Quadrinhos Compactos – Parte II
Bom, na última coluna falei de como a arte seqüencial ganhou as páginas dos periódicos no fim do século XIX, mas perdurando até os dias de hoje, atraindo a atenção de crianças e adultos. Ou vai me dizer que você não conhece ninguém que pega o jornal e vai direto no caderno de variedades para ler as tirinhas?
Algumas das primeiras obras publicadas em tiras do século passado estão expostas no Museu de Arte de Moderna, em Nova York, e tratam-se de Little Nemo, criada em 1905 por Winsor Mccay e publicado no New York Herald e New York American. Suas histórias misturavam traços surrealistas com enquadramentos panorâmicos, geralmente tomando uma página inteira, com técnicas panorâmicas que seriam usada posteriormente no cinema.
No mesmo em que Little Nemo surgia nos jornais, o Brasil via nascer a primeira revista em quadrinhos das terras tupiniquins, O Tico-Tico, criada por Luis Bartolomeu de Souza e Silva, que apresentava-nos Chiquinho, uma cópia não autorizada do personagem Buster Brown, criado por Outcault (Autor que citei no último artigo). Mas a revista também nos apresentou outros personagens famosos nas tiras brasileiras: Reco-Reco, Bolão e Azeitona, criados pelo cearense Luiz Sá.
Além disso, foi no começo do século XIX que as tirinhas começaram a ter o formato que conhecemos hoje, com piadas apresentadas em três tempos (Quadros). Isso se deve ao fato dos jornais quererem apresentar várias histórias em pouco espaço, fazendo com que o gênero ganhasse os leitores justamente por essa simplicidade em sintetizar as histórias.
E para se ter uma idéia da importância das tiras, principalmente na década de 1920, foi nessa época que personagens de animação/cinema começaram a fazer uns “bicos” nas páginas quadriculadas. E o primeiro a se mudar foi o rato mais famoso do Mundo: Mickey Mouse de Walt Disney, em 1928. Disney não só levou Mickey para os jornais, mas também mesclou técnicas dos desenhos animados as tiras, como cortes rápidos e angulação variada, além da continuação em episódios, que hoje em dia é comum, principalmente nas HQs de super-heróis.
E por falar em heróis, é nessa mesma época que eles surgem, primeiramente nas tiras dos jornais, substituindo aos poucos os personagens infantis e familiares de traços cômicos por personagens mais realistas e suas aventuras.
Os primeiros heróis a aparecerem nas tiras dos jornais são o herói da selva Tarzan, desenhado por Burne Hogarth, e o aventureiro espacial Buck Rogers, ambos publicado em 1929. Nessa época também surgem outros personagens como o repórter Tintim, criado por Hergé (E comentado aqui), e o marinheiro Popeye.
É por essa época, a partir de 1931, que começam a surgir grandes autores como Chester Gould, que cria Dick Tracy, Alex Raymon, que dar origem a Flash Gordon e Hal Foster, que nos apresenta O Príncipe Valente.
Por essa época, a arte seqüencial era tão marcante que muitas campanhas governamentais, principalmente na época da segunda guerra mundial, utilizavam-se das técnicas dos quadrinhos para influenciar e formar opiniões dos leitores. Sendo inclusive esse o motivo que levou personagens criados para as revistas em quadrinhos e ícones da cultura pop, como Capitão América e Superman irem parar nas páginas dos jornais.
Mas por mais carismáticos que fossem os super-heróis ou por mais empolgantes que fossem suas histórias, suas tirinhas pouco a pouco foram perdendo a força e o destaque, pois o ‘encurtamento’ da história acabava muitas vezes prejudicando a narrativa. Com isso as tiras passaram a serem formadas basicamente por um único tipo: As cômicas, e até hoje percebemos isso, pois a maioria das tirinhas trabalham com o humor para criticar ou retratar o cotidiano.
E é essa vertente critica e irônica que irei abordar no próximo artigo!
Leia mais em: As Aventuras de Tintim, Buck Rogers, Capitão América, Chiquinho, Dick Tracy, Flash Gordon, Little Nemo, Matérias - HQs, Mickey Mouse, Popeye, Principe Valente, Reco-Reco Bolão e Azeitona, Superman, Tarzan, Tico-Tico, Tiras, Walt Disney