Porque os futuros clássicos agradecem a derrota de Avatar?
Como vocês já devem ter visto aqui, a cerimônia mais injusta famosa do cinema, surpreendeu a todos dando o prêmio de melhor filme a Guerra ao Terror, um filme que custou cerca de 50x menos do que o favorito Avatar. E vocês não sabem como isso foi bom para mim o cinema.
Primeiro, Guerra ao Terror mereceu o Oscar?
NÃO.
Guerra ao Terror é o típico filme feito para você ver no Tela Quente. Muito melhor do que outros filme de ação lançados nos últimos anos (Talvez sendo exceção a Trilogia Bourne) é verdade. Porém, como é comum ao gênero, com roteiro (Cuja vitória foi uma das coisas mais escabrosas de todos os 82 anos de Oscar) e atuações fracas. E por isso mesmo, pau a pau com Avatar (Cuja falta de indicação nesses prêmios deixa ainda mais evidente). E junto à Um Sonho Possível, são os três filmes* mais fracos dentre os dez. Até o abaixo da média Um Homem Sério é mais filme. Mas enfim.
*Sim, reconheço a importância de Avatar e acho válida sua indicação a Melhor Filme. Mas nada mais do que isso. O ponto é que tirando os aspectos visuais, não há nenhuma genialidade presente na obra.
Então porque devemos agradecer a vitória deste filme (Literalmente) de DVD?
Se precisasse dar a resposta em uma palavra, ela seria: Futuro. Esqueça Guerra ao Terror, ele não tem nenhuma competência para se tornar (E não se tornará de fato) um clássico, e, em breve, será esquecido como tantos outros vencedores. O que devemos celebrar é a decisão da academia de não deixar todo o “bafáfá” (E eu não acredito que me utilizei dessa expressão) gerado por Avatar definir os rumos da indústria, uma vez que se o filme de Cameron tivesse vencido seria determinante para a tecnologia CGI tomar contar de todos os filmes. E não é “medo do futuro tecnológico” que me faz dizer isso, mas o medo de roteiros e atuações (E até mesmo direção) ficarem em segundo plano, sendo os efeitos especiais o suficiente para gerar bilheterias bilionárias. E como todos já sabem, esta já é uma tendência consolidada no cinema hollywoodiano. E este é meu medo – escancarar a, já aberta, porta para a mediocridade (Escondida sob um manto tecnológico).
Antecipando aos possíveis comentários me chamando de hipócrita, por defender, nesse caso, a vitória do também medíocre Guerra ao Terror – justifico minha defesa pela trajetória presente nos bastidores do filme. Guerra ao Terror foi uma obra independente (De apenas 11 milhões de dólares), financiado por produtores, a diretora e o roteirista, realizado por pessoas que acreditavam em seu trabalho, e que como muitas obras do gênero, foi totalmente esquecido – sendo vendido em um festival como “sobra” por míseros 1,5 milhões. Não a toa foi lançado no Brasil, no começo do ano passado, direto em DVD. Até que, por motivos midiáticos, o filme (Foi revivido) e passou a receber um gigantesco apoio da imprensa no segundo semestre de 2009, que resultou com a massacrante vitória no BAFTA e posteriormente no Oscar. É o mito de Davi, com vestes de soldado, contra o Golias azul. Uma batalha de baixa qualidade, mas que nos passou a mensagem de que nem tudo está perdido na Academia – sendo a vitória de Guerra ao Terror apenas mais um passo curto em direção ao inferno cinematográfico, e não um salto, como seria com a vitória de seu adversário direto.
De fato, no final o cinema perdeu de qualquer jeito. Uma queda esquecível porém, e que nos permite olhar para um futuro em que tudo ainda é possível (Mesmo sem CGI) – até para os pequenos. Se bem que, nesse caso, medíocre por medíocre seria mais efetivo a vitória de A Bruxa de Blair 3 Atividade Paranormal.
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