Preacher (Vertigo)
Jesse Custer seria apenas mais um padrezinho de um vilarejo esquecido em algum lugar ermo do Texas se não fosse o Gênesis. Não estou falando do prefácio da Bíblia. Gênesis é o filho de um anjo e um demônio que, de saco cheio de anjinhos tocando harpa para lá e para cá no Paraíso, resolveu fazer uma visita à Terra. E, nisso, acabou possuindo nosso amigo Jesse James Custer. Com a união dos dois, Gênesis acaba por conferir a Custer o poder de fazer com que QUALQUER pessoa o obedecesse cegamente. E é aqui que as coisas começam a ficar boas.
Se você for tanga, emo ou extremista religioso, feche agora mesmo sua janelinha do Internet Explorer 5 e vá ler o blog da Hello Kitty. Para começar, o Deus retratado na HQ é um bundão, fugitivo e egoísta, perfeitamente sincronizado com a vida real, sem nada a ver com as historinhas que te contam na Igreja. A saga de Jesse começa justamente quando ele descobre que Deus tirou umas férias do mundo sem deixar nem mesmo um estagiário tomando conta do lugar. E, como todo cabra-macho que se preze, Jesse vai atrás dele para acertar as contas.
Obviamente, dá algum trabalho procurar e brigar com uma entidade onipotente que está tentando se esconder. Por isso, Custer procura a ajuda de Tulip O’Hare (sua ex-namorada) e de Proinsias Cassidy (um vampiro irlandês) para facilitar na procura por Deus. Esses três, claro, são os personagens que mais aparecem. Afinal de contas, são os “mocinhos”.
Caro Tanguinha, permita-me explicar a situação: primeiro, gibi é Turma da Mônica, Preacher é HQ. Segundo, feio é você, a arte de Preacher é impecável. Terceiro, pesquise para saber o que é um anti-herói. Voltemos ao assunto.
Obviamente, Deus vai ficar divinamente puto com essa caçada de Jesse e vai fazer de tudo para que ele seja morto. Além de mandar organizações secretas da Igreja e mercenários, “Ele” ainda se dá ao luxo de ressuscitar um cara do séc. XIX conhecido por “O Santo dos Assassinos” para dar um fim em Custer, além de figuras como Cara-de-Cu, Daronique e Herr Starr (nome que eu adotaria se fosse um travesti alemão).
Quanto aos capangas do Preacher: Tulip O’Hare foi assassina de aluguel, mas sem muito êxito profissional. Afinal, que tipo de incompetente consegue falhar feio na primeira missão? Apesar disso, é mais macho do que muitos de vocês que lêem esse texto. Foi criada pelo pai caçando, pescando, aprendendo a usar as mais variadas armas de fogo e ouvindo histórias de guerra.
Já Cassidy é um vampiro assassino alcoólatra, viciado em heroína, ex-prostituto e desertor do exército, além de ter um interesse gritante pela ex-namorada do Jesse.
Agora, junte sangue, MUITO sangue, humor negro de primeira aos montes, atos perversos e perversões, mortes, polêmicas, críticas a uma instituição enraizada na mente popular e diálogos feitos com TESÃO, PORRA!, distribua por 66 histórias e 6 especiais e você terá uma das melhores HQs jamais criadas.
Preacher é uma ótima leitura para aqueles com um estômago forte e que não vêem problemas em ter suas crenças zoadas em nível estratosférico. Garth Ennis (roteirista) e Steve Dillon (ilustrador) fazem dos quadrinhos de Preacher uma janela para a podridão do mundo ao nosso redor.
Preacher
Preacher
Lançamento:1995
Arte: Steve Dillon
Roteiro: Garth Ennis
Número de Páginas: Varia de acordo com o volume
Editora:DC Comics, selo Vertigo
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