Sete motivos pelo qual o Adam Sandler é a Globo Filmes americana

Cinema segunda-feira, 16 de março de 2015

Todo mundo conhece o Adam Sandler, aquele cara narigudo que faz uns filmes de comédia (rs) e, de vez em quando, é motivo de chacota entre goles de café Starbucks e análises da psique neo-marxista. E, claro, todo mundo conhece a Globo, e sua sucursal cinematográfica, que, de vez em quando, é motivo de chacota entre goles de café Starbucks e análises da psique neo-marxista.

 Tou cada vez melhor no fotochópes.

História rápida: Tio Sandler tem 48 aninhos, e já fez vários filmes, começando sua própria produtora, a Happy Madison Productions, que desde 1999 nos presenteia com pérolas cinematográficas, normalmente contando com o próprio tio Sandler, tio Rob Schneider, tio David Spade, tio Kevin James, tio Chris Rock e, sabe-se lá por que, a Drew Barrymore. Está tudo bem se você não reconhece nenhum deles pelo nome. Já a Globo Filmes começou um aninho antes, em 1998 coincidência? EU ACHO QUE NÃO, e desde então nos presenteia com pérolas cinematográficas, normalmente contando com o Rio de Janeiro, o Cristo Redentor, o Leblon e o grande elenco de estrelas da dramaturgia televisiva da Rede Globo. Está tudo bem, pode admitir que você conhece, não é uma vergonha tão grande assim.

E com essa introdução, vamos ao que interessa:

Ok, agora vai.

Na extrema falta do que fazer, serve

 Por uma questão de princípios, as imagens do texto não serão de nenhum filme.

Tá lá você, domingão, e diferente de mim você não tem que escrever nada. Faustão não é uma opção e nem o Rodrigo Faro, então você decide baixar um filme checar sua coletânea de DVDs comprados nas Lojas Americanas: Os lançamentos você já assistiu ou não quer nem chegar perto, tem um monte de filme bom que você já viu, mas afinal de contas você já viu, e tem aquele filme foda, mas que você não lembra o nome. Então você dá uma rolada na página procurada na sua estante e vê a Ingrid Guimarães te seduzindo alegremente ou o Adam Sandler te seduzindo alegremente. Você bufa, reclama, mas olha pra TV, checa o Feisse, pensa em fazer seu relatório pra segunda-feira e decide botar um dos dois mesmo.

Eventualmente você pode encontrar um filme bom

Agora que começamos com as piadas, vamos falar a real: De vez em quando, ambos fazem bons filmes. Não estou falando de clássicos instantâneos, técnicas revolucionárias, atuações para se aplaudir em pé e coisas do tipo, mas tem aquele filme que dá pra assistir de boa, sem sentir vergonha pelo humanidade. São poucos, é verdade, e boa parte do mérito são outros atores e um alinhamento propício pros produtores não prestarem grande atenção no filme, mas não há o que negar: Tanto tio Sandler quanto da dona Globo já fizeram uns troços decentes, goste o seu ativismo político-social ou não.

Eles só fazem dinheiro o suficiente para fazer o próximo filme

Ok, tem uns filmes bons e, vez ou outra você acaba assistindo até os ruins, mas a questão não é essa, é o público pagante. Eu sinceramente não sei que tipo de gente se digna a sair de casa para assistir um filme de qualquer um deles, mesmo que dar sorte e ver um filme bom seja uma possibilidade. É o mesmo tipo de pensamento que acaba com você passando o Ano Novo no meio da estrada pra Arraial do Cabo, enquanto tenta esquecer que o carro ferveu e ninguém tem um puto no bolso pra pagar sequer um milho cozido: Se você não aguenta a inflação, o problema é seu.

Seja como for, todo filme tem lá uma galera nos cinemas, prontas para gastar dinheiro e algumas horas de suas vidas ouvindo piadas que pode-se jurar que tinham no filme anterior também, esperando a participação do personagem da novela (Isto é, se o filme não for do próprio), contando quantas vezes você poderá ver um efeito especial ruim ou ainda se divertindo quando, no fim do filme, descobre-se que o morto não tinha morrido e que as gostosas preferem os judeus.

E aí o ciclo recomeça.

Depois de começar a assistir, a única opção é ir até o final

O ser humano é um bicho esquisito e geralmente burro, e isso se reflete naquele sentimento de obrigação moral de completar alguma coisa: Você já decidiu assistir o troço, deu play, pulou todos os comerciais do seu DVD original, passou pela introdução do filme e, finalmente, a história começou. E aí não tem mais volta. Simplesmente não dá pra sair do cinema ou desligar a TV, você tem que saber o que acontece, ou melhor, você tem que ver acontecer no filme o que você já sabe que vai acontecer. Há milênios religiões ao redor do globo mundo pregam a resignação e falham: A resposta está naquela locadora do seu bairro que milagrosamente ainda existe.

É um reencontro com velhos conhecidos

 Com tudo de errado nesta imagem, ele ainda está melhor que você.

Como já foi dito, ver um filme de qualquer um destes grandes nomes do cinema é garantia de encontrar toda a galera que você já conhece há tanto tempo e já considera pra caralho. É um meio divertido de descobrir que aquele cara que fez aquele outro papel naquela série na verdade ainda não morreu, ou ainda de ficar sabendo as tendências da moda de 2005, através da incrível máquina do tempo. É como você pode contar pros seus amiguinhos que acompanha a carreira de atores desconhecidos ou ainda que lembra exatamente quando algo ficou muito mainstream. É praticamente um serviço público de utilidade pública.

Algumas pessoas vão te olhar estranho por você não gostar deles

 A resolução dessas imagens tá me dando uma certa nostalgia da internet de anos atrás…

Cedo ou tarde na vida todo mundo acaba num táxi, num cartório, na fila do banco, esperando a próxima fornada de pães no supermercado ou até mesmo na festa de aniversário de seis meses do primo do seu cunhado, e aí vai surgir o assunto cinema. Você estará pronto para jogar Kubrick e M. Night Shyamalan na cara dos mortais, mas aí eles vão jogar a participação da Wanessa Camargo na sua. E antes de você se recuperar, aquele primo que faz escola de inglês vai te acertar com uma narração engraçadíssima de como tio Sandler foi perseguido por um animal qualquer. E quando você não aguentar mais, virá o fatality, quando trocarem o arrastapé do Jeito Moleque pela trilha sonora de 2 Filhos de Francisco.

Você pode se perder

No meio do filme, numa cena qualquer, você pode se dar conta de que o troço está melhor do que você esperava. Ou, ao final da sessão você pode sair, após ter jogado metade das suas pipocas no chão, e pensar com você de que valeu à pena pagar o ingresso. Aí, você se fodeu. Você passou a fazer parte da estatística, virou um número no meio dos parcos milhões que uma dessas porcarias quaisquer arrecada e garantiu que, uma vez mais, seus ex-amigos passem tardes de domingo comentando o quão estúpido é o cinema colorido e com som. E, nesse caso, eles estarão certos.

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