Punch up time, meu nego

Música segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Tem muita gente foda nessa planeta. E já teve mais. Alguns (A maioria) já morreu, mas alguns continuam por aí, uns ainda fazendo coisas fodas, outros aposentados e outros só enchendo o saco baseando-se nas coisas fodas que eles já fizeram. E tem gente foda que surge atualmente também, ainda que muitos digam que não chegam aos pés dos outros.

Não estou falando de atletas, generais e nem essa gente que é foda mesmo, seja no que for, mas gente que, num campo ou outro, usou/usa sua capacidade intelectual pra fazer coisas fodas: Gente com capacidade, cultura, conhecimento pra escrever livros fodas, cantar músicas fodas, dirigir filmes fodas, fazer shows fodas. Gente que manda bem pra caralho em alguma coisa graças à suas próprias habilidades… E às drogas.

 Alguém aí com saudades de 2009?

Antes de tudo devo deixar claro que a classificação presente de “gente foda e seus fodas trabalhos” é totalmente discutível, mas este não é o tópico aqui, então foda-se você e seu ódio por gente que sequer sabe que você existe… Pelo menos você está vivo e a maior parte deles não.

Mas deixando isso de lado, vamos ao outro parâmetro básico para este texto: Tem gente foda no mundo, e essa gente faz coisas fodas, e você, mero mortal, vê essas coisas e se impressiona. Você assiste, ouve, lê: Você consome essas coisas. Você até paga por elas. Não vamos falar sobre o fato de que várias dessas coisas é sobre gente falando sobre o quanto o capitalismo é ruim, vamos apenas apreciar a ironia. Mas enfim, tem essa gente, e essa gente faz umas coisas que te fazem pensar no quanto você desperdiça sua vida por não fazer nada parecido.

E um monte dessas pessoas usa ou usava drogas. Alguns por vício, outros recreacionalmente. Do mesmo jeito que tem gente que bebe recreacionalmente. Ou mata recreacionalmente. Ou rouba recreacionalmente. Aí está tudo bem ser socialista, o que importa é a diversão, não o lucro.

“O problema não são as drogas”. Isto não é sobre a legalização ou o tráfico ou a falta da incentivo do governo sobre o tratamento de viciados ou a polícia sentando ou deixando de sentar bala na gente da Cracolândia. O problema sequer é essa gente foda que faz coisas fodas sob a influência de drogas. Não, o problema é a galera que gosta dessa gente foda e das coisas fodas que elas fazem.

 Imagem meramente ilustrativa.

Eu sou o tipo de pessoa que gosta de serviços bem feitos. Tipo minha escova de dentes. Beijo, Daniel. E o problema em ser assim é que na maior parte do tempo você estará relativamente infeliz. Não é culpa do PT, a culpa é das estrelas nossas mães. Mas não vamos pra esse lado: Gosto de coisas bem feitas e tenho um desprezo por gente que gosta de dizer que “naquela época era melhor”. Ora, muita coisa era melhor mesmo, mas não porque tinha gente foda fazendo coisas fodas. Todo este confuso parágrafo serve pra dizer que eu não gosto de gente que baba em cima de gente foda.

Tenho problemas com fãs. “Fãs”, esse tipo de rato sem dignidade que todos nos tornamos hora ou outra. Mas o problema se intensifica quando esses ratos decidem que antigamente era melhor porque fulano tava revolucionando o pensamento mundial com sua obra, e fulano só fazia isso porque o ácido de bateria da década de 70 era mais puro que o ácido de bateria de hoje porque hoje o aditivo natural usa agrotóxicos testados em animais, em fábricas que utilizam mão de obra escrava infantil, enquanto São Paulo não tem água.

 Pilhas não inclusas.

Também não discursarei sobre a contribuição das drogas nas obras de quem as usava. Não vamos discutir o que não tem como ser discutido: Se o duende de roupa de carnaval que você viu enterrando um papagaio cegueta te inspirou à escrever uma opera rock, beleza. Já pararam pra pensar nisso? O que inspirou qualquer um a fazer qualquer coisa não importa, o resultado sim. Nunca nenhuma viagem em qualquer droga significou alguma coisa pra qualquer um que tenha entrado em contato com o acidente gerado por tal uso: Aproveite as consequências, o caleidoscópio jamais será seu.

O grande problema, como quase sempre, é a atitude dos fãs em relação à algum drogado foda qualquer, fazendo algo que, por alguns momentos, faz gente comum pensar que vale à penar estar vivo e pagar impostos nem é tão ruim assim. Isso é uma coisa incrível pra caralho: Enganar gente. Não digo isso como forma de crítica, acho legal mesmo poder causar tamanho impacto à ponto de a pessoa “esquecer” sua realidade. Faz extremo sentido essa gente dizer que música, literatura, cinema, teatro é sua droga: Significa que alguém, em algum lugar, faz algo de forma tão foda que faz com que outras pessoas se inebriem ao ponto de, por alguns momentos, serem menos miseráveis. Mas gente foda dificilmente se baseia realmente em outras pessoas fodas, então eles usam drogas artificiais mesmo: É falta de humildade, na real.

 Você aceita os Termos de Compromisso?

E falta de humildade é exatamente o grande problema que venho tentado abordar aqui há dez parágrafos: Idolatre quem você quiser, pelo motivo que quiser, e é seu direito me encher o saco até eu enfiar a mão na sua fuça. Mas teremos um problema muito maior quando a pessoa que você idolatra usava qualquer droga que for, não pela droga e nem pela obra talvez extremamente foda que ela criou ou cria ao longo da vida, mas sim porque você a acha extremamente foda porque os trabalhos fodas que ela criou não existiriam sem seringas, bongs, frascos, tubos, isqueiros, fósforos (Porque preserva o sabor) e cartões de crédito.

Sabe qual meu grande problema nessa história toda? Você não guenta essa vida.

Seu leite com pera, filho da puta do caralho.

Sexo, drogas e rock n’ roll pode ser ou não uma mentira, mas o problema não é o estilo de vida ou a necessidade bioquímica recreacional de ninguém, mas o fato de tanta gente andar por aí gritando o quanto alguma pessoa qualquer mudou o mundo enquanto tava cheirado. Não que tenha nada errado em querer enfiar sua crença estúpida na cabeça de ninguém, mas se você não dá conta do recado, você é um merda. Você não merece a reabilitação.

 Eu tinha uma piada boa, mas esqueci, então vai essa mesmo.

Não quero dizer que basta usar uma droga pra fazer algo incrível e nem que coisas incríveis existiriam sem drogas, mas quando alguém cita um rebelde qualquer eu imediatamente espero que essa pessoa tenha, no mínimo, passado por três comas alcoólicos, duas overdoses e sete ou oito prisões por porte ilegal de substâncias. Eu sequer sou puritano: Pode ser antidepressivos, tarja preta. Não precisa ser ilegal. Ilegal dá mais trabalho; você tem que saber quem vende, onde vende; tem que entender de qualidade; ilegal requer engajamento e ninguém tem tempo pra isso atualmente, então não faço questão. Mas se esforça aí. Faz um investimento, dá uma pesquisada. Chegar espalhando pra quem quiser ouvir (E, mais importante ainda, pra quem não quiser) que você baseia sua vida na carreira (Carreira, heh) de alguém e que segue os “ensinamentos” de quem quer que seja é fácil, difícil é misturar álcool, energético e GHB no seu Kapo Maçã e ir trabalhar na segunda de manhã.

Não que eu espere grandes coisas de qualquer um que idolatre alguém que fez grandes coisas, mas é uma questão de compromisso, de consistência: Se você gosta tanto, leva pra casa. Leva tudo, todos os acessórios, os livros, autógrafos, frases emolduradas, DVD ao vivo. Porque eu tenho certeza que se você consumir qualquer uma dessas coisas sob a influência do que quer que seja que a pessoa tenha usado para criá-las, a sua experiência como espectador será melhor. É uma relação direta assim mesmo: Ele usou, você usou; é tiro e queda. Porque se, no dia seguinte, você me disser que o filho da puta que morreu de overdose durante uma orgia no quarto de hotel foi um líder espiritual, político e religioso enquanto bebe café descafeinado, eu vou te atacar. Você não vai sequer terminar de proferir “meu ídolo”; eu já vou estar te deixando numa situação pior que o câncer e a AIDS te deixariam. Ou você vai me dizer que cê espera um final diferente? Pode até acontecer, mas né.

Vou tirar este último parágrafo pra falar de forma mais séria: Vai tomar no seu cu, e deixe as drogas em paz. Deixe quem as usa em paz, quem não as usa em paz, quem faz merda por causa delas ou quem faz coisas incríveis por causa delas e simplesmente vá tomar no seu cu. Assim todos podemos ser felizes tranquilos, sem ter de nos preocupar com grandes debates filosóficos acerca da liberdade individual, proibições governamentais, diferenças culturais e muito menos mérito de uma substancia qualquer na criação de alguma. Porque eu não sei vocês, mas nunca vi droga nenhuma fazer algo foda pra caralho sem ser sob a influência de alguém.

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