Por que o Loney errou ao fazer seu texto sobre As Crônicas de Artur

Livros terça-feira, 29 de outubro de 2013

No Bacon, meus caros, nem tudo são flores. As vezes nós nos estranhamos por divergimos de opinião. Normalmente deixamos nossas diferenças de lado para caminharmos juntos em direção ao arco-iris. Contudo, não posso deixar que meu colega Loney faça uma pocaria tão grande quanto falar daqueles livros e sair ileso. Por isso desafio ele para uma batalha de RBs (Redatores do Bacon). Vamos ver aqui por que diabos eu estou certo e ele está errado?

Nota do editor: Se isso virar moda, fodeu.

Para começo de conversa ele é gordo e eu não, isso já me dá a vantagem óbvia para vencer um debate. Em segundo lugar, ele é do interior de São Paulo e eu do interior de Minas. Minas é muito mais legal, tem um povo acolhedor, pão de queijo e cachoeiras. São Paulo só tem gente chata, pretensiosa e de nariz em pé e fumaça. 2 pontos pra mim.

O que meu companheiro deixou passar é a habilidade com que a série é construída. Não estou defendendo que seja uma fina peça da literatura mundial, porque não é, longe disso, entretanto os méritos do autor vão além dos colocados por ele neste sítio.

O modo como Bernard Cornwell conduz a história é muito interessante. Ciente que a história dele é apenas isso, uma história sem relação nenhuma com a realidade, o autor faz com que ela seja incrível. O modo como conduz a relação entre o “real” e o místico é fantástico. Não acho que caiba discutir se há ou não magia funcionando na história, a grande questão não é essa, e sim a importância com que esta tinha para aquelas pessoas, como ela agia no psicológico dos personagens. É aquela questão, não importa se existe ou não deus, o que conta é que as pessoas agem como se ele existisse e isso é o bastante para que haja alguma importância. Isto o autor retrata perfeitamente.

A questão do surgimento do cristianismo e da tensão com as outras religiões também é muito bem trabalhada. O livro se passa em um espaço de aproximadamente vinte e cinco anos. No decorrer da narrativa, você vai percebendo como o cristianismo vai se entranhado na sociedade deles, e vê como a influência da religião e sua ideologia modifica as relações estabelecidas ali, apesar de deixar sempre claro que a religião antiga ainda tem influência na vida das pessoas; afinal, velhos hábitos são difíceis de abandonar. O retrato dos membros de cada religião são muito interessantes: Os pagãos são orgulhosos e combativos, os cristão são “humildes” e passivos. Os pagãos usam basicamente o enfrentamento para resolver seus problemas enquanto os cristãos são ardilosos e usam jogos mentais.

Para além desta representação fiel da vida na época, Crônicas de Artur tem uma característica muito interessante: Enquanto narrativa, ele “demonstra” sutilmente como a história de Artur foi sendo escrita. Sempre quando há um elemento que diferente drasticamente da lenda tradicional, Cromwell tem o cuidado de “mostrar” como aquela versão aceita foi construída. Tomemos Lancelot como exemplo. Na lenda ele é o melhor amigo de Artur, como todo todo mundo sabe, mas aqui ele não passa de um filho da mamãe. Entretanto, Lancelot era muito rico e pagava aos menestréis para escreverem canções em seu nome, contando seus “feitos”. Como naquela época não existia referências bibliográficas, ABNT, Google, a credibilidade da fonte nunca era testada, então a história que ficou foi a história que foi contada. Eu achei uma maneira muito interessante de explicar as coisas, não deixando nada de fora e sem parecer uma muleta.

A história de Arthur é o maior mito ocidental. Acima de tudo, ela conta a origem da formação da Inglaterra moderna, o país que modificou toda a história da Europa. Tudo ali pode ser usado para entender aquela sociedade e também as que vieram depois. Se a história é real, ou não, não importa. O que Cornwell fez foi renovar o espírito do mito, e eu acho que aí ele acertou em cheio, revitalizando uma bela narrativa e trazendo para mais perto da linguagem do século XX-XXI.

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