Saudades do Carpe Diem

baconfrito segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Uma das coisas que mais me cansa na vida como um todo é gente tirando significados, mensagens, mandamentos, leis, opiniões e segredos da casa do caralho, e usar uma obra (Qualquer tipo de obra) como o “mensageiro” do que quer que seja. Em outras palavras, gente que cria toda uma parábola acerca de qualquer coisa só para justificar uma merda qualquer me cansa. Será que não podemos apenas ter boas histórias?

 Imagem meramente ilustrativa.

Falei mais ou menos o contrário há tempos atrás, mas garanto que não é nenhuma contradição: Eu quero obras e autores que aceitem tomar a responsabilidade por alguma coisa, botar o pau na mesma, olhar feio pro resto da galera, mas quero que as obras, todas elas, sejam vistas pelo que são, e não como gigantescas metáforas existenciais feitos por gente carente de atenção, estudo e uma boa surra de pica. Porque podem ter certeza que isso é coisa de gente mal comida; homens, mulheres e indecisos.

Não estou negando nem por um momento que há obras que são mais do que aparentam. Aliás, muitas vezes estas são as melhores, e boa parte das grandes obras da humanidade são assim, mas isso não significa que todas sigam este… “formato”. E, mais importante ainda, não significa que devam seguir. A liberdade que se tem ao criar alguma coisa não se refere apenas à estilo, tema, material, muito pelo contrário: A liberdade de ir contra os limites estabelecidos, de todos os campos, é justamente uma das melhores partes. Está tudo bem em ser uma obra simples, não há nada de errado nisso.

 É, hoje tá difícil.

E, no fim das contas, a questão é uma só: Nego pira foda em cima de qualquer coisa que possa servir minimamente de bengala para uma “posição”, seja esta de estar certo, para obter alguma vantagem, só para se exibir… O motivo não importa, e nem importa a fala, o que me importa é as pessoas estragando boas obras para isso.

Eu sou do tipo de gente hipster que facilmente desiste de uma obra qualquer caso haja muito barulho ao redor dela. Não pelo barulho em si, mas se algo faz com que tanta gente faça tanta bagunça por conta de uma obra qualquer, tem alguma coisa errada, e entre ir checar e ir procurar outra coisa, normalmente fico com a segunda. Facilmente influenciável? Talvez, mas o tempo é meu e eu prefiro perdê-lo do meu jeito. Seja como for, esta é a situação: Se você me encher o saco por causa de uma obra qualquer (Seja a favor ou contra esta) eu vou me afastar dela pelo simples motivo de que ela já me cansou o suficiente.

 Um beijo pra Ully.

Eu já superei os anos 60 (Assim como todo mundo deveria); não acredito em igualdade, paz mundial, democracia e no Santos, mas eu acredito que, um dia chegaremos à um estágio em que as pessoas lerão livros, verão filmes e ouvirão música sem fantasiar em cima disso. Eu acredito num mundo em que histórias podem ser apenas histórias, sem conspirações, sem rituais satânicos, discursos sobre a mulher na sociedade moderna, provas incontestáveis de que o PT é um partido stalinista comandado pela CIA e sem pedidos de socorro em código de escravos forçados a fabricar sequências genéricas em condições sub-humanas.

Já cansei de deuses, e olha que eu nem sou ateu. Cansei também de messias, de insira-seu-antigo-dono-aqui da nova geração e de novas revelações: O Raul Gil podia bater as botas agora mesmo. Não há mais espaço para títulos, para condecorações e nomeações fajutas. Não só já deu no saco como não faz mais efeito nenhum… Porra, não faz mais efeito nenhum nem com a pirralhada que acha que o mundo foi criado dez minutos antes deles nascerem. Além de inútil fica feio, fica ridículo, e a coisa só piora quando a obra vai ser lida, vista, ouvida e até mesmo analisada: Tem que ser muito otário e burro para acreditar em propaganda enganosa em pleno 2014.

É justamente esse tipo de coisa que me faz com que as pessoas sacaneiem designs, publicitários, maketeiros e toda essa gente de humanas. Nego é ruim no que te ensina a fazer esse tipo de coisa. Porra. É outro nível de incompetência.

 Até a Fátima Bernardes saiu dessa vida, cara!

Quero poder pegar um livro, lê-lo e falar com as pessoas sobre ele normalmente, sem ouvir um manifesto existencialista sobre os direitos do animais em seguida. Quero poder aproveitar uma obra, e parte disso é a relação entre a sua experiência com a experiência de outras pessoas por isso que o clube de leitura do Bacon foi um sucesso, então por favor, POR FAVOR, parem de estragar isso aí. Ninguém te vê como mais foda, mais inteligente, mais culto e/ou mais experiente por causa disso… Quer dizer, até vê, mas olha o tipo de gente que você tá botando do seu lado (Sim senhor, senhor Olavo de Carvalho, olhei pra você agora).

Leiam, ouçam, assistam o que quer que seja, quando vocês bem quiserem, com quem vocês bem quiseres, independente do dia, da hora, do jeito, do formato, só não se deixem levar por uma eventual falha genética ou estupidez comum: Não é a sua experiência que você estraga, é a dos outros, e cedo ou tarde alguém vai fazer questão de retribuir esse favor. Aproveitem o que vocês têm e parem de viadagem, só pra variar.

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