Pavement

Música quinta-feira, 05 de maio de 2011

Um grupo odiado na mesma proporção em que era amado e imitado. Quando tocaram no festival itinerante Lollapalooza, antigamente a Meca das bandas independentes nos Estados Unidos, em toda cidade pela qual passava, o Pavement era alvejado por objetos jogados pelo público. Por outro ponto de vista, a critica os entupiu de prêmios, como a eleição de melhores discos do ano da revista Spin, que colocou Slanted & Enchanted, primeiro disco deles, em primeiro lugar. Detalhe: Era 1991, foi apenas o ano do lançamento de Nervermind, do Nirvana, álbum que mais tarde seria consagrado como um Sgt. Peppers dos anos 90. Os desafinados nerds do Pavement tinham derrotado Kurt Cobain

O Pavement deu motivo para esses detratores. Mesmo elaborando belas melodias, o grupo nunca desprezou um bom ruído, uma muralha de guitarras apitando com tudo fora do tom. Desafinados de propósito. Metade da discografia foi gravada de modo precário, em estúdios caseiros. Mas quem não ligava pra isso e/ou tinha tido os ouvidos amortecidos pelo incessante glom glom glom de bandas como o Sonic Youth chegava a um universo todo especial, traduzido principalmente pelas letras espertas, metade irônicas, metade sem nenhum sentido aparente de Stephen Malkmus. Ouvi-lo questionar os agudos do vocalista do Rush, Geddy Lee, em Stereo ou se derreter pelo R.E.M. em Unseen Power of the Picket Fence ainda tem tudo a ver. Formada em 1989 pelos amigos de infância Stephen SM Malkmus e Scott Spiral Stairs Kannberg, com a ajuda do baterista Steve West e o baixista Mark Ibold e um baterista de apoio, Bob Nastanovich. A banda conseguiu a façanha de, com apenas dois CDs e um grande hit, transformar-se em ícone do cenário alternativo norte-americano dos anos 90, sendo considerados um dos pilares do indie rock.

É claro que todo esse clima só deu à banda uma aura ainda mais cult, e talvez de todas as bandas dos anos 90 foi a que mais carregou essa imagem de esquisita, genialmente conturbada. Era interessante assistir as apresentações do grupo, vê-los todos vestidos como bancários, o Stephen cantarolando de olhos fechados, o decerebrado Bob Nastanovich roubando a cena algumas vezes aos berros, as duas baterias (!) tocando em uníssono. Mas não foi surpresa pra ninguém quando em 2000, depois do lançamento de Terror Twillight (Um disco em que eles brincam de distorcer os Beatles) a banda se dispersou meio que sem dar explicações. Pra dar uma ideia do clima, num show no final de 1999 Malkmus tinha umas algemas presas no microfone e explicou dizendo que aquilo “simbolizava o que era estar em uma banda esses anos todos”.

Depois disso, Stephen Malkmus iniciou sua carreira solo, Kannberg fundou o Preston School of Industry, West se dedicou ao Marble Valley e Ibold juntou-se ao Sonic Youth. Os inevitáveis lançamentos póstumos do Pavement também se acumularam: Em 2002 tivemos o documentário Slow Century, depois iniciaram-se os relançamentos em edições especiais de seus cinco LPs e enfim a coletânea Quarantine the Past: The Best of Pavement, lançada em 2010.

A banda se reuniu no final do ano passado e fez inumeros shows nessa reunião. Não há planos desses retardados senhores desafinados voltarem a gravar juntos, dizem eles, mas não é sempre que temos oportunidade de tacar umas latas de cerva ver uma “lenda” como essa no palco.

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