Overdose Faroeste: Muito mais do que balas que nunca acabam
O faroeste é um dos gêneros mais populares, além de ser uma das poucas formas de arte genuinamente americanas. O termo é derivado de far west e se refere a fronteira da região Oeste dos EUA durante o processo de colonização do país. É o tempo da ocupação de terras, das grande propriedades dedicadas á criação de gado, das lutas e segregação inflingidas aos índios e claro da corrida do ouro, principalmente na California. Interessante notar que caras armados, de chapéu, brigando com índios e procurando ouro não é necessariamente uma novidade pra quem estudou a vida dos bandeirantes no colegial. A diferença é que eles criaram um gênero no cinema e aqui a gente fez um especial pra Globo (A Muralha).
Numa análise superficial você monta um faroeste com um pistoleiro (cowboy é coisa de tanga. Eles não são mais boys e poucos trabalham com gado), um revolver, um cavalo, uma avenida principal para duelos, um saloon (com jogos, bebidas e prostitutas, afinal naquele tempo ainda não tinham inventado as lan houses e essa era a única maneira de se divertir na cidade) e a cadeia pra enjaular os malfeitores. Adicione a esses ingredientes uma trama de perseguições e tiroteios pra mostrar a idéia de que numa sociedade onde os riscos são iminentes, meter chumbo no primeiro barbudo que você vê pela frente é a única forma de se manter vivo.
É claro que dentro dessa estrutura surgem diversas nuances que transformam o roteiro de um ou outro filme memorável e inovador, mas basicamente é com isso que se faz um bom faroeste. Com o passar do tempo, foram surgindo também novas maneiras de se retratar o gênero, como os spaghetti westerns, feitos na Itália nas décadas de 60 e 70 (que caracterizavam-se por um teor de violência extrema e muita ação e produziu algumas pérolas como “Era uma vez no Oeste” e Por um Punhado de Dólares) ou os westerns revisionistas (que davam uma cara nova ao conflito entre colonizadores e nativos, mostrando que nem sempre os primeiros eram os mais civilizados, como em Um Homem Chamado Cavalo e Quando é Preciso Ser Homem).
Muito mais do que mero gênero cinematográfico, os westerns eram o retrato de um sociedade que prezava mais por seus códigos de moral (já viu alguém levando um tiro pelas costas num filmes desses?) do que pela lei e onde se estabelece uma hierarquia baseada na reputação de quem enche mais o outro de bala. Convenhamos, eu respeito muito mais um cara que já mandou mais de 100 comerem capim pela raiz do que qualquer zé mané que venha cagar regra pra cima de mim.
Inicialmente ridicularizados no cinema por seu moralismo simplista, com a criação dos filmes revisionistas da década de 60 e 70, o western passou a ser considerado um retrato fiel de códigos e convenções que tinham uma forte identificação com as massas e com o passar dos anos chegou-se a conclusão que você não precisava vestir uma calça apertada, andar com um Colt 45 e cravejar de bala o primeiro índio que você visse na rua pra ser considerado western.
Basta um coração solitário, um senso bem definido de justiça e uma determinação inabalável.
…além de um saloon com bebidas e prostitutas, afinal ser um pistoleiro não é o mesmo que ter um blog.