Ouça barulho, música não

Música quarta-feira, 19 de abril de 2017

Cês já passaram por aquela situação em que o vidro do carro tá aberto enquanto o som tá ligado, e de repente tem uma música muito foda tocando? Aí cê vai procurar a bendita música e… Ela é uma bosta?

A vantagem dessa música é que o clipe também é uma bosta.

Nossa relação com o som é um treco interessante: Tendemos a tratar o som como uma força da física, como a gravidade ou o magnetismo, mas como todo fã babaca de Star Wars faz questão de lembrar “som não se propaga no espaço”. Som, é claro, é um fenômeno físico, mas não uma força: Sua existência não só sequer matéria, requer ação mecânica. Ouvimos e compreendemos sons porque literalmente o som faz partes dos nossos corpos vibrarem, e essa vibração é interpretada pelo cérebro; é fácil esquecer que som pode literalmente te derrubar ou te matar pelo simples fato de que, normalmente, é só uma coisa invisível com a quão convivemos nossa vida toda.

É por isso que tendemos a subestimar a interferência sonora quando ouvimos música: Estamos ouvindo música, mas não nos damos conta de que também estamos ouvindo a buzina dos carros, pessoas conversando do nosso lado, objetos caindo no chão e a estática no rádio; pra gente estamos ouvindo música e tem barulho acontecendo ao mesmo tempo, numa divisão errônea de atividade e passividade.

 A internet nunca decepciona.

Porém isso não explica como exatamente o barulho ao nosso redor pode fazer uma música ser melhor.

Isso talvez fale muito sobre a qualidade da música que toca normalmente por aí, talvez seja apenas um indício da minha perda auditiva e concomitante decadência intelectual ao ponto de achar música melhor quando eu mal posso ouvi-la propriamente, e talvez (E só talvez) seja um fenômeno generalizado: O barulho “filtrando” a letra ruim, a desafinação, a harmonia quebrada e deixando transparecer apenas o baixo e a bateria (Que, muito provavelmente, são samples, sintetizadores e drum machines), deixando o ritmo fazer seu trabalho de levar a música nas costas. Talvez seja o indício de que é melhor ouvir um barulho qualquer que, embora não seja bom, não seja incômodo, ao invés do que você não gosta, te permitindo então aproveitar o que a música faz bem, ter uma base sólida, que te estimule a cantar e dançar, ao mesmo tempo em que te “livra” do que é genérico, supérfluo ou simplesmente ruim que nem o chat do Bacon.

 Alguém aí com saudade de 2010?

Mas é claro que ter uma explicação pra esse tipo de coisa não te livra do fato de que você vai se decepcionar quando for procurar a dita música depois de “ouvi-la” a primeira vez… Isto é, se você não for burro o suficiente feito eu pra tentar achar a música baseado nas partes que você realmente não ouviu.

Cara tá ligado naquela música do Oasis tipo DUDUDURURUDUDÁ BUM BUM BUMBUM UDUDUDUDU tipo uma britadeira? Não acho de jeito nenhum!

Felizmente nos dias atuais a gente conta com coisas como o Shazam, Track ID, Midomi ou até mesmo o Google no celular pra identificar a música no instante em que ela tá tocando, te poupando de fazer como os teus pais e passar décadas sem saber qual o nome de uma música, e ainda pior, décadas procurando por uma música que é uma porcaria. No fim das contas, o que a gente faz melhor é aumentar o volume, abaixar todos os vidros do carro ignorar quem tá atrás gritando que vai desmanchar o cabelo e aproveitar uma boa dose de ritmo e barulho… Quem diria que consertar música ruim fosse tão fácil?

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