Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows)
Sherlock Holmes continua desenvolvendo novos disfarces e maneiras de ludibriar seus oponentes, enquanto seu fiel escudeiro John Watson está prestes a se casar e sair numa lua de mel dos sonhos com sua amada Mary Morstan. A única coisa que o caro Watson não contava era que seu amigo Holmes apareceria com uma nova teoria conspiratória de que o ardiloso Professor Moriarty estaria por trás de uma série de assassinatos, que visam desestabilizar a paz mundial. Quando a amiga Irene Adler desaparece, depois de prestar um serviço sujo para Moriarty, Holmes descobre que a cigana Simza pode ser a chave para desvendar todo o mistério por trás das mortes. A questão é: conseguirá Holmes superar a esperteza do terrível Moriarty?
Então, eu fui no cinema pra ver o Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras esperando apenas encontrar uma versão piorada do primeiro. Mas pra minha surpresa, o que se sucedeu foi justamente o contrário. Ou não exatamente o contrário, mas cês entenderam.
Tudo começa quando Sherlock (Robert Downey Jr.) rouba um pacote de Irene (Rachel McAdams), só pra zoar. Só que ela continua a serviço de empregadores duvidosos e o tal pacote acaba se revelando uma bomba. Não sem antes Holmes descer o cacete nos quatro capangas que escoltavam a moça. Um anúncio do que estaria por vir. Se o filme anterior nos mostra uma versão um tanto quanto exagerada do detetive dos livros, agora ele virou quase uma caricatura de si mesmo. E mais próximo de um herói de ação do que um detetive propriamente dito, a principio. E incrivelmente isso não é necessariamente ruim. Só demora um pouco pra se acostumar. Mas enfim, Holmes e Irene continuam no jogo de gato e rato do outro filme, quando descobrimos que ela estava a serviço do tal de Professor Moriarty (Jared Harris). Que abruptamente acaba com o romance dos dois, de uma forma que não será detalhada por aqui.
Logo, Watson (Jude Law) retorna de sabe-se lá onde, pra encontrar um Holmes mais isolado e aparentemente psicotico do que nunca, obcecado por vários assassinatos, explosões e atentados pelo mundo, que ele acredita estarem ligados ao mesmo Professor Moriarty. Mas Watson está prestes a se casar e não quer mais saber de investigações e tudo o mais. Mesmo assim, ele obviamente acaba sendo arrastado pra dentro da situação, junto com a cigana Simza, cujo irmão desaparecido possui ligações com um grupo anarquista francês controlado pelo vilão. E então os três partem pela Europa pra descobrir e impedir os planos do Moriarty.
A primeira coisa que dá pra perceber no filme é uma marca mais forte do Guy Ritchie. Tá tudo mais dinâmico, as cenas de ação tão excelentes e o humor ainda mais pronunciado. Tudo embalado por outra grande trilha do Hanz Zimmer, combinando perfeitamente com o estilo do diretor. Parece que Hollywood finalmente tá aprendendo a fazer sequencias. Mesmo entre as várias lutas e explosões, o relacionamento a parceria de Holmes e Watson tá melhor do que nunca. Coisa que percebe-se principalmente na transição de momentos engraçados pra os sérios/tristes. É incrível como o Robert Downey Jr. consegue, só mudando de expressão, dar credibilidade às cenas que exigem mais profundidade.
O mesmo acontece com o Professor Moriarty. Apesar de eu achar que ele saiu das sombras muito cedo pra um gênio do mal, e os seus motivos finais um tanto quanto enfadonhos, o Jared Harris nos convence perfeitamente de toda a arrogância e frieza do vilão. Porra, o confronto final entre ele e Holmes é sensacional. Depois de vermos por várias vezes como o detetive está vários passos a frente de seus oponentes, com aquela montagem bacana dele prevendo os movimentos do adversário e tal, usar o mesmo recurso numa luta imaginária pra mostrar como ambos estão no mesmo nível foi uma jogada de gênio. Que culminou com o mesmo final que Sherlock Holmes teve provisoriamente nos livros. O qual poderia ser o fim definitivo do filme, por mim. Mas blockbuster é blockbuster, sabe como é, precisa de um final feliz.
Além disso, fomos apresentados aos novos coadjuvantes, que cumprem muito bem com seus respectivos papeis. Principalmente Mycroft (Stephen Fry), o irmão de Sherlock. A única que deixou a desejar foi a cigana, que ficou meio indefinida e não serve pra nada no filme. Claro, a história depende dela, mas pro espectador, fica a impressão de que qualquer um poderia estar na mesma função.
Mesmo que as vezes Holmes pareca uma especie de super-herói, e com a inconstância da deficiência de Watson (Numa hora ele manca, noutra ele corre e pula normalmente), o filme empolga do inicio ao fim. Com algumas cenas memoráveis, como a perseguição na floresta, as cavalgadas com os ciganos e o já mencionado final. Tudo apoiado pelo uso mais acentuado (E acertado) de narrações, flashbacks e câmera lenta, demonstrando uma segurança maior do diretor com a franquia. E com personagens mais bem construídos do que os que costumamos ver nesse tipo de filme. Ou seja, enquanto o Robert Downey Jr. aguentar, que venham as sequencias.
Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras
Sherlock Holmes: A Game of Shadows (129 minutos – Ação)
Lançamento: Estados Unidos, 2011
Direção: Guy Richie
Roteiro: Michele Mulroney e Kieran Mulroney, baseado na obra de Sir Arthur Conan Doyle
Elenco: Robert Downey Jr., Jude Law, Jared Harris, Kelly Reilly, Stephen Fry, Noomi Rapace
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