Putas Vomitadas
Gostamos das cores de suas roupas, do jeito delas andarem, da crueldade de certas caras. Vez por outra, vemos um rosto de beleza quase pura, total e completamente feminina. Elas levam vantagem sobre a gente: Planejam melhor as coisas, são mais organizadas. Enquanto nós vemos futebol, tomamos cerveja ou jogamos poker, elas, as mulheres, pensam na gente, concentradas, estudiosas, decididas: A nos aceitar, a nos descartar, a nos trocar, a nos matar ou simplesmente nos abandonar. No fim das contas, pouco importa; seja lá o que decidirem, a gente acaba mesmo na solidão e na loucura. Há sempre uma mulher para te salvar de outra e assim que ela o salva está pronta pra te destruir…
Reiko Ike
Reiko Ike foi uma atriz e cantora japonesa da década de 70. Um dos ícones da Pinky Violence, atuou em diversos filmes exploitation como Sex and Fury (1973), filme que é uma das inspirações de Kill Bill (A melhor colcha de retalhos já filmada).
O epítome da menina má cinematográfica exploitation, assim como Tura Satana de Faster, Pussycat, Kill! Kill! ou Pam Grier de Foxy Brown, só que muito mais escrachada (Imagine essa puta louca com uma katana nas mãos e os seios balançando enquanto decepa seus inimigos…). Iniciou a carreira atuando em filmes pornôs softcores da Toei, omitindo e falsificando a idade, pois era menor de idade. Ainda gravou alguns discos (É, esse post ainda é sobre música). Eu poderia dizer que isso é brega rasgado japonês, mas por que você não escuta e me responde por si só?
Mary Hopkin
Iniciou a carreira como vocalista em 1967 no grupo folk Selby, Set & Mary. A modelo Twiggy a apresentou a Paul McCartney depois de vê-la ganhar o concurso televisivo Oportunity Knock com a canção Turn, turn, turn. Paul abriu-lhe as portas a Apple Records (Provavelmente, Mary abriu as pernas…).
O single Those Were the Days, versão inglesa da canção russa “Dorogoi dlinnoyu”, chegou a Billboard e fez um sucesso estrondoso (Pra quem não sabe, até Silvio Santos plagiou essa música). Depois do seu casamento com Tony Visconty, Mary retirou-se da vida musical, para voltar mais tarde, sem grande sucesso. Após se divorciar em 1981, foi a vocalista da canção Rachael’s Song de Vangelis, para o filme Blade Runner.
Doris Day
Aos 12 anos, depois de ganhar um concurso de dança, foi para Hollywood. Ao voltar à Cincinnati aos 14 anos, sofreu um terrível acidente automobilístico que quase acabou com sua carreira de dançarina. Aos 16 anos, entrou na Orquestra de Les Brown. Fez dezenas de filmes, teve programa de TV, o The Doris Day Show, foi pioneira quando nos anos 70 a Doris Day Animal Foundation para proteger os animais.
Gravou canções memoráveis, como Whatever Will Be, Will Be, Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow! e Perhaps Perhaps Perhaps (Regravada pelo Cake).
Nancy Sinatra
Nancy Sandra Sinatra é uma cantora e atriz (É, antigamente essas coisas eram verdade). Filha dum tal de Frank Sinatra. Seu maior sucesso, These Boots Are Made for Walkin’“, se tornou o hino do movimento feminista. Regravou Bang Bang (Originalmente gravada pela Cher, argh) pra trilha de Kill Bill (O que a fez famosa pras novas gerações). Também são dela You Only Live Twice (Trilha do filme de mesmo nome), Something stupid (Junto com o papai) e Some Velvet Morning.
Nancy obteve sucesso apenas na Europa e no Japão. Seu único hit número um foi These Boots Are Made for Walkin’, que exibiu toda sua sensualidade. Atuou com Elvis Presley no filme Speedway, foi capa da Playboy e saiu numa ultima turnê com Clem Burke, conhecido como Elvis Ramone, ex-baterista do Blondie e dos Ramones.
Bessie Smith
Bessie Smith nasceu em 15 de abril de 1894, em Chattanooga, Tennesee. No início dos anos vinte se apresentava em Atlantic City e se tornou uma figura famosa como resultado de seu primeiro álbum em 1923, gravado pela Columbia, Downhearted Blues. A produção musical de Bessie era impressionante, recebendo colaborações de músicos como James P. Johnson, Coleman Hawkins, Louis Armstrong, Don Redman e Fletcher Henderson. Ganhou milhares de dólares por semana nos anos vinte, mas com a popularidade do swing, o blues entrou em declínio para o público nos anos trinta.
Bessie continuou cantando ao vivo e conseguiu gravar mais quatro canções devido a insistência de John Hammond durante seus seis últimos anos, antes de falecer a 26 de setembro de 1937, quando supostamente sangrou até a morte depois de uma batida de carro. Gravou mais de 160 musicas. Músicas com letras sociais e um estilo vocal bem definido fizeram de Bessie, na época, algo equivalente ao que Miles Davis representaria depois.
Billie Holliday
Billie Holliday foi a melhor cantora de jazz de sua geração e, na opinião de seus admiradores e de muitos críticos, a melhor de todos os tempos. Eleanora Holiday nasceu em Baltimore. Era chamada de Bill pelo pai, que achava que parecia com um garoto. Aos doze, já trabalhava esfregando o chão e prestando serviços num puteiro, onde ouve pela primeira vez discos de Louis Armstrong e Bessie Smith. Aos 14, já em New York, entra na prostituição e enfrenta quatro meses de cadeia por não querer satisfazer um chefe da máfia negra do Harlem.
Em 1930, auge da crise de 29, fudida e sem grana, ela vai de bar em bar pra conseguir algum dinheiro, e entra no Pod’s and Jerry’s oferecendo-se como dançarina. Um desastre. O pianista, com pena, pergunta se ela sabe cantar e Billie pede que ele toque Trav’lin All Alone. Em poucos instantes todos estão com os olhos grudados nela, que sai do bar com cinquenta e sete dólares e um emprego com salário fixo. Três anos depois, já era produzida por John Hammond e entra em estúdio pelas mãos de Benny Goodman. Cantou na orquestra de Duke Ellington, com o pianista Teddy Wilson, com Count Basie, a orquestra branca de Artie Shaw, o trompetista Buck Clayton e o saxofonista Lester Young. Desta ultima parceria, alguém escreveu que com ela “surgiu uma nova forma de poesia amorosa entre a voz humana e o instrumento musical”. Mesmo com o sucesso, ela sofreu com os excessos e o abuso de álcool e heroína (Nem nisso a loser da Amy Winehouse conseguiu ter o mínimo de originalidade).
Billie Holiday só ganhou a devida fama e respeito após sua morte, que aconteceu em 17 de julho de 1959. Para conhecer sua vida não é preciso ler nenhuma biografia, mas apenas ouvir sua voz interpretando as centenas de preciosidades que deixou gravadas.
April March
April March (Nome real: Elinore Blake) é uma cantora indiepop da Califórnia. Ela e canta em inglês e francês. Sua música mais conhecida é uma releitura da música Laisse Tomber Les Filles, de Serge Gainsbourg, lançada em 1998 como Chick Habit e incluída no disco Paris in April do mesmo ano. É um disco interessante, já que começa em inglês e depois de certa altura, ela toca todas as mesmas canções inversamente em francês. A música a fez ficar famosa após ter sido incluída na trilha de Death Proof, de 2007.
Quando criança, Elinore, ou melhor, April, tornou-se fascinada pela França, indo ao país na oportunidade de participar de um programa de intercâmbio. Atualmente, seus álbuns costumam ter músicas em francês e inglês, com fortes influências dos temas e estilos da música pop francesa dos anos 60. É incrível como ela consegue emular a atmosfera dessa época.
http://www.youtube.com/watch?v=T86YAN2T-hs
Brigitte Bardot
Bob Dylan dedicou a ela, como consta nos créditos de seu primeiro disco, a primeira música que compôs na vida. “BB” foi um dos símbolos sexuais das décadas de 50, 60, 70 e uma das presenças femininas mais espontâneas e naturais da história do cinema. Nascida Brigitte Anne-Marie Bardot, estudou balé (Vocês nem queiram saber como é bom sentir a elasticidade de uma bailarina na cama) e logo virou modelo. Casada com o diretor Roger Vadim, começou a atuar em filmes. Separou-se dele pouco depois fazer E Deus Criou a Mulher (1956). Filmou com diretores como Jean-Luc Godard e Louis Malle, e seu talento sempre foi visto apenas como sensual.
O que poucos sabem é que BB também cantou (E como). A “devoradora de homens” gravou diversos discos, mas destaco aqui o que ela gravou em 1969 junto com Serge Gainsbourg, Bonnie & Clyde, onde estava a música Je t’aime moi non plus, que havia sido composta originalmente para BB, mas, tendo medo do escândalo que a música poderia causar (E certamente causou), preferiu não lançar o dueto. Serge, por sua vez, encontrou uma substituta: A atriz inglesa Jane Birkin, que já havia causado bas-found com as cenas de nudez em Blow-Up (Filme de Michelangelo Antonioni) e com a qual foi depois casado.
http://www.youtube.com/watch?v=5Fhxvswgodg
Lydia Lunch
Lydia Koch queria ser poeta, cantora, atriz e escritora. Mas antes de tudo isso acontecer, ela fugiu de casa e foi pra New York, morou na mais profunda miséria em casas detonadas e condenadas, onde frequentemente teve que roubar comida para ela e seu amigos artistas (Também famintos). Foi quando ganhou a alcunha de Lydia Lunch.
Lydia está ligada até as tripas ao início da cena No Wave onde, junto com James Chance, formou o queridíssimo Teenage Jesus & The Jerks em 1976. A carreira solo de Lydia contou com diversas músicos e bandas de apoio, como J. G. Thirlwell, Kim Gordon, Thurston Moore, Nick Cave, Marc Almond, Billy Ver Plank, Steven Severin, Robert Quine, Sadie Mae, Rowland S. Howard, Michael Gira, The Birthday Party, Einstürzende Neubauten, Sonic Youth, Die Haut, Omar Rodriguez-Lopez, Black Sun Productions e a banda francesa Sibyl Vane. A moça ganhou nada menos que o título de uma das “10 performistas mais influentes dos anos 90” do jornal The Boston Phoenix. Destilando volúpia, sacanagem, barulhos, jazz e músicas feitas para trepar e beber, parece a trilha sonora de um bordel fudido perdido na beira da estrada… Lascivamente maravilhosa!
Beth Gibbons
Beth Gibbons nasceu em Exeter, Reino Unido, no dia 4 de janeiro de 1965. Beth tem uma voz carregada de melancolia. Beth é conhecida por ser vocalista da banda de Trip Hop Portishead. Apesar de só ter lançado 3 discos com o Porstishead (E outro com Rusty Man, Out of Season, de 2002), Beth surpreende pela interpretação contida e ao mesmo tempo furiosa, como se sua raiva espantasse sua tristeza pra longe como o vento e a brisa que levam pra longe a fumaça de um cigarro…
É impressionante vê-la cantando ao vivo, como pode uma loirinha daquelas, ter uma voz tão poderosa, que só as melhores divas do século passado tiveram, e ainda assim cantar letras tão depressivas sem parecer mela cueca ou propenso a um suicídio, doente, prestes a morrer? Tão tocante que sinto até o diabo me fazendo cócegas quando escuto…
http://www.youtube.com/watch?v=YQqGC0sSrNI
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E agora, a canção do suicídio, pra encerrar:
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