Santos Demônios – Parte IV
Dando seqüência, vamos falar do demônio super-herói mais conhecido do mundo: Hellboy. O personagem foi criado por Mike Mignola. O autor norte-americano já era conhecido por seu trabalho na Marvel, onde arte-finalizou títulos como Demolidor, Novos Defensores, X-Factor, Wolverine, entre outros.
Somente em 1993 o demônio do B.P.R.D. (Bureau for Paranormal Research and Defense) apareceu pela primeira vez nos quadrinhos numa obra autoral do próprio Mignola publicada pela Dark Horse.
Uma das vantagens de Hellboy sobre os demais heróis é que suas histórias são publicadas em forma de mini-séries. Ou seja, as histórias são fechadas em si próprias e muito raramente temos referências que exijam o conhecimento prévio do leitor.
A base geral que o leito sabe é que Hellboy nasceu nas profundezas do Inferno, sendo um enorme ser de aspecto diabólico, filho de um demônio com uma feiticeira. Seu nome verdadeiro é Anung um Rama, mas após ser descoberto por soldados Aliados em uma capela nas Ilhas Britânicas durante a II Guerra Mundial em 1944, ele foi “adotado” pelo Professor Trevor Bruttenholm que passou a chamá-lo de Hellboy.
O demônio havia sido invocado por Rapustin, para ajudar a Alemanha a trazer o Apocalipse para o mundo. Porém, como Hellboy tinha boa índole, ele acabou não participando dos planos de Rasputin. Desde que foi “adotado” pelo professor Bruttenholm, que criou o pequeno demônio ensinando-lhe a importância de ser humano, treinando-o para combater as forças das trevas, ganhando inclusive o “Status Honorário de Humano” concedido pelas nações Unidas em 1952.
Em suas aventuras, Hellboy faz parte do B.P.R.D. (Bureau for Paranormal Research and Defense), onde atua ao lado de seres como o meio anfíbio Abe Sapien e a pirocinética Liz Sherman. Com seus aliados, ele combate o mal ao redor do mundo, enquanto enfrenta ameaças tão diversas como vampiros, lobisomens, fantasmas, monstros, antigos deuses da noite, ladrões de túmulos, golens, e finalmente, os mais importantes dos seus inimigos: Um grupo de Nazistas (Que sobreviveu até hoje numa câmara criogênica) e o espírito imortal de Rasputin, que assombra Hellboy com revelações sobre o seu verdadeiro propósito e o seu destino de destruir o mundo que tanto ama.
Como qualquer demônio, Hellboy possui grande força e resistência, contando ainda com um fator de cura que lhe garante sobreviver até mesmo a uma rajada de metralhadora. Além disso ele tem um envelhecimento diferenciado dos humanos, ou seja, mesmo após 60 anos de combate aos “crimes sobrenaturais”, Hellboy sente-se como se poucos anos tivessem passado. Além de seus poderes naturais e da mão direita da perdição, ele ainda conta com um “batcinto” de onde retira uma série de itens que vão desde relíquias sagradas até ervas e granadas utilizadas para combater o mal. E apesar de sempre carregar um revólver, Hellboy prefere as lutas corpo-a-corpo.
A sua Mão direita da perdição é uma manopla acoplada em sua mão, feita aparentemente de pedra. Ela é bem grande e invulnerável, razão pela qual ele a costuma usar como escudo. Seu mais sinistro propósito, porém, é o de servir como chave para libertar o Ogdru Jahad (Os sete deuses do caos) de uma prisão extra-dimensional. Ao que tudo indica essa manopla teria pertencido a um dos grandes espíritos que criaram todas as coisas da terra, e foi à mão que criou o próprio Ogdru Jahad. Segundo Mignola, a mão direita foi idealizada como uma arma embutida do herói.
A primeira aparição de Hellboy ocorreu durante a Comic Con San Diego de 1993, numa história em preto e branco, com 4 páginas, escrita por John Byrne e desenhada por Mike Mignola. Na história, Hellboy enfrenta um cão sarnento que se transformava no Deus egípcio Anubis. Já sua primeira aparição ocorreu na revista John Byrne’s Nextmen #21, também em 1993.
Porém, só no ano seguinte o demônio teve sua primeira mini-série: Hellboy: Semente de Destruição, na qual o herói descobre o motivo pelo qual foi invocado por Rasputin e luta para evitar que esses planos se realizem.
E várias miniséries já foram publicadas desde 1994, todas com um clima sombrio, já que o próprio Mignola afirma buscar sua inspiração na literatura pulp como H. P. Lovecraft, além de quadrinhos clássicos de monstros, misturando tudo com um pouco de expressionismo alemão e mitos folclóricos de todo o mundo. Tanto que as construções góticas são freqüentes nas histórias de Hellboy.
Além de seu próprio universo, Hellboy participou de vários crossovers com outros universos, se encontrando com Batman, Savage Dragon, Painkiller Jane e Starman. Além dos quadrinhos, o demônio conseguiu destaque também em outras mídias, como games, animações e dois filmes para o cinema, apesar de que nessas mídias o herói segue meio que uma linha independente dos quadrinhos.
Além disso, o carisma do personagem levou o escritor norte-americano Christopher Golden a desenvolver uma série de livros com histórias do personagem, contando inclusive com algumas ilustrações de Mignola. Apesar de ter escrito seis livros com o personagem, apenas os dois primeiros foram “adotados” na cronologia oficial do personagem nos quadrinhos. Além de Golden, outros autores como Tim Lebbon, Brian Hodge e Mark Morris, entre outros, escreveram sobre o personagem.
Por fim, podemos dizer que apesar de não ter ainda 20 anos de existência, Hellboy já se tornou um personagem pop na cultura dos quadrinhos, já que referencias ao herói podem ser vistas em outras obras como Sin City, de Frank Miller, onde aparece citado em uma camiseta. O mesmo acontece no filme Dogma, onde um dos personagens aparece com uma camiseta de Hellboy.
Leia mais em: Dark Horse Comics, Hellboy, Marvel, Matérias - HQs, Mike Mignola