Para ver filmes e a disponibilidade
Você já parou para pensar sobre o tempo que você tem para fazer coisas que você gosta, como escutar música ou ler um livro? Já refletiu sobre a quantidade de tarefas que você realiza ao mesmo tempo, ou o que cargas d’água faz para ficar tanto tempo na frente do computador? Bom, já que vocês, leitores do Bacon, nunca refletem sobre nada sozinhos, então vou dar um empurrãozinho aqui para vocês fazerem uma autocrítica.
A vida moderna pra lá, o fluxo de informação pra cá, a necessidade do trabalho acolá. Existem n fatores que eu não vou elencar, mas a realidade é estamos tão expostos a todo tipo de informação e tão constantemente estimulados a fazer algo com o nosso tempo, que ao contrário de todas as outras coisas não aumentou nem um pouco, mas não dá. Você tem que acordar, atualizar o Facebook, escovar os dentes twittando, fazer seu check-in na van para o trabalho e ainda reclamar da coisa mais importante da última semana. Imagine só você, cidadão moderno, onde sobra tempo no meio de tantas tarefas importantes?
A verdade é que pulverizamos nosso tempo e nos transformamos em uma espécie de pessoas multitarefas. Se isso é bom ou é ruim só o tempo dirá, não sou daqueles que acha que mudanças são ruins. A principal consequência que consigo observar já deste fenômeno é a nossa capacidade de concentração. Nós, principalmente as pessoas nascidos após o fim dos anos 80, mas também os mais velhos que acabaram sendo carregados para dentro da mesma onda, não conseguimos nos forçar em alguma coisa por mais do que minutos e isso reflete nas nossas vidas de modo geral. Não sei se o hábito de lidar com informações rápidas e curtas causaram isso, ou isso causou o fato de só sabermos lidar com informações rápidas e curtas. Na verdade não acredito que um derive do outro, sendo que os dois são fenômenos que não se descolam em momento algum, ou seja, não dá para saber qual criou qual, mas enfim.
Assistir um bom filme é igual a ler um bom livro, demanda tempo e paciência, os quais nossa geração não possui mais. Assistir um filme grande então é praticamente um suplício. Aposto o que quiser, mas duvido que alguém aqui consiga assistir um filme inteiro no COMPUTADOR sem pausar e ir fazer alguma coisa pra esfriar a cabeça. Por que eu coloquei computador em maiúsculo? Foi para marcar meu raciocínio, cara, vê se pega as coisas sozinho ai. O computador é a unidade central de análise, pois é ele que lança a maior parte dos estímulos para gente e que provavelmente é o principal fator que nos tornou o que somos hoje. Por isso, defendo que o computador é uma benção e uma maldição. Ao mesmo tempo que lhe dá acesso a todas as coisas do mundo ele lhe tira a disposição necessária para desfrutá-la. Mas estou divagando. O fato é que, hoje estamos mais aptos assistir seriados e ler contos do que assistir filmes e ler romances, pelos diversos fatores que eu coloquei ali em cima.
Por isso, concluo, acredito que devemos, ao realizar “esforços” mais amplos, como ver um filme longo ou ler um livro, que nos afastemos do computador, façamos isso em um ambiente controlado, onde a tentação de atualizar seu face seja diminuída. Não carregue smartphones também, deixe de ser trapaceiro. Por isso, apesar de todos os detratores, acredito que cinemas nunca irão acabar. Não por terem uma imagem fantástica ou um som sensacional, mas por criarem um ambiente propício para pensar em apenas uma coisa: O filme.
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