séculos a frente.

“O Tesouro de Sierra Madre”: Ganância

John Huston, 1948

O filme que me deu a idéia de escrever sobre esse tema. Por mais que a ganância seja um tema já batido, até hoje, poucos filmes conseguiram se aprofundar tanto nesse sentimento. Em O Tesouro de Sierra Madre acompanhamos a evolução desse pecado capital – desde seu “nascimento”, na ambição de três homens em se arriscarem em busca do tal tesouro, até a insanidade e a paranóia que acomete um dos personagens.
Curiosidade: No Brasil o sentimento “Greed” – Ganância/Cobiça, foi traduzido de forma errada como Avareza, que apesar de ter um sentido próximo, tem mais ligações com a idéias de egoísmo.

“A Comilança”: Gula

Marco Ferreri, 1973

Clássico absoluto e esquecido, o filme do italiano Marco Ferrei (Em um elenco magistral, destacando Marcelo Mastroianni) é pertubador. Quatro homens bem sucedidos resolvem se trancar em uma mansão e se entregar aos excessos. Todos encarcerados, por livre e espontânea vontade, e com um único objetivo: Comer até morrer. E de uma forma genial, temos gravadas na mente as cenas escatológicas – que acabam por perdurar o sentimento de decadência social provocado pela obra.

“O Império dos Sentidos”: Luxúria

Nagisa Oshima, 1976

Multiplique tudo o que foi falado sobre A Comilança por dez, e coloque em um contexto sexual. Muitas das taras e desejos sexuais, mais peculiares (Para não dizer bizarras) que dois seres humanos podem ter, estão expressas no filme. E sem cortes – é sexo mesmo, em uma obra que previu a decadência da sociedade (Note a proximidade de seu lançamento com o filme de Marco Ferreri) e a endeusificação do sexo. Ovos, enforcamentos, mutilações, gerontofilia, voyeurismo – é a destilação da luxúria.

Menção Especial: Se7en

Não poderia deixar de citar o filme, em que o vilão – o mítico John Doe, transforma cada um dos pecados capitais em assassinatos. Mas o único motivo para eu citá-lo, é evitar que vocês venham encher o meu saco nos comentários, apontando um inexistente esquecimento. Morram.

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