Racionalizando Mitos I – Vampiros
Ano passado, passei pouco mais de dois meses trabalhando no Conta-Gotas Trazendo À Realidade, no qual desconstruí nove personagens das HQs, tornando-os menos fantasiosos e mais compatíveis com a realidade do caráter humano. Como eu gostei de fazer o CG, resolvi voltar a fazer a mesma coisa, mas, desta vez, com cinco dos monstros mais amados da mitologia popular. Começando com vampiros, para poder avacalhar mais ainda a série Prepúsculo.
Para facilitar um tanto a minha vida, fatores considerados absurdos, alguns dos inexplicados ou de fundo metafísico serão desconsiderados (Capacidade de metamorfose, vôo, aversão a certas coisas etc.) em todos os mitos analisados (Notem que, a cada dia que passa, essa coluna fala menos de HQs e mais sobre qualquer coisa. Isso aqui tá virando o Seinfeld do Bacon, e a culpa é da falta de assunto, não me culpem). E, quase esqueço, o esquema é o mesmo do TàR: Eu faço esse post e vocês, meus três leitores (Orra, tô pior que a SE?), indicarão os outros quatro a ser abordados. Vamos começar logo com isso.
Primeiro, vamos listar as principais características dos vampiros: Palidez, aversão a alho, fraqueza a luz solar (Ou a ultravioleta), alimentação baseada em sangue (Não necessariamente humano, como mostrado em séries como Supernatural e True Blood, apesar de haver uma preferência por Homo sapiens sapiens), capacidade de caçar à noite sem ajuda de equipamento e, claro, presas.
Vamos começar do começo: Palidez. Ou, por que não, albinismo? Vampiros sempre são descritos como portadores de uma pele cadavericamente pálida (Com exceção, claro, de Blade. Mas negros podem ser portadores de albinismo, o que não exclui ele). Então, vamos associar isso ao albinismo. Albinos, como vocês devem saber, não produzem melanina, pigmento essencial para proteger e definir a coloração da pele. Por isso, só podem sair à luz do dia cobertos e usando protetor solar, para evitar queimaduras e insolação. Também podemos considerar a rara, mas existente e perigosa, urticária solar (Alergia a luz solar). A pessoa que tem a alergia fica com erupções na pele ao ser exposta a radiações ultravioleta. Além disso, a alergia é tão forte que pode atingir a partes cobertas do corpo, causando uma dor excruciante, explicando a aversão dos sanguessugas ao sol.
Quanto a aversão a alho, acho que posso, sem muito medo de falha, inferir que a aversão não é ao alho, especificamente, mas a cheiros muito fortes. Alguém aí já leu o conto “A queda da Casa de Usher”, de Edgar Allan Poe? Caso algum de vocês desconheça, vou citar o que interessa: Roderick Usher, foco narrativo do conto, desenvolve “Uma agudeza mórbida dos sentidos: tolerava apenas os alimentos mais triviais; somente conseguia usar roupas de determinados tecidos; todo e qualquer aroma de flores o sufocava; a luz, por tênue que fosse, era um suplício para seus olhos; e unicamente certos sons particulares […] não lhe causavam horror”.
No conto, tal doença é hereditária (Não sei sabe se é de origem patológica, como a AIDS, ou genética). Aplicando isso ao vampiros, a teoria se encaixa bem. A hipersensibilidade dos sentidos causaria aversão a cheiros fortes, o que explicaria o ódio ao alho; visão e audição hipertrofiados permitiriam deslocamento noturno sem problemas (E, talvez, o desenvolvimento de um sonar – existem pessoas cegas que conseguem se deslocar livremente utilizando-se deste princípio). E, claro, a pele extremamente sensível seria mais uma razão para sair apenas à noite.
E a alimentação à base de sangue? Bom, existe gente que só pode comer Tic Tac, então, não vejo lá uma grande dificuldade em pensar em alguma doença que cause uma necessidade de consumir sangue, ou que faça com que o doente só possa ingerir sangue.
E as presas, bom, elas seriam simples caninos que cresceram demais. Não queiram complicar minha vida, ok?
Quanto ao envelhecimento, eles seriam como os elfos de SdA: Não envelheceriam, mas não devido à graças de Eru Ilúvatar, mas devido ao fato de não haver desgaste nas cromátides durante a divisão celular (Li em algum canto que o desgaste das crométides é que causa o envelhecimento – médicos e biólogos, me corrijam se eu estiver errado).
Saldo final: o vampiro seria um azarado albino, portador de urticária solar, que padece de uma agudeza mórbida dos sentidos, tem caninos longos e afiados e alguma desordem estomacal que rejeita qualquer alimento que não seja sangue. Ô vidinha (Eterna) de merda.
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